Silêncio! O Milhão do lugar mais quieto da Stock Car: a sala dos comissários

Os repórteres do GRANDE PRÊMIO assistiram ao treino de classificação da Stock Car sob silêncio - mas não por precisarem de concentração para escrever, e sim por estarem na sala dos comissários. Por isso, tiveram a oportunidade de acompanhar como as decisões são tomadas em tempo real - e sem barulho de motor para desconcentrar

Em um ano de decisões polêmicas, a Stock Car foi elogiada pelo acerto na punição a Lucas Di Grassi na Corrida do Milhão, anunciada rapidamente e de maneira correta após uma ultrapassagem por fora da pista. Mas é inegável que, anteriormente, algumas escolhas em termos de penalizações não foram as ideias – e críticas fortes aconteceram.

Desta forma, o GRANDE PRÊMIO pensou: por que não observar como esse trabalho é feito? Com essa ideia na mente, os repórteres do site foram parar no único lugar silencioso de Interlagos durante o final de semana da Corrida do Milhão: a sala dos comissários, para assistir ao treino de classificação.

Sala dos comissários da Stock Car (Foto: Felipe Noronha/Grande Prêmio)
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O primeiro ponto é esse: silêncio. É engraçado estar em meio a carros e motores V8, daqueles bem barulhentos, e de repente não ouvir nada além de sussurros, pois é assim que as pessoas conversam na sala que observa todos os detalhes do que ocorre na pista mais famosa do país.

O que chama a atenção de cara é esse modo raro de conversar em um autódromo, local em que gritos muitas vezes substituem o tom normalde voz. Mas, logo em seguida, o que é percebido são as 12 telas colocadas em destaque na parede principal (paredes, aliás, cobertas por material de proteção sonora).

São estas telas que mostram o que comissários devem decidir em tempo real (preferencialmente). Três ficam na imagem que é mostrada na transmissão oficial do treino, duas na cronometragem, uma na linha de chegada, uma na curva do laranjinha, uma no 'S', uma fica dividida em duas, mas com ambas nos boxes, e três telas ficam divididas entre as 11 câmeras colocadas pela Stock Car em diversos pontos da pista, chegando até a 11 imagens conjuntas.

São nestas imagens que os comissários e diretores de prova ficam de olhos vidrados durante toda a hora de classificação, sem som – sons só quebram o silêncio absoluto quando é preciso autorizar a abertura (ou o fechamento) dos boxes e em caso de aviso de atraso. Nem a relatoria recebe informações em voz alta.

A área principal da sala, com o botão de autorização e o diretor de prova (Foto: Felipe Noronha/Grande Prêmio)

A primeira quebra do silêncio, aliás, veio do diretor de prova informando que um carro estava "apagado". Era o de Átila Abreu, que causou paralisação de mais de 10 minutos no treino, já que o #51 deixou vazar óleo na pista. Para encontrar os pontos em que era necessário o uso de 'Peat Sorb', a substância que absorve e seca o óleo, as câmeras agiram: os comissáriso controlavam quais pontos da pista necessitavam de um zoom nas câmeras para encontrar o óleo deixado.

Tal óleo, aliás, causou a primeira possível punição: teria Abreu planejado parar o carro para economizar combustível? Nada acabou indicando tal situação, e ele seguiu sem penalização para a corrida. Houve também análise possível toque entre o piloto da Shell e um carro da Blau, mas audíveis "foi nada, foi nada" encerraram a conversa.

O diretor de prova também é quem cuida do atraso na programação. Quando o uso do Peat Sorb demorou, um "ligeiro com isso aí" foi dito no rádio. Frases, aliás, são sempre curtas: "olha a confusão que está lá" foi outra dita em determinado momento. Apenas elas impedem o silêncio completo.

As câmeras em pontos específicos da pista em Interlagos (Foto: Felipe Noronha/Grande Prêmio)

Da "arquibancada" montada para o GP sentar e acompanhar o treino, foi possível também ver o uso do "famoso" botão de abertura e fechamento de boxes, que havia dado polêmica uma corrida antes, em Campo Grande, com o suposto erro com Rubens Barrichello, que saiu dos boxes com ele fechado, mas sem ter sido dada a luz vermelha com o uso do tal botão. Desta vez ele não causou problemas. Também foi possível analisar a posição de cadacomissário, com o diretor em frente à tela principal.

Mas, por sorte da Stock Car e da CBA, e talvez azar do GP, não houve polêmica na classificação da corrida mais importante do ano. Se tivéssemos ido no dia seguinte, porém… Mas foi possível entender o funcionamento e o material disponível para análise – que aumentou no Milhão o número de telas, por exemplo. A conclusão a ser tirada é: tempo e silêncio para que se tomem as decisões, há. Que a Stock Car siga acertando como fez com Di Grassi. A categoria precisa disso.

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