Eliminação no Bump Day mancha currículos de Alonso e McLaren e contrasta com desempenho da Carpenter

Fernando Alonso não conseguiu superar Sage Karam, James Hinchcliffe e Kyle Kaiser e está fora das 500 Milhas de Indianápolis. O resultado catastrófico já era previsível e mostra o tamanho dos erros cometidos desde a escolha da parceria com a Carlin e não com a Carpenter, considerada cara demais, mas que ficou com três das quatro primeiras posições do grid

Fernando Alonso está mesmo fora das 500 Milhas de Indianápolis. Em uma das performances mais decepcionantes dos últimos tempos, o espanhol acabou eliminado no Bump Day deste domingo (19) e encerrou o terrível projeto da McLaren para a Indy 500 2019. Foram erros atrás de erros desde o nascimento do plano.
 
Desde que Alonso confirmou que seguiria na luta por sua Tríplice Coroa e partiria para a segunda tentativa na Indy 500, a grande expectativa era para saber quem seria a parceira da vez escolhida pela McLaren, depois de um 2017 de bastante sucesso com a Andretti, apesar do estouro do motor Honda durante a corrida.
 
E aí que a McLaren resolveu ousar e fechou com a vizinha Carlin, quase que tão inexperiente quanto em Indianápolis e que ainda busca, por exemplo, o primeiro pódio na Indy. O resultado, infelizmente, era bola cantada: Alonso não venceria a Indy 500 de jeito nenhum, era mais fácil até cair no Bump Day. E caiu.
Fernando Alonso está fora da Indy 500 (Foto: IndyCar)

É claro que o acidente nos treinos livres prejudicou bastante, é claro que ter de correr com um segundo chassi que nem trabalhado pela McLaren foi complicou as coisas, mas o fiasco foi imenso, enorme, inesquecível.

 
A verdade é que Alonso já dava pinta de que sofreria para se classificar desde o princípio da semana e, analisando bem a situação final, o espanhol caiu fora com dois companheiros de Carlin, Pato O'Ward e Max Chilton. Ou seja, de quatro carros, somando o de Alonso, a Carlin só classificou o do especialista em ovais Charlie Kimball.

"Bem, não passei muito tempo com o time ainda. Só estive no motorhome e falando com amigos e família no Fast Nine. Quando você não entra, tenta relaxar um pouco. Foi uma classificação longa, de quase 56 horas desde a manhã de ontem. Fomos 31º em vez de 30º ontem, e hoje 34º em vez de 33º por uma margem pequena, e infelizmente não fomos rápidos o suficiente nos dois dias. Estou decepcionado agora, é claro que seria legal estar na corrida no próximo domingo. Viemos aqui para correr e nos desafiar, mas não fomos rápidos o suficiente. Parabenizo os outros caras que fizeram um trabalho melhor, e espero que tenhamos um belo show no domingo, com todos seguros. Verei da TV, infelizmente", falou Alonso.

 
Se existia ainda alguma dúvida de que a escolha da Carlin como parceira era trágica, ela foi encerrada de vez neste chuvoso domingo em Indianápolis. Alonso caiu, a McLaren caiu e já estão voltando para a Europa, sem nenhuma intenção de comprar uma vaga no grid. Melhor assim, mais digno, mas ambos os currículos estão manchados, afinal, não é todo dia que vemos uma gigante do automobilismo com um bicampeão mundial caindo no Bump Day.
Ed Jones, da Scuderia Corsa, da Ferrari, está na Indy 500 com a Carpenter (Foto: Indycar)

E aí é preciso voltar alguns meses, lá para o momento das negociações de parcerias, quando a McLaren rejeitou a Carpenter por achar que era muito cara. Escolheu a opção econômica, com a Carlin, mas escolheu junto o caos, o drama, o fim do grid, se muito.

 
E a Carpenter nessa? Bom, a Carpenter vai largar em três das quatro primeiras colocações do grid. Perdeu a pole para Simon Pagenaud, é verdade, mas voltou a ter resultados espetaculares em uma prova que conhece tão bem, que sabe acertar carros como poucas equipes.

"Estava esperando um de nós três na pole, mas terminar 2-3-4 é a melhor coisa depois disso. Estou realmente orgulhoso de todo o time pelos carros que nos deram, que nos colocaram na posição de classificar do jeito que fizemos. Digo isso todos os anos: as poles são crédito ao time pelo trabalho deles na temporada na construção dos carros. Mais que isso, a consistência de ter três carros juntos é especial comparado ao jeito que os outros times se espalharam. Foi um bom mês, e espero bons dias de treino para achar o melhor acerto e fazer o que viemos aqui pra fazer: vencer a Indy 500", comentou Carpenter.

 
A mediana Carpenter está lá, mais uma vez, em ótimas condições para vencer a Indy 500 e, de quebra, ainda põe Ed Jones no bolo, piloto do time, mas que corre com as cores e a inscrição da Scuderia Corsa, sim, o braço americano da Ferrari. Se a McLaren não quis o time de Ed Carpenter, uma velha rival optou pela bola de segurança e se deu muito bem. Está lá o belo carro vinho abrindo a segunda fila da maior prova do mundo.
Kyle Kaiser foi heroico (Foto: Indycar)
Voltando ao Bump Day, o contraste com Alonso e McLaren veio com os três pilotos que garantiram as suadas vagas na última fila da Indy 500. Deles, Kyle Kaiser certamente teve a história mais bonita, levando uma Juncos sem dinheiro, sem patrocínio e com carro originalmente de misto para a disputa da prova. Foi ele que derrubou o espanhol no último segundo.
 
"Senti como se tivéssemos feito a pole, pra ser sincero, foi animal. Não sabia na hora, não tinha ideia. Tinha uma certa ideia porque vi as voltas e ouvi que estava bem apertado. Passei na reta de chegada e perguntei se estava dentro, só ouvi gritos, o que foi um bom sinal. Mas as últimas 48 horas foram um turbilhão, uma loucura. Tínhamos um ritmo muito bom com o carro principal, mas obviamente tivemos um acidente, o que significa que não tive equilíbrio desde então", relatou Kaiser.
 
Sage Karam foi outro dos grandes vencedores do dia. Com a Dreyer & Reinbold, que só faz a Indy 500, também venceu a McLaren mesmo com um orçamento menor – ainda que muito maior que o de Kaiser e da Juncos.
 
"Genuinamente acreditava que daríamos voltas como fizemos agora. Eu conseguiria fazer aquilo ontem, mas tivemos complicações com o equilíbrio pelo clima e tivemos de voltar hoje. Foram as 48 horas mais estressantes da minha vida, uma das maiores batalhas mentais que passei. Fomos bem ontem e sabia que tínhamos velocidade. Meu companheiro de equipe conseguiu e nossos carros eram bem parecidos. Eu tinha um carro muito bom para duas voltas, não para quatro. Então, melhoramos essa queda na sequência e foi a diferença. Se tivéssemos caído um pouco mais, quem sabe o que teria acontecido? Mas o time se recuperou", resumiu Karam.
Sage Karam, mais um vencedor do Bump Day (Foto: Indycar)
James Hinchcliffe escapou de repetir o fiasco de 2018 e se classificou com voltas seguras. O canadense preferiu não comemorar muito e sentiu pelos eliminados. Por Alonso, por Max Chilton e Pato O'Ward.
 
"Meu coração fica com aqueles que não conseguiram, para Max, Pato e Fernando. Todos nós sabemos o quanto eles se dedicam para esta corrida e o que isso significa para todo mundo. Estive neste lado um ano atrás, e sei o quanto é ruim. Odeio ver caras indo pra casa hoje. Cara, é loucura, bem mais dramático, estou ficando velho para essas coisas. Preciso de uma semana de descanso, mas voltamos para os carros amanhã", disse Hinch.


 
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