Peterhansel abre Dakar como favorito, mas esquadrão 4×2 surge como ameaça real em 2013

Stéphane Peterhansel e Jean-Paul Cottret são, obviamente, favoritos ao título do Dakar na competição dos carros. Contudo, não dá para descartar os buggies de Nasser Al-Attityah e Carlos Sainz, o imponente Hummer H3 de Robby Gordon e tampouco o protótipo Chevrolet, pilotado por Éric Vigouroux. Guilherme Spinelli tem boas chances de obter outro top-10

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Uma nova era está para começar no maior rali cross-country do mundo, o Dakar, que será disputado entre 5 e 20 de janeiro, entre Lima e Santiago. Bem diferente do que aconteceu nos últimos quatro anos, pela primeira vez uma equipe de fábrica abre a prova com seu favoritismo em xeque. Se entre 2009 e 2011 a Volkswagen brilhou com os lendários Race Touareg e a Mini chegou à vitória com Stéphane Peterhansel e Jean-Paul Cottret no parrudo All 4 Racing, desta vez muitos outros candidatos aparecem com força para destronar o império da equipe alemã X-Raid.

Com a saída da Volkswagen do Dakar — a montadora direcionou seus esforços para o projeto do WRC, cuja estreia oficial acontecerá no Rali de Monte Carlo, a partir de 15 de janeiro —, a Mini, de propriedade da BMW, brilhou em 2012, levando a lenda Peterhansel ao seu histórico décimo título da competição. Título que veio até com folga, tendo o colega de X-Raid Nani Roma e seu navegador, Michel Périn, completando a dobradinha da Mini.

Cottret e Peterhansel seguem favoritos no Dakar, mas terão grandes rivais pela frente a partir de sábado (Foto: X-Raid)

Mas a Mini não terá vida mansa em 2013, mesmo levando um esquadrão para a América do Sul. Além de Peterhansel-Cottret no carro 302 e Roma-Périn, no 305, a escuderia alemã terá a dupla russa Leonid Novitskiy e Konstantin Zhiltsov, os experientes Krzysztof Holowczyc e Filipe Palmeiro, o duo alemão Stephan Schott e Holm Schmidt, além do chileno Boris Garafulic, que terá ao seu lado o navegador francês Gilles Picard, bicampeão do Dakar. Orlando Terranova e Paulo Fiúza também integram a X-Raid, mas a dupla luso-argentina disputará a prova com um BMW X3 CC.

São muitos os capazes de desbancar o ligeiro favoritismo da Mini. E, em quase sua totalidade, algo em comum: a tração traseira (4×2). Nesta configuração, os carros se tornam mais baratos, leves, ágeis, além de o regulamento do Dakar permitir um sistema de controle de pressão dos pneus capaz de compensar a falta de tração 4×4 em trechos pesados, como dunas.

Neste time, o grande destaque é a reedição outrora improvável de um timaço mais do que vencedor no Dakar. Apaixonado pelo maior rali do mundo e campeão com a Volkswagen em 2011, Nasser Al-Attiyah liderou um projeto inovador: um buggy 4×2 construído e desenvolvido nos Estados Unidos.

Com o patrocínio da Red Bull, Nasser, medalhista olímpico em Londres, foi atrás do seu parceiro e antigo rival nos tempos de Volkswagen: Carlos “El Matador” Sainz, além dos navegadores Timo Gottschalk e Lucas Cruz. Mas, diferente dos últimos anos correndo com Touareg, as duplas foram invertidas: Nasser correrá ao lado de Cruz; Sainz, ao lado do alemão Gottschalk.

Lucas Cruz, Carlos Sainz, Timo Gottschalk e Nasser Al-Attiyah vão correr de buggy o Dakar 2013 (Foto: Divulgação)

A favor do chamado Qatar Red Bull Team pesa a competência das duas duplas. Nasser, por exemplo, recebeu da organização o número 300, que seria, em teoria, destinado ao campeão. Contra a equipe catariana, pesa a pouca quantidade de testes e, principalmente, o fato de não ter disputado nenhuma competição oficial. Assim, Nasser e Sainz vão ao Dakar às escuras, sem saber o nível do buggy em comparação com os outros rivais na América do Sul.

Quem volta ao Dakar em 2013 é o rapidíssimo, polêmico e folclórico Robby Gordon. Inscrito com o número 315, o norte-americano retorna ao Dakar disposto a desafiar Peterhansel e deixar para trás a controversa desclassificação na edição 2012 por conta de irregularidades no seu carro: o Hummer H3, igualmente de tração traseira. Ao lado do compatriota Kellon Walch, Gordon volta ao Dakar falando grosso e confiante nas capacidades do imponente Hummer de triunfar em janeiro. Diferente dos buggies de Al-Attiyah e Carlos Sainz, Gordon conta com um carro bastante desenvolvido e certamente melhorou muito o H3 depois das constantes falhas no Dakar 2012.

A essa lista dos desafiantes ao reinado da Mini no Dakar, é preciso incluir um nome até então pouco comentado. Éric Vigouroux, francês de 47 anos e radicado na Califórnia, apareceu como postulante ao título depois de triunfar, até com certa facilidade, no Rali do Marrocos, a última grande competição antes do Dakar. Experiente, o piloto comanda o desenvolvimento de um protótipo 4×2 da Chevrolet. O bólido se comportou muito bem no Saara marroquino, terreno muito semelhante ao que será enfrentado pelos competidores no Dakar sul-americano. Rápido e constante, o carro norte-americano se mostrou tão capaz de lutar contra a Mini que derrotou com sobras Nani Roma, segundo colocado no Rali do Marrocos.

No meio do esquadrão de tração traseira, três carros 4×4 podem, tranquilamente, entrar no rol dos candidatos, pelo menos a uma vaga no top-10 do Dakar. A começar pelas Toyota Hilux da equipe Overdrive. O líder do time é o sul-africano Giniel de Villiers, campeão do Dakar em 2009 — pela Volkswagen —, que pilotará o bólido de numeral 301 ao lado do inseparável navegador alemão Dirk von Zitzewitz. A dupla terminou a edição passada em terceiro, duas posições à frente do surpreendente argentino Lucio Álvarez, que volta à prova disposto a manter uma boa posição no grupo dos dez primeiros ao lado de Bernardo Graue. Missão dificílima, mas Álvarez já mostrou que é totalmente possível.

Mitsubishi ASX: o carro de Spinelli e Haddad no Dakar 2013 (Foto: Divulgação/Mitsubishi Brasil)

E, por fim, cabe um destaque especial à principal dupla brasileira inscrita no Dakar. Guilherme Spinelli e Youssef Haddad voltam à prova bem mais forte: primeiro, pela consistente participação no Rali dos Sertões, onde o duo da Mitsubishi Petrobras ficou atrás somente de Peterhansel e Cottret; segundo, por contar com um carro novo e que, a julgar pelo bom resultado na estreia, é muito bem-nascido. Depois de vários anos correndo com o Lancer, desta vez Spinelli e Haddad vão competir com o novíssimo ASX, preparado pelo experiente Thierry Viadot. O bólido, que conta com um potente motor Aston Martin V8, venceu uma especial e terminou o Rali do Marrocos em uma ótima terceira colocação.

Contudo, Spinelli deixa claro que o ASX é um projeto de longo prazo e que levará tempo a ser desenvolvido a ponto de lutar pelas primeiras colocações no Dakar. Ainda assim, o experiente carioca, tetracampeão do Sertões, acredita que será possível melhorar sua nona colocação, obtida no Dakar de 2011.

Ao todo, 143 carros fazem parte da lista prévia de inscritos para o Dakar 2013. Essa relação, no entanto, inclui os UTVs, que foram incluídos na competição e farão parte da classe T3. Diferente do que acontece no Rali dos Sertões, que compreende os UTVs como uma modalidade relacionada ao motociclismo, no Dakar, ela fará parte da competição dos carros. Competição que tem, como grande favorito à vitória, o francês William Alcaraz, campeão da categoria no Dakar 2012, chegando em 42º na classificação final.

Reinaldo Varela vai disputar o Dakar com o Commander 1000, UTV da Can-Am (Foto: Beepress)

Nos UTVs, o piloto fica livre para escolher fazer a prova com navegador ou sozinho. Alcaraz vai disputar a prova como piloto e navegador, diferente da dupla campeã do Rali dos Sertões em 2012, Bruno Sperancini e Thiago Vargas. Os mineiros contaram com a consultoria da equipe de Alcaraz e vão disputar o Dakar pela primeira vez contando com equipamento, o Polaris XP 900.

Destaque, também, para o brasileiro Reinaldo Varela, campeão mundial de Cross-Country pela classe T2 — e disputará pela primeira vez o Dakar sem navegador —, além da colombiana Martha Mariño, que vai correr ao lado do compatriota Carlos Bustamante. Martha, que recentemente disputou o Rali dos Amigos, no interior de São Paulo, vai correr com um UTV Commander da Can-Am, assim como Varela.

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