Em dia de reviravolta nas motos, Walkner aproveita azar de líderes, vence etapa dramática e assume ponta do Dakar

A décima especial do Rali Dakar nas motos foi inacreditável e colocou novamente a KTM na rota do título para manter uma dinastia que já dura desde 2001. Pilotos como Kevin Benavides, Toby Price e Joan Barreda se perderam em mais de 40 km. Adrien Van Beveren vinha para vencer a etapa e ampliar a liderança que já ostentava. Mas uma queda com apenas 3 km para o fim colocou tudo a perder. E deixou Matthias Walkner como o novo ponteiro da competição

Salta (ARG) – Belén (ARG)
Trecho cronometrado: 372 km
Percurso total: 795 km
 
No Dakar, cada dia de disputa tende a reservar grandes surpresas. Nesta terça-feira (16), a competição das motos, a mais equilibrada e empolgante da prova em sua 40ª edição, sofreu uma enorme reviravolta em razão de um erro coletivo de navegação e também de uma queda inacreditável. Kevin Benavides, que liderava a especial entre Salta e Belén, na Argentina, errou o caminho e ficou mais de 40 km perdido, longe da rota correta. Quem vinha atrás e estava marcando o piloto da Honda também errou o caminho, casos de Toby Price, Joan Barreda e Antoine Meo, todos favoritos ao título. Dentre os ponteiros, o único que não errou foi o líder geral da prova, Adrien Van Beveren, da Yamaha, que vinha para vencer.
 
Mas o francês, que caminhava para ampliar a liderança geral do Dakar e praticamente colocar a mão na taça, sofreu uma queda quando restavam 3 km para o fim. Van Beveren, que passava por um rio seco, caiu e lesionou o tórax e a coluna, além de ter fraturado a clavícula direita. Assim, quem acabou vencendo a etapa foi Matthias Walkner, que triunfou pela primeira vez no Dakar deste ano. Com o resultado e a série de azares dos rivais, o austríaco assumiu a liderança geral da prova e colocou a KTM novamente na rota do título, como já acontece desde 2001.
 
Não foi um dia fácil, definitivamente. Primeiro, porque os pilotos das motos começaram o longo deslocamento de 424 km até o início da especial, rumo a Belén, às 4h30 no horário local (5h30 de Brasília). 
Matthias Walkner é o novo líder do Rali Dakar nas motos (Foto: Red Bull Content Pool)
Para o trecho da etapa em si, que teve Antoine Meo abrindo o percurso — por ter vencido a última especial da prova —, as grandes dificuldades foram por conta da navegação em razão das densas dunas da chamada zona tucumana, chegando a 3.000 m de altitude, antes de cruzar trechos de rios secos na segunda parte da especial. O calor também foi um extremo adversário dos competidores, com a temperatura ambiente chegando aos 43ºC no sol e 38ºC na sombra.
 
Um dos competidores que enfrentou dificuldades foi Ricky Brabec. O norte-americano se perdeu duas vezes, sendo que na segunda rodou por nada menos que 3 km até encontrar novamente a rota correta, o que lhe custou 18 minutos. O piloto da equipe de fábrica da Honda aparecia em oitavo lugar na classificação geral no início da etapa.
 
Outro que também teve problemas nesta etapa e abandonou foi o estreante argentino Luciano Benavides, irmão do novo líder do Dakar e piloto da KTM. O novato, que aparecia em oitavo lugar na etapa desta terça-feira, sofreu um acidente no km 219 da especial e lesionou as costas, e por isso teve de deixar a competição. Antes de ser removido a um hospital, Luciano, de 22 anos, foi socorrido pelos espanhóis Laia Sanz e Oriol Mena, que vinham logo atrás.
 
Tudo apontava para uma vitória de Kevin Benavides, que liderou a prova com autoridade até o waypoint 6. Mas aí, o piloto da casa foi traído pelas traiçoeiras dunas de Tucumán e se perdeu por mais de 10 km. Pior foi que vários competidores ‘marcavam’ Benavides e também se perderam. Toby Price, da KTM, se perdeu completamente da rota indicada na planilha, além de Antoine Meo e Joan Barreda, todos candidatos ao título do Dakar.
Kevin Benavides sobrou perante os adversários. Até que se perdeu nas dunas de Belén (Foto: Dakar/Twitter)
Todos tiveram de dar meia volta para tentar retomar o rumo correto da especial. Mas o fato é que não só o êxito na etapa, mas no Dakar como um todo, parecia cada vez mais distante depois da especial desta terça-feira.
 
Naquele momento, quem se deu bem demais foi Van Beveren, que assumiu a liderança da especial no waypoint 7. Pablo Quintanilla, que largou na especial em 26º — depois de ter sofrido uma crise de ansiedade na oitava especial —, apareceu em segundo, enquanto Gerard Farrés Guell, que estava em décimo na etapa, pulou para terceiro ao passar pelo ponto de cronometragem a 13min07s do tempo do francês.
 
Só que tudo mudou novamente quando Van Beveren caiu ao percorrer o trecho de rio seco. E aí a reviravolta tornou-se completa. Walnker, que faz um rali dos mais regulares e sem erros, comprovou a grande prova para triunfar na chegada a Belén com tempo total de prova em 4h52min26s. O segundo colocado foi o chileno Pablo Quintanilla, enquanto Farrés Guell completou a lista dos três primeiros. Aí começaram a surgir as zebras, como José Ignacio Cornejo Flormino, que vinha em 15º na classificação geral, e terminou em quinto, atrás do experiente Juan Pedrero García e à frente do norte-americano Andrew Short.
 
Joan Barreda se colocou em 14º no geral, a 38min15 de Walkner. Kevin Benavides fechou apenas em 16º e ficou 47min35s atrás do vencedor, enquanto Toby Price fechou logo atrás, com 49min35s de atraso para Walkner. Benavides e Price alegaram erro nas suas respectivas planilhas ao percorrer a entrada do waypoint 7. O caso a ser estudado pela direção de prova do Dakar.
 

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No acumulado, se antes da especial a diferença do líder para o segundo colocado era de apenas 22s, agora o ponteiro está bem mais confortável. Walkner tem 39min42s de frente para Joan Barreda. E Benavides caiu para terceiro, mas a distância para os líderes agora disparou para 41min23s. E Farrés Guell, de nono colocado no geral, subiu para a incrível quarta posição.

Duelo argentino tem vitória de Cavigliasso. Medeiros é top-5 no geral
 
Na primeira etapa totalmente disputada em solo argentino na edição 40 do Rali Dakar, Nicolas Cavigliasso e Jeremias González Ferioli deram um show à parte. Os dois pilotos da casa travaram um grande duelo pela vitória na competição dos quadriciclos entre Salta e Belén. No fim das contas, a vitória ficou com Cavigliasso. Mas por uma margem bem pequena.
 
O novato, que venceu pela segunda vez uma especial nesta prova, terminou o percurso cronometrado em 6h35min26s, apenas 2min06s à frente do também jovem González, de apenas 22 anos, que superou o líder na classificação geral. Ignacio Casale foi o terceiro colocado, enquanto o cazaque Dmitry Shilov finalizou em quarto. Destaque, novamente, paraMarcelo Medeiros. Em um rande Dakar, o brasileiro concluiu na quinta posição.
Nicolas Cavigliasso venceu a décima etapa do Rali Dakar nos quadris (Foto: Dakar/Twitter)
A nota triste da prova dos quadris foi o acidente que tirou do Dakar o francês Simon Vitse, que venceu a última especial do rali. O piloto sofreu um acidente com apenas 20 km de especial, se lesionou e teve de deixar a competição com apenas quatro dias para seu desfecho.
 
Casale segue firme na frente, com 1h41min03s de vantagem para González Ferioli, que segue à frente do compatriota Cavigliasso. Alexis Hernández caiu para a quarta posição, mas está a apenas 7min01s de Medeiros, que subiu para a boa quinta colocação no geral.
 
Quem imagina que a próxima etapa vai ser mais fácil para os pilotos, se engana totalmente. Isso porque a quarta-feira reserva o começo da segunda etapa Maratona do Dakar. Motos e quadriciclos vão avançar de Belén rumo a Chilecito, novamente em zona de deserto e muitas dunas, o que torna a navegação novamente crucial. Para motos e quadris, vão ser 484 km de especial e 280 de trecho cronometrado. Carros e caminhões vão fazer outra rota, de Belén a Fiambalá.

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