Ricardo Divila, 1945-2020

Ricardo Divila foi personagem fundamental da grande empreitada brasileira na Fórmula 1: a equipe Fittipaldi. Projetista dos carros dos irmãos Emerson e Wilson, o engenheiro se tornou figura respeitável no paddock, trabalhando também para March e Ligier

_Projetista da Copersucar, Ricardo Divila morre aos 74 anos


Ricardo Divila nasceu em 30 de maio de 1945. Natural de São Paulo, o futuro projetista estava longe de fazer parte do núcleo do automobilismo: este ficava na Europa, que ainda tentava combinar um esporte crescente com a reconstrução do pós-guerra. Só que Divila conseguiu contato com as pessoas certas para seguir uma carreira que o levaria ao ponto mais alto do esporte a motor.
 
O paulista se formou engenheiro aeronáutico em São Bernardo do Campo. O curso implicava em conhecimentos sobre aviões, mas Divila tinha uma paixão por carros: era frequentador assíduo de Interlagos, o que levou a conhecer os irmãos Emerson e Wilson Fittipaldi na década de 1960. O estudante formado topou ajudar os futuros pilotos de F1 na preparação de bólidos para competições brasileiras. Os Fittipaldi foram tentar a carreira na F1, mas seus caminhos ainda voltariam a cruzar com o de Ricardo.
Os carros da Fittipaldi, todos projetos assinados por Divila, marcaram os anos 1970 (Foto: Getty Images)
Foi em 1973, quando Wilson pouco conseguia fazer pela equipe Brabham, que foi plantada a semente de uma escuderia brasileira na principal categoria do automobilismo. O irmão mais velho estava insatisfeito com o pouco retorno do alto investimento de competir na F1 e concluiu que, se era para gastar, faria mais sentido ter uma equipe para chamar de sua. É aí que Divila voltou a entrar em cena, projetando o primeiro carro da Fittipaldi Copersucar, que estreou em 1975.
 
Emerson Fittipaldi abraçou o projeto um ano depois, em 1976, na expectativa de apoiar voos mais altos após uma temporada de estreia sofrida. A evolução começou a vir, ainda que tímida: os carros projetados por Divila apareceram na zona de pontos aos poucos, em uma trajetória comum para equipes estreantes. Só que a Fittipaldi tinha desafios próprios: ter uma equipe brasileira enfrentando o automobilismo europeu criou desafios burocráticos e limitações técnicas não enfrentadas por rivais de F1.
 
A escuderia cumpriu papel honesto na F1 ao longo dos anos. Da prancheta de Divila saiu o F5A, que permitiu um ótimo sétimo lugar no Mundial de Construtores de 1978. Foram três pódios ao todo antes de a escuderia, já repleta de problemas financeiros no começo dos anos 1980, fechar as portas em 1982. Divila esteve presente até o fim, mas que também representaria um novo começo: valorizado, o engenheiro teve a chance de trabalhar com escuderia estrangeiras na F1.
Ricardo Divila desenvolveu forte vínculo com a Nissan na parte final da carreira (Foto: Nissan)
E foi isso que fez: Divila trabalhou com as tradicionais Ligier e March ao longo dos anos 1980, virando figurinha carimbada no paddock. Na parte final da passagem pela F1, o brasileiro teve a questionável honra de assinar um dos piores projetos da história da categoria, o L190 da Life, equipe famosa por nunca sequer passar da pré-classificação em 1990. Em defesa de Ricardo, o pouco confiável motor W12 (W mesmo, não V) é apontado como principal motivo para o fracasso. O bólido, aliás, carrega história curiosa: tratava-se de modelo originalmente desenhado para a First, equipe que tentou disputar a temporada 1989 do certame. Problemas com o crash-test da FIA, aliados à falta de dinheiro, forçaram o encerramento das atividades antes mesmo da estreia.
 
Nos anos 1990, Divila estabeleceu vínculo com a Nissan, mais especificamente com a divisão esportiva Nismo. O engenheiro conseguiu novas passagens pelo automobilismo de alto nível, agora com foco no automobilismo japonês e de endurance. Ricardo esteve presente nas 24 Horas de Le Mans de 2015, quando a Nissan investiu em um projeto na classe LMP1.

Divila deixa sua esposa, Krystina.

 

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