Comissário da FIM diz que Silverstone tentou sanar problemas após queixas da F1, mas “era impossível”

Comissário de Segurança da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), Franco Uncini revelou que Silverstone tentou resolver os problemas do novo asfalto após as queixas recebidas durante a passagem da F1. O GP da Grã-Bretanha deste fim de semana teve de ser cancelado por conta do acúmulo de água no circuito.

 

Durante o fim de semana do GP da Inglaterra de F1, Carlos Sainz Jr. chegou a dizer que lamentava pelos pilotos da MotoGP, já que a pista estava “tão ondulada ou até mais do que no ano passado”. 

 

“Lamento pelos caras da MotoGP que pediram por essa mudança e, provavelmente, não terão o que gostariam”, disse o piloto da Renault.

Tetracampeão da F1, Lewis Hamilton foi ainda mais incisivo em suas criticas e avaliou que o asfalto de Silverstone ficou pior do que o Nordschleife.

 

“As pessoas que eles contrataram fizeram o pior trabalho da história”, criticou o titular da Mercedes. “É a pista mais ondulada em que já andei. É mais ondulada do que Nordschleife, que tem cem anos. Está arrancando os olhos da cara”, seguiu.

 

“Fora isso, é fantástico, mas, Jesus, eles precisam contratar alguém melhor. Não sei como conseguiram fazer um trabalho tão ruim em asfaltar a pista”, completou.

 

Questionado neste domingo (26) durante uma coletiva de imprensa se entrou em contato com os responsáveis por Silverstone após as criticas feitas por Lewis Hamilton durante o fim de semana da F1, Uncini revelou que o circuito até tentou resolver alguns dos problemas. 

 

“Sim, entrei em contato, e eles tentaram resolver alguns pequenos problemas, mas, honestamente, eram tão grandes que era impossível fazer”, admitiu. “Com certeza, o sonho seria um asfalto completamente novo, mas não havia tempo hábil para fazer um novo asfalto entre a F1 e o nosso GP”, justificou.

 

Uncini ressaltou, no entanto, que tudo parecia correto durante o processo de homologação da FIM e que o asfalto se degradou no intervalo entre a inspeção e a F1.

 

“Eu vim no início, quando havia sido acabado de colocar o asfalto, no final de fevereiro, e quando fiz a inspeção parecia muito bom”, explicou Franco. “Isso foi confirmado por Cal Crutchlow, que fez o teste com a moto um mês depois. Ele disse que estava um pouco irregular, mas perfeito naquela época. E então foi descoberto durante a F1, que estava bastante irregular. A superfície se degradou de fevereiro para julho”, comentou.

 

Perguntado, então, se chegou a avaliar a pista molhada, Uncini explicou que este é um procedimento inviável. 

 

“Não existe um sistema para checarmos a pista no molhado. Nós não costumamos checar a pista no molhado. Nós costumamos checar no seco e assumimos que no molhado deve ser ok, com a drenagem correta, com a correta drenagem na lateral e a inclinação da pista em todas as áreas. Você confia na companhia que fez o asfalto, e confiamos no circuito”, apontou. “Nós só checamos se está ondulado, se tem uma boa aderência, se não está escorregadio. Nós vemos se não existe um espaço entre as zebras e o asfalto, nós checamos todas essas particularidades, mas não podemos checar no molhado, porque, um exemplo, o quanto está molhado? Como poderíamos ver se está ok ou não? Qual é o sistema para checar? O único sistema seria com a moto de MotoGP em uma pista completamente molhada. É bem impossível”, concluiu.