Coluna Pisando Fundo, por Renan do Couto: O que faz a CBA?

Concorde você ou não, importe-se ou não, com as medidas de Jean Todt, é preciso admitir: a FIA está trabalhando, e todos estão vendo isso. A CBA se omite e pouco faz pelo automobilismo nacional. Se é que faz

Desde que assumiu a presidência da FIA, em 2009, Jean Todt abraçou a bandeira do ecologicamente correto e do incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias. O francês, que está próximo de entrar no último ano de seu primeiro mandato, tem se mostrado preocupado com a sustentabilidade e com o futuro do automobilismo. Além disso, conseguiu o que ninguém havia conseguido: aproximar-se do Comitê Olímpico Internacional, ainda que o reconhecimento da entidade seja parcial.

A gestão de Todt é bem diferente da de seu antecessor (e principal cabo eleitoral no pleito de 2009), Max Mosley. O ex-chefe da Ferrari recriou o Mundial de Endurance, dando nova vida às corridas de longa duração, esquecidas nos 16 anos que Mosley passou na presidência – e essa é a principal maneira de se estimular o desenvolvimento de novas tecnologias, dadas as exigências desse tipo de prova.

Não é preciso muito esforço para notar o trabalho de Jean Todt na presidência da FIA (Foto: Getty Images)

No Mundial de F1, Todt encabeçou a elaboração do novo regulamento de motores da categoria, que entrará em vigor no ano que vem. Propulsores econômicos, uma maior recuperação de energia, obedecendo às tendências da moda. Porém, motores desenvolvidos a um custo elevadíssimo, o que causa preocupação.

A FIA também está dando mais incentivos às categorias de base, abraçou a F3 Europeia, lançou a F4. Por outro lado, os altos preços desses certames estão comprometendo a formação de novos talentos. E a nova F-E, destinada exclusivamente a carros elétricos, pode se tornar o grande símbolo da presidência de Todt.

Os autódromos supermodernos do Mundial de F1, por mais que sejam palco de corridas chatas, são, ao menos, seguros. Obedecem às exigências da entidade. Fora do aspecto esportivo, há o ‘Road to Safety’, projeto que promove medidas de segurança no trânsito.

Concorde você ou não, importe-se ou não, com as medidas de Jean Todt (eu concordo com algumas, discordo de outras), é preciso admitir: a FIA está trabalhando, e todos estão vendo isso.

Agora, olhemos para o automobilismo brasileiro: o que faz a CBA?

A CBA estimula o desenvolvimento de novas tecnologias? Trabalha ativamente para levantar uma categoria? Fomenta o automobilismo de base? É capaz de fiscalizar autódromos e garantir que eles sejam seguros? Negociar com políticos e defender os interesses do automobilismo? Dar um suporte decente àqueles que se esforçam para promover um campeonato?

Não. Não consegue.

O kart existe porque é auto-sustentável. Sempre vai ter gente para andar de kart, mesmo nas épocas de vacas magras. E a CBA, volta e meia, promove desserviços ao kartismo, como na homologação de motores de 2013, que resultou em uma grande guerra nos bastidores. Nenhum campeonato de fórmula se mantém. A F-Futuro, de Felipe Massa, era barata, e nem mesmo assim conseguiu sobreviver para um terceiro ano de vida. A CBA, pouco ajudou. A F3 é praticamente nula, conta com grids pequenos, carros ultrapassados e custos exorbitantes. Falta um projeto de longo prazo.

A etapa de Brasília da Stock Car escancarou a omissão da CBA (Foto: Luca Bassani)

Montadoras podem participar ativamente de uma categoria apenas na F-Truck, que só é o que é graças ao trabalho ferrenho do saudoso Aurélio Batista Félix e de sua esposa, Neusa Navarro, nos últimos 20 anos. No Brasileiro de Marcas, as fabricantes do mercado automotivo até podem atuar, porém, é uma atuação limitada. A Stock Car poderia ser algo mais próximo do que é, por exemplo, o DTM, na Alemanha, que é baseado na participação de Mercedes, de Audi e de BMW. Mas não.

Bernie Ecclestone esperneia e fala que vai tirar a F1 de Interlagos, sendo que o Brasil não tem nenhum outro autódromo capaz de receber a categoria. Nesse meio tempo, Cleyton Pinteiro sequer se envolveu com as negociações, embora exalte a importância do GP do Brasil para o esporte no país.

A CBA se omite e pouco faz pelo automobilismo nacional. Se é que faz.

Deu zebra
Os bueiros de Brasília são apenas mais uma amostra de como a CBA não parece levar o automobilismo realmente a sério. Nesta terça-feira, no GRANDE PRÊMIO, a repercussão do que aconteceu lá na capital federal continua. Aliás, tinha que ser em Brasília, uma cidade tão representativa da a falta de capacidade das autoridades brasileiras.

Só agora vem o que aconteceu na pista
31ª vitória de Cacá Bueno, a primeira como pai. Depois de enfrentar algumas dificuldades na etapa de Salvador, foi só a Stock Car retornar a um autódromo que a Red Bull retomou o domínio e conquistou mais uma dobradinha. Parece que, no momento, o time de Andreas Mattheis é o melhor da categoria. Só mesmo Ricardo Maurício e sua regularidade são capazes de acompanhar o ritmo de Cacá e Daniel Serra em 2013.

O campeonato
Cacá Bueno agora tem 97 pontos, um a mais que Maurício e três a mais que Serrinha. Thiago Camilo está um bocado mais atrás, com 78.

BMW na ponta de novo
A Audi havia vencido nos últimos dois anos no Red Bull Ring no DTM, mas é a BMW quem está ditando o ritmo na categoria em 2013. Os bávaros dominaram o pódio da etapa austríaca e retomaram a liderança do campeonato. O atual campeão Bruno Spengler é o primeiro colocado, agora, à frente de Mike Rockenfeller e Augusto Farfus. E a Mercedes continua sofrendo com seu time de novatos. Precisa comer muito arroz e feijão para, efetivamente, brigar na ponta com Audi e BMW.

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