Acordo de Piquet com Lotus em 1988 traz representação por empresa em paraíso fiscal e "código de conduta"

O Legacy Tobacco Documents Library, site que traz documentos da indústria tabagista, revela também o acordo da Lotus com Nelson Piquet em 1988. O então tricampeão ganhava um salário três vezes maior que o de Ayrton Senna, tinha uma cláusula que lhe garantia estar sempre à frente do companheiro e era representado por uma empresa em Curaçao, paraíso fiscal


Nelson Piquet substituiu bem Ayrton Senna na Lotus a partir de 1988, tendo posição e regalias similares, maior salário e até mesmo um acordo assinado de que não poderia terminar atrás do companheiro Satoru Nakajima “em condições normais”. É o que revela o contrato do piloto com a equipe exposto na internet pela Legacy Tobacco Documents Library (LTDL), um arquivo digital de documentos da indústria tabagista criado pela Universidade da Califórnia.

Ainda, também mostra que o primeiro tricampeão brasileiro de fato colocou sua assinatura no papel – diferente de Senna, que teve um intermediário de sua empresa nas Bahamas –, mas que também teve uma companhia em paraíso fiscal que o representava. 

Acordo de Piquet com a Lotus dava regalias e garantia de que não seria superado por Nakajima (Foto: Reprodução)
Piquet assinou com a Lotus por dois anos em 5 de agosto de 1987, ou seja, durante a metade daquela temporada, quando Senna também já havia acertado sua ida para a McLaren. Nelsão fez valer sua condição de piloto de ponta e, à beira de conquistar o título, arrancou dinheiro da equipe. Enquanto Senna recebera US$ 1,5 milhão, Piquet conseguiu um salário de US$ 5 milhões – US$ 3,5 milhões vindos da escuderia e US$ 1,5 da RJ Reynolds, proprietária da marca Camel. Os pagamentos eram feitos em quatro datas. Para tal, a Lotus manteve a base do acordo com, Ayrton, dando-lhe toda a prioridade máxima e absoluta, com uma garantia extra: um código de conduta que, na prática, impedia que Nakajima terminasse uma corrida à frente do brasileiro. Satoru não tinha onde correr em 1988, mas foi bancado pela Honda, que chegou à equipe.
 
O contrato de oito páginas tinha assinaturas de quatro partes – patrocinador, equipe, piloto e a tal empresa localizada em paraíso fiscal, a Race Ace Management Corporation, em Curaçao. Piquet ainda tinha US$ 40 mil à disposição para gastos com viagens, US$ 4 mil por ponto conquistado e ganhou US$ 500 mil por ter levado o número 1 a equipe como bônus – dos quais US$ 350 mil eram oriundos da RJ Reynolds. Caso ganhasse o de 1989, a premiação era de US$ 250 mil. Nelson não tinha direito de expor seus patrocinadores no boné – que tinha a marca da Camel e da Goodyear, neste caso em pódios –, mas garantiu um seguro de vida de £ 750 mil.
Nelson Piquet durante o GP do Brasil em 1988 (Foto: Getty Images)
Assim com Senna, a Lotus impedia Piquet de praticar esportes de risco, como motociclismo ou ski. Para 1989, o salário de Piquet aumentou para US$ 5,5 milhões, como pode ser visto aqui em sua totalidade.

Um outro contrato que envolve Piquet data de agosto de 1990, quando a RJ Reynolds resolveu seguir o brasileiro, que havia deixado a Lotus no fim de 1989 sem vencer nenhuma corrida para assinar com a Benetton de Flavio Briatore. A empresa tabagista queria levar sua marca principal ao jovem time por um acordo de dois anos, pagando £ 8 milhões no primeiro ano e £ 8,8 milhões no segundo. Pelo papel, havia a exigência de que Nelson fosse o primeiro piloto, sendo que a patrocinadora pagava à equipe £ 80 mil por cada vitória sua – ou seja, acabou recebendo £ 160 mil pelos triunfos que Piquet alcançou no Japão e na Austrália. O companheiro foi Alessandro Nannini até o acidente de helicóptero que decepou a mão direita do italiano, sendo substituído por Roberto Moreno na metade de 1991. O contrato na íntegra pode ser visto aqui.
 

A RJ Reynolds queria Piquet na Benetton em 1991 (Foto: Reprodução)

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