Peterhansel vê Dakar no Peru “artificial” e lembra ‘perrengues’ na África: “Nunca dormíamos em hotel”

Maior campeão da história do maior rali do mundo, Stéphane Peterhansel observa diferenças fundamentais entre o Dakar disputado em suas origens, na África, e a versão de 2019, realizada pela primeira vez em um único país, o Peru

Stéphane Peterhansel conhece como ninguém os segredos do Rali Dakar. O francês, atualmente com 53 anos, venceu seis vezes o maior rali do mundo nas motos, competindo pela Yamaha em 1991, 1992, 1993, 1995, 1997 e 1998. No ano seguinte, migrou para os carros, conquistando três títulos com a Mitsubishi, em 2005, 2006 e 2007, tendo ao seu lado o navegador Jean-Paul Cottret. Em comum, todas as conquistas foram logradas por Peterhansel em solo africano, origem do Dakar, que via de regra terminava em Dacar, capital do Senegal.
 
A falta de segurança no fim dos anos 2000 e as ameaças terroristas na África levaram a ASO (Amaury Sport Organisation) a cancelar a edição de 2008 e levar a edição do ano seguinte para a América do Sul. Peterhansel venceu mais quatro vezes nos carros: em 2012 e 2013, pela Mini, e em 2016 e 2017, pela Peugeot. 13 títulos que lhe dão a alcunha mais do que merecida de ‘Monsieur Dakar’.
 
Em 2019, pela primeira vez o maior rali do mundo é disputado em um único país. Diferente dos últimos anos, quando o Dakar chegou a ser realizado em dois ou três países na América do Sul — Argentina, Chile, Bolívia e Paraguai já receberam o evento —, o Peru, que também já havia sediado etapas da prova, foi declarado como a única sede.
Stéphane Peterhansel ao lado de David Castera no Dakar 2019, realizado no Peru (Foto: Dakar/Twitter)

Assim, naturalmente a prova ficou mais curta em relação aos últimos anos, ainda mais quando se compara ao tempo em que o Dakar era disputado na África. Em 2001, por exemplo, foram nada menos que 20 especiais do então conhecido como Paris-Dakar, totalizando 10.600 km de trecho total — contando as especiais, que são os trechos cronometrados, e os deslocamentos. No Peru, por conta da limitação territorial, estão programadas somente 11 especiais, com trecho total de 5.600 km.

 
Peterhansel entende que o Dakar peruano é peculiarmente diferente quando se compara com as edições africanas. 
 
“Na África você começava em um ponto e terminava em outro. Aqui é um pouco mais artificial porque você começa em um lugar e faz laços. Chegamos a um bom lugar de dunas e estamos nelas há dois dias”, comentou o piloto em entrevista veiculada pelo site argentino ‘Corsa’.
 
O maior campeão da prova se refere às etapas em laço, que começam e terminam em uma cidade. A sétima especial, disputada nesta segunda-feira, é um desses exemplos, com a disputa começando e terminando em San Juan Marcona.
 
Outra peculiaridade do Dakar peruano, bem como na América do Sul como um todo, é a maior comodidade que os competidores têm na comparação com o rali em terras africanas, quando pilotos, navegadores e equipes de apoio desbravavam o Deserto do Saara passando por países como Mali, Mauritânia e Níger até a chegada à capital do Senegal.
 
“Quando o Dakar acontecia na África nós nunca dormíamos em hotel. No máximo, em um pequeno povoado. Na etapa maratona, era montada uma espécie de aldeia tuaregue no meio do nada para dormir, fazer alguns reparos, e aí continuávamos no dia seguinte”, recordou.
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