Ao GRANDE PRÊMIO, Sergio Berti, líder da comissão Interlagos Hoje, lamentou a falta de diálogo do prefeito. “O Doria nunca nos atendeu. Toda vez que a gente chegava perto dele, em algum evento ou ocasião, ele nos jogava para falar com algum secretário. Ou do Esporte, ou o (Wilson) Poit [Secretário de Desestatização e Parcerias da Prefeitura de São Paulo], mas ele nunca nos atendeu”, explicou.
A falta de diálogo do prefeito se estendeu ao primeiro escalão depois que a comissão Interlagos Hoje, em conjunto com a Fasp e a CBA, buscou intensificar os debates para garantir que, mesmo com a privatização, o autódromo continuaria ativo.
Procurado pela CBA e pela Comissão Interlagos Hoje, João Doria não atendeu aos pedidos por audiência (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
“Até que aconteceu, no fim de novembro, a primeira votação do projeto de lei que autoriza o Doria a vender o autódromo. Só que esse projeto de lei está muito simples. Alguns vereadores com quem temos contato nos ligaram e falaram sobre essa primeira votação. Mas precisávamos discutir como o esporte seria preservado por meio de datas, pelo menos o mesmo número de datas que tivemos anteriormente, e também que o aluguel não fosse tão caro, para não viabilizar o esporte. Estávamos esperando as audiências públicas para fazer essa regulamentação”, recordou.
“Me passaram que o Doria, querendo acelerar o processo, pediu ao presidente da Câmara, Milton Leite, fazer a segunda votação já no começo de dezembro. Foi aí que nós, da Interlagos Hoje, nos mobilizamos e fomos à Câmara. E aí tiraram da pauta. Vários vereadores, que viram nossa concentração lá, nos deram apoio, passando que pudéssemos ficar muito tranquilos, que jamais seria aceita uma segunda votação sem as audiências públicas. E aí pensei: como tenho acesso muito saudável ao Poit, ao secretário Milton Flávio, e tivemos aquela conversa sobre a regulamentação, entrei em contato com eles e falei o seguinte: nem precisamos ter as audiências públicas. Vamos regulamentar isso agora. A partir daquele momento, ninguém mais nos atendeu”, declarou Berti.
A partir de então, a Interlagos Hoje decidiu, após consulta jurídica, entrar com petição por meio da Fasp junto ao Ministério Público Estadual para questionar o projeto de privatização do autódromo e, na prática, barrar a venda de Interlagos.
O prefeito Doria também não quis saber de conversa com a CBA. Diferente da Interlagos Hoje, que é uma comissão informal, a entidade é a figura jurídica mais importante do automobilismo nacional. Mas nem assim, o alcaide paulistano recebeu Waldner Bernardo, o ‘Dadai’, presidente da CBA desde março do ano passado.
Presidente da CBA, Waldner Bernardo tentou falar com Doria sobre Interlagos. Mas não foi atendido (Foto: Américo Teixeira Jr.)
“Desde que o ‘Dadai’ assumiu, a gente tem participado de todas as reuniões do movimento Interlagos Hoje, sempre tem alguém da CBA presente. E tudo o que eles [da comissão] vêm fazendo desde o ano passado, como visita aos vereadores, solicitação de audiência com o prefeito, com o governo municipal em geral, em tudo a CBA participou. O próprio Dadai solicitou algumas vezes, e as solicitações do próprio movimento eram via Dadai, para que a CBA fizesse essa solicitação de agenda com o prefeito. E o prefeito não atendeu nenhuma vez”, declarou Emerson Souza, assessor de imprensa da Confederação, ao GP.
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“Ele ignorou olimpicamente e mandava falar com os assessores, o [David] Barioni, da SPTuris. Uma coisa é mandar alguém para repetir o discurso dele. Outra coisa é ele ouvir de todo mundo qual é a situação. Coisa que ele nunca fez. Toda vez ele dava uma desculpa. Passou o ano passado inteiro, e acho que o Dadai fez umas três, quatro solicitações de audiência com o prefeito para falar sobre o assunto, formal e informalmente. E nunca foi atendido. E como ninguém foi atendido, no fim do ano as entidades tomaram a decisão. Fomos buscar outras vias”, comentou Emerson, justificando a petição impetrada pela Fasp como forma de a classe se fazer ouvir pelo executivo.
“A ideia era tentar um diálogo. E ele nunca quis ouvir. Ele não quis ouvir os argumentos de quem está do outro lado. Então a CBA deu total apoio, assim como a Fasp, a CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo), então foi feita a ação. Está todo mundo junto nessa história”, complementou o assessor.
O que diz a Prefeitura?
Ao GRANDE PRÊMIO, a Secretaria de Desestatização e Parcerias/Prefeitura de São Paulo disse que "mantém diálogo com todas as entidades que representam o esporte a motor", sem especificar, de fato, quais seriam e com quem falou. Ainda, informou que "a alienação do Autódromo de Interlagos está condicionada à imposição de restrição administrativa, destinada a proteger o espaço do Autódromo José Carlos Pace e o seu uso para a prática de esportes a motor".
"O projeto de lei que tramita na Câmara Municipal também prevê a obrigação do comprador de assumir os contratos já firmados pelo atual gestor do autódromo, respeitando as datas comprometidas", garantiu, em nota, a Secretaria/Prefeitura. "O PL [projeto de lei] ainda passará por segunda votação e o Legislativo poderá convocar audiências públicas para debater o assunto", encerrou.
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