Pérez aproveita ‘efeito borboleta’, bate Verstappen e vence GP do Azerbaijão de F1

Um safety-car foi o bastante para transformar o que parecia vitória fácil de Max Verstappen no GP do Azerbaijão num combate da Red Bull. Sergio Pérez levou a melhor e venceu

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Alguma coisa diferente acontece e, de repente, a história da corrida muda inteira. Quantas vezes esse filme não foi apresentado ao longo da Fórmula 1 e do esporte a motor, de maneira geral? E foi o que aconteceu no GP do Azerbaijão deste domingo (30), em Baku: um erro de Nyck de Vries mudou o roteiro que estava alinhado e jogou a chance de ouro nas mãos de Sergio Pérez. O piloto mexicano abraçou a oportunidade e partiu para a sexta vitória na Fórmula 1.

Foi um verdadeiro ‘efeito borboleta’. Para explicar, lembremos do que se trata a teoria usada inicialmente para discutir a imprevisibilidade de eventos atmosféricos por período prolongado de tempo. A caracterização fez com que ficasse famosa: o bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e talvez provocar um furacão do outro lado do mundo.

Como isso se aplica ao GP do Azerbaijão? A corrida parecia se encaminhar para uma vitória tranquila de Max Verstappen, que passou Charles Leclerc logo na quarta volta e começou a abrir. Embora Pérez tenha deixado o monegasco para trás em seguida, não mostrava muita força para capturar o companheiro de equipe.

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O GP do Azerbaijão durou dez voltas para Nyck de Vries (Foto: Reprodução/F1TV)

Até que, na décima de 51 voltas, De Vries, no fim do grid, cometeu mais um erro no fim de semana: relou o muro da curva cinco, quebrou a suspensão e parou na área de escape logo à frente. Longe dos líderes da corrida, mas causou uma bandeira amarela que fez a Red Bull se apressar e chamar Verstappen para trocar pneus. Instantes após o holandês sair dos boxes, safety-car convocado. Vantagem para quem ainda não tinha parado, como, por exemplo, Pérez.

Daí em diante, era ‘Checo’ quem tinha o dia sob controle. Verstappen relargou novamente atrás de Leclerc, agora em terceiro, e ultrapassou o piloto da Ferrari uma vez mais — faria quantas vezes fosse necessário. Mas não foi capaz de atacar Pérez em momento algum, nem se aproximou. Na realidade, conforme a corrida foi chegando ao fim, Pérez abriu. Pelo menos por mais alguns dias, há uma briga pelo título a aspirar.

Leclerc conseguiu manter o terceiro lugar e completou o pódio, ainda que Fernando Alonso tenha buscado algum tipo de aproximação por longas 30 voltas. Carlos Sainz ficou no quinto posto, resistindo a ataques de Lewis Hamilton. Lance Stroll, George Russell, Lando Norris e Yuki Tsunoda fecharam a lista dos que foram aos pontos.

Como pouco ataque efetivo na pista aconteceu nas últimas 15 voltas, a maioria das equipes arriscou permanecer com o mesmo jogo de pneus duros e fazer somente uma parada, algo que obrigou Nico Hülkenberg e Esteban Ocon, que já largaram dos boxes com pneus duros, a esperarem até o fim por alguma coisa — safety-car ou bandeira vermelha — que evitasse o prejuízo de uma parada. Afinal, estavam nos pontos. Mas não rolou. Nico entrou na penúltima volta, enquanto Ocon quase nem entrou: foi para o pit-lane na última volta apenas, causando confusão com fotógrafos que se aprumavam para clicar a chegada.

A Fórmula 1 faz longa viagem e já retorna na semana que vem, entre os dias 5 e 7 de maio, com o GP de Miami, primeira de três etapas do ano nos Estados Unidos.

Sergio Pérez ultrapassou o pole Charles Leclerc na sexta volta (Foto: Red Bull Content Pool)

Confira como foi o GP do Azerbaijão:

Se o sábado mostrou que a pista e a temperatura em Baku castigaria os pneus da gama mais macia da Pirelli, o domingo não apresentava situação tão diferente para a largada. O sol estava lá, ainda que entre nuvens, e a temperatura ambiente chegava a 25°C, o que levava o asfalto a 43°C no momento da largada.

Apesar de vários pilotos, inclusive os dois da Red Bull, fazerem voltas de averiguação no grid com pneus macios, na hora da largada a coisa mudou, como dava para imaginar. Os dez primeiros colocados partiam de pneus médios. Na realidade, somente três escolheram outra coisa: Nyck de Vries e a dupla que largou do pit-lane, formada por Esteban Ocon e Nico Hülkenberg. Os três partiram de pneus duros. Ocon e Hülkenberg saíam do pit-lane após suas respectivas equipes violarem as regras de Parque Fechado para alterações na suspensão.

O pole-position era Charles Leclerc, da mesma forma que na corrida sprint. Max Verstappen e Sergio Pérez apareciam na sequência, com Carlos Sainz, Lewis Hamilton, Fernando Alonso, Lando Norris, Yuki Tsunoda, Lance Stroll e Oscar Piastri nas dez primeiras posições. George Russell era 11º.

A largada veio com defesa de Leclerc, que segurou a pole e manteve a Ferrari de rosto para o vento. O primeiro contato chegou logo na curva três, onde Verstappen e Russell se desentenderam na sprint. Piastri, Alexander Albon, Logan Sargeant e Kevin Magnussen se tocaram, mas nada grave. Magnussen foi quem sofreu mais de um contato e teve de parar algumas voltas depois para trocar a asa dianteira.

Quando o DRS foi liberado pela direção de prova, na segunda volta, ficou imediatamente claro que Verstappen ia para cima de Leclerc. Atrás, enquanto isso, Russell tomava posições de Piastri e Tsunoda para ocupar o nono posto.

Verstappen se preparou por algumas voltas e, na abertura da quarta, resolveu finalmente mergulhar para cima de Charles e tomar, com facilidade, a liderança da corrida. Pérez tinha, então, carta livre para efetuar o ataque dele. Na mesma primeira curva que o companheiro, tirou Leclerc da frente na volta seis. Pouquíssimo tempo foi necessário para a Red Bull tomar total controle da corrida.

A janela de pit-stops já estava aberta. Depois de Magnussen, Pierre Gasly, Valtteri Bottas, Logan Sargeant e Alexander Albon foram entrando um por um nas voltas seguintes. Já na Aston Martin, clima de paz. “Avise a Fernando que não vou atacá-lo. Estamos na mesma estratégia”, disse Stroll, que andava imediatamente atrás do companheiro. Alonso até disse que Lance podia “tentar uma vez” se quisesse, mas não.

Nyck de Vries fez algo de útil para colocar emoção na corrida (Vídeo: F1 TV)

O pit-stop de Hamilton veio no fim da nona volta, e não podia ter sido em timing pior. Por puro azar… Logo em seguida, Nyck de Vries, em fim de semana sofrível, triscou o pneu dianteiro esquerdo no muro quando tomou a curva e viu a suspensão quebrar de imediato. O carro ficou parado na frente, numa área de escape curta e gerou bandeiras amarelas.

A Red Bull resolveu agir e parou Verstappen nos boxes para colocar pneus duros, como o restante do pelotão. Só que, instantes depois, a direção de prova chamou o safety-car, uma vez que o carro da AlphaTauri não saía de lá e precisava de resgate. Pronto, prejuízo grande para quem já tinha parado, sobretudo para quem acabara de parar. Todo mundo que ainda não havia ido aos boxes, então, parou.

A nova configuração da corrida tinha Pérez líder, seguido por Leclerc e Verstappen. Max ainda tinha chances de vencer, claro, mas agora era ele quem teria de caçar o companheiro. Sainz, Alonso, Russell, Stroll, Ocon, Hülkenberg e Hamilton formavam o top-10.

A relargada veio três voltas depois. Pérez segurou a ponta com tranquilidade, ao passo que Verstappen mergulhou para cima de Leclerc na curva três e tomou o segundo posto. Mais atrás, Stroll passou Russell pelo sexto posto. Hamilton, que não gostou nada de se ver atrás de Russell após ter sido chamado pela equipe na hora de azar, logo passou Hülkenberg e Ocon, os dois que viam sucesso na estratégia de largar de duros, e assumia o oitavo lugar.

A próxima ultrapassagem seria de Alonso, que jogou o Aston Martin no espaço dado por Sainz e viu o compatriota recuar e evitar qualquer defensa mais dura pelo quarto posto. Um pouco depois, falava com a equipe. “Diga a Lance sobre a configuração de freio que estou usando agora. Acho que vai ajudar”, disse.

Hamilton continuava subindo e também deixou para trás o companheiro de equipe. “Perdão pela terrível relargada”, lamentou Russell. Lewis ia para cima de Stroll. Enquanto isso, um aviso que assustou: comissários avisaram que tinha notado uma suspeita de que Pérez foi liberado dos boxes de maneira insegura. Logo em seguida, porém, a informação de que não haveria investigação chegou.

Conforme Hamilton chegava, Stroll também desviou no muro da curva cinco da mesma forma que De Vries, mas passou ileso. Depois, escorregou por outra curva — coisa que Magnussen acabara de fazer também. Lewis encostou e mergulhou para tomar o sexto posto, enfim.

Lewis Hamilton recuperou posições quase imediatamente após azar na estratégia (Foto: Mercedes)

Existia uma batalha real pela vitória. Pérez buscava tirar cada centímetro de espaço e com toda a velocidade possível para evitar Verstappen de chegar a menos de 1s e abrir o DRS. Até a volta 22 de 51, tinha sucesso.

As equipes começavam a discutir estratégia após as primeiras dez voltas com um jogo de pneus duros. Na Mercedes, por exemplo, Hamilton foi avisado de que identificavam desgaste no jogo de pneus, enquanto Russell sugeriu uma ida ao ‘Plano B’. Gasly, em fim de semana para esquecer, ia pela segunda vez aos boxes.

Atrás de Russell, Ocon abria o que era um trem de cinco carros: além do francês, Hülkenberg, Norris, Tsunoda e Piastri lutavam pelas últimas duas vagas da zona de pontos. Albon e Magnussen estavam próximos.

Com 26 voltas e metade da corrida, o top-10 tinha Pérez, Verstappen, Leclerc, Alonso, Sainz, Hamilton, Stroll, Russell, Ocon e Hülkenberg. Alonso aos poucos chegava a Leclerc, enquanto Hamilton já colava em Sainz. Líder e vice da corrida andavam em ritmo praticamente idêntico.

Hülkenberg foi o próximo a clipar o muro bem de leve, enquanto partia para cima de Ocon. “Está tudo ok”, aviso à Haas. Sainz queria saber da Ferrari o que podia fazer. “O que vocês acham do ‘Plano A’ e do ‘Plano C’? Ainda estão felizes com o A?”, questionou. A Ferrari respondeu que sim.

Pérez, então, abria distância e chegava a 2s de vantagem. No rádio, Verstappen relatava que o equilíbrio entre diferencial e desaceleração do motor em momento de frenagem estava fora do ideal. Um pouco depois, chegou até a fazer a melhor volta da corrida, superada logo por ‘Checo’. E, aí, Max ainda beijou de levinho o muro da 15, como vários outros pilotos, com o pneu traseiro. E Pérez fez a mesma coisa em seguida. Os dois estavam entregues ao combate.

A Ferrari garantia a Sainz, enquanto isso, que estava feliz com a duração dos pneus. Mas não era a realidade de todo mundo: após ser ultrapassado por Gasly e em último na pista, Bottas parou pela segunda vez. Guanyu Zhou logo abandonou nos boxes para mais um dia de terror da Alfa Romeo.

Enquanto Gasly passava Sargeant, a magia chegava ao fim para os dois pilotos que não tinham parado nos boxes. Ambos perdiam algum ritmo, mas continuavam nas mesmas posições. Ainda teriam de parar, pois, o que parecia cada vez pior. Como não havia grande briga por posições, as equipes mantinham os pilotos na pista apesar do desgaste de pneus e estavam inclinadas e ficar numa parada só.

Esteban Ocon terminou a corrida nos boxes (Foto: Alpine)

“Os pneus estão piorando muito”, falou Hülkenberg, que era ultrapassado por Norris e Tsunoda. Piastri veio depois, bem como Albon e Magnussen.

Por breve momento, Verstappen descontou a vantagem de Pérez para baixo de 3s, quando anotou a melhor volta da corrida. Em seguida, porém, Alonso tirou dele a marca, ao passo que Pérez estabilizava a dianteira e caminhava de maneira segura rumo ao triunfo.

Hamilton até chegou a se aproximar bem de Sainz e entrar na zona de acionamento do DRS, mas faltou fôlego da Mercedes e seus pneus para efetuar a ultrapassagem pelo quinto posto.

Na penúltima volta, então, Hülkenberg parou para a obrigatória troca de pneus. E Ocon? Incrivelmente, a Alpine se enrolou ao esperar o safety-car até o fim e só parou o francês na última volta, para completar a corrida dos boxes. Quando entrou no pit-lane, porém, causou confusão: um monte de fotógrafos esperava por ali, no lugar reservado a eles, para que atravessassem a faixa e clicasse o final da corrida e as imagens de Parque Fechado.

Mas era apenas isso. Pérez segurou andando bem lento na última volta e confirmou a segunda vitória dele no ano. Verstappen ficou atrás, enquanto Leclerc fechou o pódio com vantagem de apenas 0s8 para Alonso. Sainz, Hamilton, Stroll, Russell, Norris e Tsunoda pontuaram. A melhor volta, no fim das contas, ficou com Russell. Ocon e Hülkenberg foram, respectivamente, 15º e 17º colocados.

F1 2023, GP do Azerbaijão, Baku:

1S PÉREZRed Bull Honda51 voltas
2M VERSTAPPENRed Bull Honda+2.137
3C LECLERCFerrari+21.217
4F ALONSOAston Martin Mercedes+22.024
5C SAINZFerrari+45.491
6L HAMILTONMercedes+46.145
7L STROLLAston Martin Mercedes+51.167
8G RUSSELLMercedes+1:14.240
9L NORRISMcLaren Mercedes+1:20.376
10Y TSUNODAAlphaTauri Honda+1:23.862
11O PIASTRIMcLaren Mercedes+1:26.501
12A ALBONWilliams Mercedes+1:28.623
13K MAGNUSSENHaas Ferrari+1:29.729
14P GASLYAlpine+1:31.332
15E OCONAlpine+1:37.794
16L SARGEANTWilliams Mercedes+1:40.943
17N HÜLKENBERGHaas Ferrari+1 volta
18V BOTTASAlfa Romeo Ferrari+1 volta
19G ZHOUAlfa Romeo FerrariNC
20N DE VRIESAlphaTauri HondaNC
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