Márquez se impõe em Le Mans, mas previsão de chuva abre possibilidades também para Ducati e Yamaha

A MotoGP viveu um sábado (18) tumultuado pela chuva, mas a bagunça não foi o suficiente para impedir Marc Márquez de conquistar sua 55ª pole-position na classe rainha do Mundial de Motovelocidade. Além do dia obviamente positivo para a Honda, Ducati e Yamaha também saem com motivos para celebrar, ao contrário da Suzuki, que não deve nem estar podendo ouvir falar nas saborosas iguarias francesas

Numa região de clima oceânico ― que é caracterizado por uma baixa amplitude térmica e alto índice pluviométrico ―, o sábado (18) foi um retrato mais do que perfeito de Le Mans. Com a temperatura variando entre 12 e 14°C e uma chuva intermitente, o clima foi um fator determinante na classificação para o GP da França. Para o bem e para o mal.
 
Depois de um quarto treino livre esvaziado em boa parte de seus 30 minutos por conta das condições irregulares do asfalto, o Q1 viu apenas uma mínima janelinha para uso dos slicks e um único piloto decidiu arriscar: Valentino Rossi.
 
A aposta do #46 se mostrou certeira na fase inicial do treino decisivo, mas, para os 15 minutos finais, a situação já tinha mudado. O multicampeão da Yamaha entrou no Q2 com os Michelin lisos, tal qual Fabio Quartararo e Maverick Viñales, mas o trio logo teve de voltar aos boxes para vestir os pneus de chuva como os demais.
 
Com uma fina garoa atingindo o circuito Bugatti, os primeiros minutos do Q2 se mostraram determinantes. Márquez aproveitou que tinha menos água acumulada na pista para cravar 1min40s952 ainda em sua segunda volta, mas , mesmo com uma queda na La Chapelle, a sexta curva do traçado, já tinha feito o suficiente para assegurar sua 55ª pole na classe rainha do Mundial, igualando a marca de Rossi e ficando atrás apenas de Mick Doohan.
Nem queda tirou Marc Márquez da pole (Foto: Repsol Honda)
A única grande mudança na primeira fila veio pelas mãos de Danilo Petrucci, que foi a 1min41s312 para superar Jack Miller por 0s054 e ficar com o segundo posto, 0s360 mais lento que Márquez.
 
“Hoje foi um daqueles dias!”, comentou Márquez. “As condições dificultaram para saber se seria melhor usar os slicks ou os pneus de chuva. Foi realmente difícil”, comentou.
 
“Na classificação, sabíamos que tínhamos de forçar na primeira volta, quando tinha menos água na pista. Com mais água, fica mais difícil”, explicou. “Fico feliz com essa pole, porque era um dia em que você facilmente poderia começar de trás se não fosse cauteloso. Agora vamos ver o que o clima fez amanhã”, concluiu.
 
Com previsão de chuva para domingo, Márquez considera que é difícil fazer apostas, mas prevê Maverick Viñales na briga pela vitória. O #12 foi muito bem ao longo dos treinos livres, mas despencou na classificação e vai largar apenas em 11º.
 
“Na chuva é sempre uma incógnita. Você sai e vai bem e depois não sabe o motivo de ir mal”, ponderou Marc. “No seco, acho que ele é o mais perigoso para a corrida, mesmo saindo em 12º, mas as Ducati são rápidas e vão fazer uma boa corrida em qualquer condição”, apostou.
 
Chegou o dia dele
 
Desde que chegou à Ducati, Danilo Petrucci vinha sofrendo com o treino classificatório. Nas quatro sessões anteriores, o italiano tinha como melhor resultado os sétimos lugares nos grids de Catar e Espanha, mas agora deu um importante passo e, pela segunda vez, vai largar à frente de Andrea Dovizioso.
 
“Estou feliz, porque finalmente conseguimos mostrar nosso potencial também na classificação e amanhã vamos começar em uma boa posição no grid”, comemorou Danilo. “Junto com meu time, nós adotamos o que foi uma boa estratégia, forçando no inicio da sessão com um pneu médio traseiro, já que as condições da pista pioraram progressivamente conforme passou o tempo”, seguiu.
Danilo Petrucci conseguiu seu melhor grid na Ducati (Foto: Divulgação/MotoGP)
“De qualquer forma, não foi fácil fazer um tempo de volta rápido: a chuva não era intensa o bastante para os pneus trabalharem perfeitamente, então foi particularmente difícil para encontrar os limites em termos de aderência, como mostram as muitas quedas que vimos”, apontou. 
 
Apesar do bom resultado, Petrucci segue com os pés no chão e focado para a corrida de amanhã.
 
“Hoje nós fizemos um bom trabalho, mas a corrida é amanhã, então precisamos ficar 100% focados”, salientou.
 
0s186 mais lento, Dovizioso vem uma posição atrás, abrindo a segundo fila. O #4 comemorou o bom resultado, mas lembrou que ainda é preciso melhorar a Desmosedici.
 
“Estou bem feliz com a quarta posição no grid, porque, levando em conta as condições de hoje, era mais fácil cometer um erro do que ser rápido”, comentou Dovi. “Foi realmente difícil encontrar o feeling certo com a moto, especialmente na segunda parte da sessão”, seguiu.
 
“Nós apostamos nossas fichas nisso e conseguimos fazer nosso tempo de volta, mas, infelizmente, a pista estava mais rápida nos primeiros minutos”, destacou. “Não pudemos fazer muitas voltas em condições verdadeiramente molhadas, então ainda temos algumas dúvidas em relação a amanhã, mas espero ter a pista seca desde o warm-up da manhã para podermos trabalhar em alguns detalhes que podem fazer uma grande diferença durante a corrida”, torceu. 
 
“Têm muitos pilotos com um ritmo forte e similar, então tudo pode acontecer amanhã, mas, com certeza, temos potencial para sermos competitivos”, completou.
 
A sorte favorece os bravos
 
Depois de aparecer como a melhor Yamaha nas primeiras provas do ano, Rossi sofreu mais em Jerez e não começou bem o fim de semana em Le Mans. Sem tempo para avançar direto ao Q1, o italiano precisava escapar da zona da degola para, pelo menos, conseguir um ponto de partida melhor para tentar uma prova de recuperação.
 
Ao cravar a estratégia de pneus na primeira fase da classificação, o #46 conseguiu exatamente isso. E, ainda que a tática não tenha funcionado na etapa seguinte, com a pista mais molhada, o piloto de Tavullia conseguiu uma boa posição, recuperando o rótulo de melhor Yamaha.
 
“Era muito importante passar para o Q2 para que a minha corrida não fosse tão difícil quanto em Jerez”, disse Rossi. “Nós vimos o radar [meteorológico], decidimos arriscar e funcionou”, explicou.
Valentino Rossi foi perfeito na estratégia do Q1 (Foto: Yamaha)
“Estou muito feliz, porque está manhã eu estava fora do Q2 e precisamos encontrar algo para melhorar nossa posição de largada. Nós fizemos uma aposta no Q1 e colocamos os slicks, e foi a escolha certa. Foi um risco, mas valeu a pena, porque não tinha muita água na pista e eu consegui passar para o Q2, o que foi muito importante”, ponderou. “Também no Q2, com os pneus de chuva no molhado, eu fui bem competitivo. Estou em quinto, mas também tenho um bom ritmo se for uma corrida no molhado amanhã. No seco, não fui muito forte ontem. Temos de tentar algumas mudanças no acerto, mas hoje não tivemos tempo para isso, então temos de esperar para ver quais serão as condições de amanhã”, apontou.
 
Conhecido por ser um ‘piloto de domingo’, Rossi é até considerado pelos rivais na briga pela vitória. 
 
“Ultimamente, me sinto melhor com a moto”, comentou.

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Mesma garagem, duas realidades
 
Enquanto Rossi acertou a estratégia, Maverick Viñales viu seu desenho tático falhar. Depois de ver o companheiro de equipe reinar com slicks no Q1, o #12 seguiu as Yamaha e foi para a pista no Q2 com o Michelin liso, mas, como viria a ficar provado depois, o erro saiu caro.
 
Parado nos melhores momentos do asfalto, Maverick fez sua melhor volta em 1min42s555, e, 1s603 mais lento que Márquez, acabou apenas em 11º.
 
“A estratégia não funcionou como o esperado, reconheceu o ‘top gun’. “Nós decidimos dar uma chance aos slicks no começo do Q2, mas começou a chover mais. Nós perdemos duas ou três voltas no momento em que a pista estava em seu melhor para marcar tempo”, relatou. 
Tática não funcionou bem para Maverick Viñales (Foto: Yamaha)
“De qualquer forma, acho que estamos indo bem neste fim de semana. Nós estamos tentando melhorar e, no molhado, melhoramos muito. No seco, sempre me senti ótimo, então é uma boa pista para nós”, avaliou. “É verdade que vou começar a corrida de 11º, mas vamos dar nosso melhor para estarmos no pódio. Nós temos confiança, porque entendo como pilotar a moto e como ser rápido. A moto, no momento, está em um bom nível. Nós ainda temos de melhorar em algumas áreas, mas estamos caminhando. Nada é impossível, então vamos forçar amanhã, dar nosso melhor, e ver o que podemos alcançar”, completou. 
 
Pequenos passos
 
Em um fim de semana em que foi assunto dentro e fora das pistas, Jorge Lorenzo conseguiu ‘falar’ onde importa e fez seu melhor grid com a Honda. Com 1min42s067, o #99 ficou com o oitavo posto e agora apenas torce por um GP em condições estáveis.
 
“Foram condições muito complicadas, especialmente na classificação de hoje. Tinha um setor que estava completamente molhado, sem aderência, e aí outros onde estava quase seco. Foi difícil ficar na moto”, reportou. “Acho que poderíamos ter conseguido uma vaga nas duas primeiras filas, mas escolhi usar o pneu macio primeiro e o médio depois. Acho que teria conseguido mais se tivesse usado o médio primeiro. Mas nós conseguimos nossa melhor posição no ano, então isso é positivo”, celebrou.
 
“Acho que estamos mais preparados do que nunca este ano. Como aconteceu no ano passado, não foi só o tanque. Foram várias coisas que pouco a pouco foram me dando. O tanque foi o que me permitiu dar o último passo. Isso é mais ou menos igual”, comparou. “Com o assento, eu estou mais cômodo, mas não tanto quanto acho que poderia estar. Não estive com a Ducati e ainda falta com a Honda. No entanto, nos falta algum outro passo para podermos aspirar a vitória ou o pódio”, reconheceu.
 
Mesmo animado com sua melhor performance a bordo da Honda, Lorenzo admitiu que ainda não está 100% fisicamente.
Jorge Lorenzo ainda não está 100% fisicamente (Foto: Repsol Honda)
“O problema que tenho agora é o escafoide, que os médicos dizem que precisa de seis meses para curar de tudo”, explicou Lorenzo. “Ainda me custa ativar o freio traseiro com o polegar, por exemplo, ou levantar a moto como eu quero”, detalhou.
 
Em um fim de semana mais positivo, Lorenzo disse não se importar se a corrida será no seco ou no molhado, desde que não seja no meio termo.
 
“Só espero que se amanhã for no seco, que seja 100%. E o mesmo no molhado. Em condições mistas, sempre que caí me machuquei muito, então, por isso, o meu rendimento é um pouco mais condicionado”, reconheceu.
 
“Não tive muito tempo no seco, mas pelo menos mostrei que progredi. Me sinto melhor, mas natural, e isso se vê no cronômetro”.
 
Deu ruim
 
Vice-líder do Mundial, Álex Rins teve um daqueles dias para esquecer. O #42 sequer passou do Q1 e vai largar apenas em 19º, atrás até de Joan Mir, seu companheiro de Suzuki. É o pior grid do espanhol desde o 20º lugar no grid de Aragón em 2017.
Alex Rins tem seu piir grid no ano (Foto: Suzuki)
“Nós tivemos um problema na classificação, e foi difícil ter uma estratégia”, comentou Álex. “Eu comecei com os pneus de chuva, aí mudei para os slicks, mas começou a chover mais, e era arriscado demais forçar”, explicou. 
 
“A sessão é curta, e o tempo acabou. Estou começando do fundo, mas vou tentar ultrapassar o máximo de pilotos possível”, avisou. “Me sinto calmo e bem nas duas condições. Vamos ver o que acontece amanhã”, concluiu.
 

O GP da França de MotoGP está marcado para o domingo, às 9h (de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO.

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