Bortoleto vence em hora-chave e já surge em mesma imagem na briga pelo título da F2

É um jargão comum em transmissões de esportes a motor dizer que um carro ou moto ‘já aparece na mesma imagem’ quando começa a tirar consideravelmente a distância para o rival à frente. Foi exatamente isso que Gabriel Bortoleto alcançou na rodada da Áustria após conquistar a tão almejada primeira vitória na Fórmula 2. Terceiro agora na tabela, já se coloca no mesmo frame que os líderes e principais candidatos ao título passada a primeira metade da temporada 2024, Paul Aron e Isack Hadjar.

A performance de Bortoleto, aliás, também o ajudou a tirar “uma tonelada das costas”, como o próprio piloto definiu depois do triunfo no Red Bull Ring. E é de esperar tal sentimento pelo conjunto da obra. Desde a estreia, no Bahrein, quando herdou a pole-position após punição do companheiro de equipe, Kush Maini, Gabriel se viu cercado de muita expectativa e precisou ter a cabeça no lugar para não se perder tão cedo em um campeonato longo e que dá ao competidor várias possibilidades de pontuação.

Vieram os problemas de confiabilidade com o carro da Invicta em quebras dolorosas e também pequenos erros em classificações que teimavam em impedir que Bortoleto mostrasse o verdadeiro potencial. Era nítido que havia espaço para muito mais, só que a F2 é uma competição que não costuma ser benevolente com tais empecilhos, por isso cada ponto conta.

Para Aron, por exemplo, este tem sido praticamente um mantra. Ainda sem vencer, chegou ao sétimo pódio em sete rodadas realizadas e colocou mais um mísero pontinho sobre Hadjar. E Gabriel tem buscado o mesmo desde a Emília-Romanha, quando enfim conquistou o primeiro top-3 do ano.

Naquela etapa, no entanto, ficou novamente a sensação de que ainda faltavam ajustes na performance, pois o #10 partira da pole-position mais uma vez. Veio Mônaco, e a classificação o colocou em posição difícil para a corrida de domingo, porém o segundo lugar no grid invertido transformou-se em novo pódio, como era para acontecer.

Depois de Monte Carlo, Gabriel viu na consolidação da perna europeia o momento decisivo para manter as intenções de título vivas. O carro era bom, já havia provado isso. A velocidade também estava lá, portanto o domínio dos traçados de Barcelona em diante era o trunfo para mostrar que 2024 não seria apenas de adaptação.

Bortoleto, então, acertou a mão na sexta, mas aí veio outro infortúnio: o desgaste excessivo de pneus. Era o quase novamente gritando nos ouvidos do campeão vigente da F3 enquanto se via cair para sétimo na tabela em um fim de semana.

“Sempre soube que tínhamos pontos e estabilidade [para vencer]. Simplesmente não aconteceu antes, mas era questão de tempo. Não é que eu tenha sido mais lento ou tenha cometido erros. Saiu, digamos, uma tonelada dos meus ombros ao enfim vencer pela primeira vez na F2. E de agora em diante, sabemos que nosso carro estará na briga em todas as rodadas, então lutaremos muito mais por vitórias na temporada”, disse o brasileiro.

Não é, portanto, nenhuma exagero dizer que a chance de vermos outro Bortoleto já na Inglaterra é muito alta. Vide o que aconteceu na primeira corrida da rodada da Itália no ano passado, na F3, quando o título já estava assegurado. Na ocasião, o piloto falou ao GRANDE PRÊMIO que era o momento de mostrar que “não era apenas um cara que sabe administrar o campeonato“. E vai ser muito interessante ver como o incrivelmente regular Aron e o muito arrojado Hadjar reagirão quando os duelos diretos contra esse Gabriel aparecerem.

A Fórmula 2 volta neste final de semana, de 5 a 7 de julho, em Silverstone, para a rodada da Inglaterra, a última da perna tripla. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da temporada 2024.

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