Em meio a dança e orquestra, Ferrari lança SF1000 com poucas mudanças no visual

A Ferrari já tem carro para a temporada 2020 da Fórmula 1. Em evento nesta terça-feira, a mais tradicional das escuderias do grid apresentou a SF1000 com poucas mudanças visuais em relação ao carro de 2019. O que mais chamou a atenção foi a barbatana na tampa do motor e chifres bem verticais acima do cockpit

Um novo ano, uma nova esperança de fim de seca em Maranello. A Ferrari, com o grande objetivo de encurtar a distância para a Mercedes e transformar os esforços na Fórmula 1 em título, aproveitou a terça-feira (11) para apresentar ao mundo seu bólido para a temporada 2020, a SF1000. O nome é alusivo aos 1000 GPs que a Ferrari vai completar em 2020 no Mundial de F1. O evento, diferente dos últimos anos, foi realizado no suntuoso Teatro Romolo Valli, em Reggio Emilia, e não em Maranello. A apresentação, contudo, foi sonolenta e arrastada, com muitos discursos antes da exibição do novo modelo.

Como todo grande evento em um teatro, a apresentação do novo carro da Ferrari começou com um breve concerto de música, com direito a participação de um coral, que antecedeu ao lançamento. A apresentação ficou por conta do piloto de testes Marc Gené e da assessora de imprensa Silvia Hoffer. A cerimônia era acompanhada de camarote pela cúpula da Ferrari, como John Elkann, Piero Ferrari e Mattia Binotto, além dos pilotos Sebastian Vettel e Charles Leclerc.

Ao longo de um discurso longo e sonolento do CEO Louis Camilleri, os convidados presentes ao teatro se levantaram. Em seguida, o dirigente deu lugar para um número circense no palco antes de Gené e Silvia voltarem à apresentação e chamarem Binotto, chefe da equipe italiana. Só então é que o novo carro finalmente foi apresentado ao mundo. Com pintura praticamente idêntica à do ano passado, fosca, mas com detalhes alusivos à bandeira da Itália, a SF1000 foi revelada, chamando atenção para a barbatana na tampa do motor e também chifres bem verticais acima do cockpit.

Ferrari SF1000 foi revelada nesta terça-feira em Reggio Emilia (Foto: Reprodução)
Apesar das semelhanças visuais em relação à SF90, Vettel deixou claro: a SF1000 é um carro bem diferente internamente. “Há muito trabalho por trás do carro. Gostei muito. Já o vi antes e ver as diferenças em relação à aerodinâmica do ano passado é impressionante. Não é fácil, tudo está bem compacto. Estou ansioso para pilotá-lo, mas creio que é fantástico. Algo mais vermelho que a SF90”, contou.
 
Em sua sexta temporada pela escuderia de Maranello, Vettel mostrou todo seu apreço pela Ferrari e também pela Itália como um todo. “Já me sinto um pouco italiano. Como muita comida italiana, gosto do seu povo e da cultura italiana. Tenho grande paixão pela Ferrari. A Ferrari escreveu grande parte da história italiana”, comentou o tetracampeão, que está no seu último ano de contrato com a equipe.
 
Quando falou a respeito das perspectivas em relação ao novo carro, Seb preferiu aguardar. “É impossível prever. Há muito esforço por trás do carro, e acho que é um passo à frente. Todo mundo da equipe se comprometeu muito. Ainda há pessoas que estão melhorando-o na fábrica. Isso é parte da aventura, é preciso ser paciente”, completou.
Vettel e Leclerc vão pilotar a nova Ferrari SF1000 em 2020 (Foto: Reprodução)
Leclerc, que chega a 2020 cheio de moral por conta do contrato renovado até 2024 com a Ferrari, se considera mais forte e bem preparado em todos os aspectos. 
 
“O foco da temporada é um pouco diferente. Conheço a equipe e também o carro, porque, ainda que seja novo, é uma evolução do carro do ano passado. Me sinto mais preparado para este ano, conheço o pessoal. É um grande desafio e mal posso esperar para entrar no carro”, comentou.
 
“Eu me preparei fisicamente nas montanhas e, psicologicamente, a preparação foi parecida com a do ano passado. Trabalhei duro com a equipe e também tentei aprender com os erros do passado para ser um melhor piloto neste ano”, concluiu o monegasco.
Chefe da Ferrari pelo segundo ano, Binotto falou sobre o fator histórico que cerca 2020 para a escuderia.
 
"Apresentar um carro novo sempre é uma emoção. Toda vez que desenvolvemos um novo projeto, a emoção é repetida. Neste ano, celebramos dois eventos importantes, que são os 70 anos da Fórmula 1 e a milésima corrida da Ferrari. Estivemos aqui desde o início. É algo incrível que nos deixa orgulhoso. É o nosso 66º carro, e continua a representar os valores da Ferrari. Também estamos desenvolvendo o carro de 2021 com um grupo jovem que segue aprendendo com os erros, mas em um lugar onde coloco confiança", disse.
 
"Consideramos que era necessário deixar o carro leve e focar em elementos que nos permitem correr bem em todos os circuitos. O regulamento de 2020 antecede o que será uma revolução na F1, então não poderíamos simplesmente inverter tudo neste ano. Existem escolhas que podem soar parecidas com as da SF90, mas não é em muitas maneiras. Fizemos tudo em relação ao downforce e o consumo, mas sem negligenciar o motor, que no ano passado não nos satisfazia em relação à confiabilidade", acrescentou.

Novo ano, velho objetivo

O grande objetivo da Ferrari para 2020 não pode ser outro além de entender o desempenho errático do SF90, de 2019. O modelo, por mais que tenha permitido atuações bastante dignas em treinos classificatórios, era sempre uma caixinha de surpresas aos domingos.

Houve vezes em que o ritmo era surpreendentemente bom, vide o GP de Singapura, mas via de regra o carro ficava bastante atrás da Mercedes ou até mesmo da Red Bull. Não é exagero dizer que o que impediu um ano ainda menos decepcionante foi o motor, considerado o mais potente da F1 atual.

Eis a nova Ferrari SF1000 para a temporada 2020 do Mundial de F1 (Foto: Reprodução)
Um outro aspecto, mas que ainda não dá para saber se será positivo ou negativo, é a dupla de pilotos. Sebastian Vettel e Charles Leclerc formaram uma parceria das mais fortes dos últimos tempos em Maranello, mas entraram em rota de colisão mais vezes do que o aceitável. Intrigas como as do GP do Brasil, de Singapura e da Rússia criaram uma tensão capaz de afetar seriamente as chances de título dos ferraristas em 2020.
 
Mattia Binotto, partindo para o segundo ano como chefe da escuderia, segue pregando que a união dos aparentes rivais vai se tornar benéfica em algum ponto. O que se sabe é que o mercado de pilotos vai virar assunto em algum momento do ano, já que Vettel entra no último ano de contrato. Ainda não há sinais de renovação no horizonte.
 
Uma possível conquista no Mundial de Construtores seria a primeira desde 2008, quando a Ferrari derrotou a McLaren, mesmo com Felipe Massa levando a pior contra Lewis Hamilton. No Mundial de Pilotos, a seca é ainda mais acentuada e já dura desde 2007, quando Kimi Räikkönen saiu campeão.

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