Opinião GP: Mercedes tem sorte na Hungria, mas mostra reação após ausência no treino dos novatos

É verdade que Lewis Hamilton dependeu do tempo que Sebastian Vettel e Romain Grosjean ficaram presos atrás de Jenson Button para vencer o GP da Hungria, mas isso não esconde a evolução da Mercedes com os pneus da Pirelli

A MERCEDES, HÁ UMA SEMANA, ERA O PATINHO FEIO DA F1. Enquanto as demais equipes se reuniram em Silverstone para o treino dos novatos, a escuderia alemã precisou ficar em casa, quietinha, proibida de participar da atividade por decisão do Tribunal Internacional da FIA, já que havia tomado parte de um treino secreto da Pirelli após o GP da Espanha.

E essa era a receita do fracasso da equipe germânica. Como a FIA liberou o treino dos novatos para os pilotos titulares após o fiasco do GP da Inglaterra, quando diversos pneus estouraram, então a Mercedes chegou à Hungria um passo atrás das adversárias, já que ainda não teria podido avaliar os novos compostos.

Entretanto, a equipe não se abateu. Na sexta-feira, parecia que as coisas realmente seriam difíceis. Lewis Hamilton foi apenas o sexto mais rápido nos treinos, enquanto Nico Rosberg fechou em sétimo. Apesar do desempenho ruim, havia um segredo. O time aproveitara as primeiras atividades em Hungaroring para aprender o funcionamento dos novos compostos e começar a montar a estratégia da corrida a partir daí.

No sábado, a Mercedes começou a colocar as mangas de fora.  Embora Sebastian Vettel tivesse dominado a classificação, Hamilton aproveitou o apagar das luzes para garantir a terceira pole-position consecutiva, igualando a marca de Nico Rosberg e se colocando na primeira fila do grid.

Hamilton finalmente conquistou a primeira vitória pela Mercedes (Foto: Getty Images)
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Da pole, Hamilton conseguiu manter a ponta no início da prova e se aproveitou do insosso traçado húngaro para conquistar a primeira vitória da carreira pela Mercedes. Pronto. Se não ter participado do treino dos novatos foi o pesadelo para a equipe alemã, tudo agora está resolvido com o triunfo do inglês e já é possível pensar em título!

Só que as coisas não são bem assim. É inegável que Hamilton teve um bom desempenho neste domingo, ainda mais levando em conta todo o trabalho com os pneus que a Mercedes precisou fazer no fim de semana. Mas também é verdade que o piloto precisou contar com a sorte para terminar na frente.

O diretor da Agência WARM UP e do GRANDE PRÊMIO, Flavio Gomes, afirma que Jenson Button – curiosamente antigo companheiro de Hamilton – teve papel fundamental no triunfo do compatriota, já que segurou o ritmo de Sebastian Vettel e de Romain Grosjean após a primeira parada nos boxes.

“Um cara que acabou sendo decisivo na corrida foi Button. Por ter largado com pneus médios e ter feito stints mais longos, ficou várias voltas à frente de Vettel. Foi isso que impediu o alemão de se aproximar de Hamilton”, diz o jornalista. “A diferença que na primeira parte da prova nunca foi muito maior que 2s, em determinado momento pulou para 12s. E isso Hamilton soube administrar sem ter de engolir borracha desesperadamente para fugir da Red Bull”, acrescenta.

O editor-executivo do GRANDE PRÊMIO, Victor Martins, concorda que a McLaren acabou dando uma ajudinha para o antigo funcionário. “Lewis não tinha o melhor carro. Deu uma baita sorte de, mesmo parando na volta 10 e antes que todos, se livrar de Button com facilidade. Vettel e Grosjean ficaram empacados de tal forma que a diferença de menos de 1s foi parar em 13s”, avalia.

Button deu uma bela força a Hamilton ao segurar Vettel no começo da corrida (Foto: Getty Images)

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É importante dizer, também, que a sorte de Hamilton para vencer neste domingo não tira o mérito da Mercedes em ter evoluído o desempenho com os novos pneus da Pirelli. Mesmo quando Button ficou para trás, Vettel jamais foi capaz de se aproximar do campeão de 2008, descontando apenas poucos segundos até a bandeirada.

Segundo Gomes, ainda que a Mercedes não tenha chances de lutar pelo título de 2013, o desempenho da escuderia na Hungria – onde não praticamente não deteriorou os pneus mesmo sendo um do GPs mais quentes do ano – mostrou que ela será mais vezes candidata à vitória nas próximas provas.

“Essa nova borracha foi ótima para a Mercedes. Os pneus são mais resistentes, e o carro melhorou no quesito desgaste. Os prateados vão brigar por mais vitórias neste ano. Não sei se Hamilton ainda pode entrar na briga pelo título. Mas tende a incomodar, e tem todo o direito de sonhar, não paga nada”, avalia.

Quem não teve a mesma sorte foi Romain Grosjean. Mesmo tendo o carro mais rápido do fim de semana, o piloto da Lotus não pôde brigar pela vitória porque acabou punido em duas oportunidades. Na primeira, tomou um drive-through por ter ultrapassado Felipe Massa fora da pista. Na outra, recebeu 20s de punição por um toque em Jenson Button.

Repórter do GP ‘in loco’ em Hungaroring, Renan do Couto diz que Allan McNish, que ocupou a função de piloto-comissário na Hungria, tem tendência a aplicar punições e por isso algumas decisões foram exageradas. Embora o contato com o Button realmente tenha sido ilegal.

“Allan McNish sempre foi um tanto favorável a punições. Dessa vez, o escolhido foi Grosjean, coitado”, diz o jornalista. “A primeira punição, na ultrapassagem sobre Massa, foi bem exagerada. Acho que ninguém entendeu. Nem Massa. Mas a segunda punição foi merecida. A câmera frontal mostra que Button manteve a linha enquanto Grosjean jogou o carro para cima dele. O francês admitiu que errou. Uma pena, pois ele fez um grande fim de semana”, encerra.

 
Opinião GP é o editorial semanal do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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