Desde que Alonso confirmou que seguiria na luta por sua Tríplice Coroa e partiria para a segunda tentativa na Indy 500, a grande expectativa era para saber quem seria a parceira da vez escolhida pela McLaren, depois de um 2017 de bastante sucesso com a Andretti, apesar do estouro do motor Honda durante a corrida.
E aí que a McLaren resolveu ousar e fechou com a vizinha Carlin, quase que tão inexperiente quanto em Indianápolis e que ainda busca, por exemplo, o primeiro pódio na Indy. O resultado, infelizmente, era bola cantada: Alonso não venceria a Indy 500 de jeito nenhum, era mais fácil até cair no Bump Day. E caiu.
Fernando Alonso está fora da Indy 500 (Foto: IndyCar)
É claro que o acidente nos treinos livres prejudicou bastante, é claro que ter de correr com um segundo chassi que nem trabalhado pela McLaren foi complicou as coisas, mas o fiasco foi imenso, enorme, inesquecível.
A verdade é que Alonso já dava pinta de que sofreria para se classificar desde o princípio da semana e, analisando bem a situação final, o espanhol caiu fora com dois companheiros de Carlin, Pato O'Ward e Max Chilton. Ou seja, de quatro carros, somando o de Alonso, a Carlin só classificou o do especialista em ovais Charlie Kimball.
"Bem, não passei muito tempo com o time ainda. Só estive no motorhome e falando com amigos e família no Fast Nine. Quando você não entra, tenta relaxar um pouco. Foi uma classificação longa, de quase 56 horas desde a manhã de ontem. Fomos 31º em vez de 30º ontem, e hoje 34º em vez de 33º por uma margem pequena, e infelizmente não fomos rápidos o suficiente nos dois dias. Estou decepcionado agora, é claro que seria legal estar na corrida no próximo domingo. Viemos aqui para correr e nos desafiar, mas não fomos rápidos o suficiente. Parabenizo os outros caras que fizeram um trabalho melhor, e espero que tenhamos um belo show no domingo, com todos seguros. Verei da TV, infelizmente", falou Alonso.
Se existia ainda alguma dúvida de que a escolha da Carlin como parceira era trágica, ela foi encerrada de vez neste chuvoso domingo em Indianápolis. Alonso caiu, a McLaren caiu e já estão voltando para a Europa, sem nenhuma intenção de comprar uma vaga no grid. Melhor assim, mais digno, mas ambos os currículos estão manchados, afinal, não é todo dia que vemos uma gigante do automobilismo com um bicampeão mundial caindo no Bump Day.
Ed Jones, da Scuderia Corsa, da Ferrari, está na Indy 500 com a Carpenter (Foto: Indycar)
E aí é preciso voltar alguns meses, lá para o momento das negociações de parcerias, quando a McLaren rejeitou a Carpenter por achar que era muito cara. Escolheu a opção econômica, com a Carlin, mas escolheu junto o caos, o drama, o fim do grid, se muito.
E a Carpenter nessa? Bom,
a Carpenter vai largar em três das quatro primeiras colocações do grid. Perdeu a pole
para Simon Pagenaud, é verdade, mas voltou a ter resultados espetaculares em uma prova que conhece tão bem, que sabe acertar carros como poucas equipes.
"Estava esperando um de nós três na pole, mas terminar 2-3-4 é a melhor coisa depois disso. Estou realmente orgulhoso de todo o time pelos carros que nos deram, que nos colocaram na posição de classificar do jeito que fizemos. Digo isso todos os anos: as poles são crédito ao time pelo trabalho deles na temporada na construção dos carros. Mais que isso, a consistência de ter três carros juntos é especial comparado ao jeito que os outros times se espalharam. Foi um bom mês, e espero bons dias de treino para achar o melhor acerto e fazer o que viemos aqui pra fazer: vencer a Indy 500", comentou Carpenter.
A mediana Carpenter está lá, mais uma vez, em ótimas condições para vencer a Indy 500 e, de quebra, ainda põe Ed Jones no bolo, piloto do time, mas que corre com as cores e a inscrição da Scuderia Corsa, sim, o braço americano da Ferrari. Se a McLaren não quis o time de Ed Carpenter, uma velha rival optou pela bola de segurança e se deu muito bem. Está lá o belo carro vinho abrindo a segunda fila da maior prova do mundo.
Kyle Kaiser foi heroico (Foto: Indycar)
Voltando ao Bump Day, o contraste com Alonso e McLaren veio com os três pilotos que garantiram as suadas vagas na última fila da Indy 500. Deles, Kyle Kaiser certamente teve a história mais bonita, levando uma Juncos sem dinheiro, sem patrocínio e com carro originalmente de misto para a disputa da prova. Foi ele que derrubou o espanhol no último segundo.
"Senti como se tivéssemos feito a pole, pra ser sincero, foi animal. Não sabia na hora, não tinha ideia. Tinha uma certa ideia porque vi as voltas e ouvi que estava bem apertado. Passei na reta de chegada e perguntei se estava dentro, só ouvi gritos, o que foi um bom sinal. Mas as últimas 48 horas foram um turbilhão, uma loucura. Tínhamos um ritmo muito bom com o carro principal, mas obviamente tivemos um acidente, o que significa que não tive equilíbrio desde então", relatou Kaiser.
Sage Karam foi outro dos grandes vencedores do dia. Com a Dreyer & Reinbold, que só faz a Indy 500, também venceu a McLaren mesmo com um orçamento menor – ainda que muito maior que o de Kaiser e da Juncos.
"Genuinamente acreditava que daríamos voltas como fizemos agora. Eu conseguiria fazer aquilo ontem, mas tivemos complicações com o equilíbrio pelo clima e tivemos de voltar hoje. Foram as 48 horas mais estressantes da minha vida, uma das maiores batalhas mentais que passei. Fomos bem ontem e sabia que tínhamos velocidade. Meu companheiro de equipe conseguiu e nossos carros eram bem parecidos. Eu tinha um carro muito bom para duas voltas, não para quatro. Então, melhoramos essa queda na sequência e foi a diferença. Se tivéssemos caído um pouco mais, quem sabe o que teria acontecido? Mas o time se recuperou", resumiu Karam.
Sage Karam, mais um vencedor do Bump Day (Foto: Indycar)
James Hinchcliffe escapou de repetir o fiasco de 2018 e se classificou com voltas seguras. O canadense preferiu não comemorar muito e sentiu pelos eliminados. Por Alonso, por Max Chilton e Pato O'Ward.
"Meu coração fica com aqueles que não conseguiram, para Max, Pato e Fernando. Todos nós sabemos o quanto eles se dedicam para esta corrida e o que isso significa para todo mundo. Estive neste lado um ano atrás, e sei o quanto é ruim. Odeio ver caras indo pra casa hoje. Cara, é loucura, bem mais dramático, estou ficando velho para essas coisas. Preciso de uma semana de descanso, mas voltamos para os carros amanhã", disse Hinch.
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