Na Garagem: Power passa Hunter-Reay e vence na primeira vez da Indy em São Paulo

A primeira vez da Indy em São Paulo teve chuva, brasileiro no pódio e uma disputa acirrada até os metros finais. Will Power venceu, com Ryan Hunter-Reay e Vitor Meira também no pódio

O 14 de março de 2010 ficou marcado na história da Indy. Foi a data da primeira corrida feita em São Paulo, em um traçado pouco convencional que pegava parte da Marginal Tietê e o sambódromo do Anhembi. Exatamente dez anos atrás, a categoria fazia sua prova diante de um ótimo público e na pista molhada.
 
A definição do grid não foi das melhores para os pilotos da casa. Apenas Tony Kanaan chegou ao Fast Six, mas acabou largando mesmo na sexta colocação. Helio Castroneves saiu de nono, Rapha Matos de 12º, enquanto Vitor Meira, Mario Romancini, Bia Figueiredo e Mario Moraes largaram de 16º, 20º, 22º e 23º, respectivamente.
 
Na pole, Dario Franchitti com sua Ganassi, uma combinação sempre bastante perigosa para os adversários. O escocês cravou 1min27s735 na sessão que decidiu as três primeiras filas do grid. Alex Tagliani e Justin Wilson surpreenderam e se classificaram logo atrás, com Ryan Hunter-Reay e Will Power fechando o top-5.
A pista molhada em São Paulo em 2010 (Foto: IndyCar)
Na corrida, um atraso que não foi o único da curta história de São Paulo no calendário da Indy, provocado pela chuva que caía na região da pista. A categoria esperou a situação melhorar e declarou a prova para pneus de pista seca, mas foi mesmo apenas para a largada.
 
A corrida foi uma loucura. Teve os típicos acidentes de largada, com Takuma Sato ficando pelo caminho em um e, no outro, Marco Andretti e Moraes parando por ali mesmo. A prova foi se desenvolvendo com algumas trocas no pelotão da frente, mas mudou bruscamente entre as voltas 20 e 30.
 
Tudo começou com Milka Duno indo parar no muro, antecipando a primeira janela de paradas dos ponteiros e fazendo Simona de Silvestro ser a primeira estreante a liderar uma volta desde Graham Rahal em 2008. Dali para frente, chuva muito intensa, batidas de Hideki Mutoh, Tagliani e Alex Lloyd até que a direção de prova viu que precisava interromper a ação.
Vitor Meira em São Paulo em 2010 (Foto: IndyCar)
Foram 36 minutos em bandeira vermelha até o recomeço da prova e, consequentemente, a definição. No fim, dois pilotos que voltavam de lesões brigaram pela ponta, com Power e a Penske superando Hunter-Reay e a Andretti na técnica e na habilidade no molhado nos giros finais.

O pódio ainda teve Meira, que fez uma grande corrida de recuperação com a sua Foyt e acabou puxando uma sequência impressionante de carros.

Will Power venceu em São Paulo em 2010 (Foto: IndyCar)
O brasileiro fechou a prova 9s7 atrás de Power, incríveis 4s2 na frente de Wilson, que foi apenas o 11º colocado. Entre eles terminaram Matos, Dan Wheldon, Scott Dixon, Franchitti, Mike Conway, Castroneves e Kanaan, que falou com o GRANDE PRÊMIO das lembranças daquela primeira corrida e da pista.
 
"A primeira coisa que eu lembro com carinho é simplesmente ter corrida no Brasil. Nós corremos no Rio de Janeiro e ficamos muito tempo longe. Quando voltamos, eu já era um cara muito mais conhecido no Brasil, então teve aquela coisa da cidade inteira falando da corrida, aquela loucura, teus amigos pedindo credencial. Você para e pensa 'Caramba, o que está acontecendo aqui?'. E a emoção de dar a primeira volta na Marginal. É um lugar onde todos nós, que vivemos em São Paulo, passamos todo dia. Descer aquela reta gigantesca a 300 e poucos km/h foi muito legal", disse Tony.
Tony Kanaan em São Paulo em 2010 (Foto: IndyCar)
"A pista em si era um circuito de rua, normal. Gostava mais porque estava correndo no Brasil do que da pista em si. Mas a prova do Brasil foi uma das maiores perdas da minha carreira, porque correr em casa, com público… O ano que eu estava ganhando e acabou a gasolina [2013] – aí eu fui lá e ganhei Indianápolis – o público gritando meu nome. O brasileiro sabe torcer. Do mesmo jeito que somos supercríticos, chamamos de braço duro, mas a gente torce para caramba. A emoção da torcida batendo palmas e gritando meu nome eu não me esqueço", seguiu.
 
Para Kanaan, o fim de São Paulo no calendário foi natural, mas admite que complicou de vez para quem ainda queria ver o Brasil recebendo a Indy outra vez.
 
"A Bandeirantes fez de tudo para manter aquilo, eles que bancavam. Tinha muita política, muita coisa envolvida. Não era só a ideia de que precisavam ter isso aqui, não. Aí, muda governo, ninguém mais ganha dinheiro, não sei. São coisas que a gente não sabe bem. Uma pena, eu não acho que foi falta de público porque lotava. Tem também uma questão logística, porque você está falando de São Paulo e da via principal. O trânsito já é caótico, ainda fecha a via por quatro dias, fica complicado mesmo", analisou.
 
"Não volta [o Brasil, para o calendário]. Acho muito difícil. A gente precisaria de uma emissora de televisão para transmitir de novo e criar o interesse. A não ser que alguma cidade resolvesse subsidiar a corrida, mas eu acho muito difícil", completou.

 


 
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