Quando
Nico Rosberg surpreendeu o mundo do esporte ao anunciar a aposentadoria, logo depois da conquista do título mundial em 2016, a Mercedes demorou para encontrar um substituto, porque levou muito em consideração aquilo que não queria viver dentro das garagens: o mesmo clima de guerra que precisou administrar com a rivalidade que nasceu entre o alemão e Lewis Hamilton. Por isso, o nome de Valtteri Bottas surgiu como um bálsamo. O finlandês vinha de uma Williams que tentava se recuperar. Teve bons atuações, venceu o experiente Felipe Massa e assegurou a vaga, até porque também era ligado a Toto Wolff – o austríaco o empresariou e foi o responsável por sua estreia na
Fórmula 1. Então, num misto também de gratidão e entusiasmo, Bottas se apresentou em 2017 como companheiro de Hamilton.
E se apresentou de forma sólida. O nórdico venceu pela primeira vez logo na quarta etapa daquela temporada, no GP da Rússia, e repetirira o feito mais duas vezes: na Áustria e em Abu Dhabi. A regularidade o acompanhou naquele campeonato. Ele ainda foi capaz de ajudar Hamilton na briga pelo título contra a Ferrari e Sebastian Vettel. Quer dizer, o papel de segundo piloto e a constância que mostrou ao longo do Mundial garantiram a simpatia da cúpula da equipe prata e a sensação de acerto na escolha. Mas talvez o que tenha sido mais decisivo foi que Bottas, em nenhum momento, se estranhou com o inglês do carro #44.
Valtteri Bottas está na Mercedes desde 2017 (Foto: Mercedes)
A convivência pacífica entre ambos fortaleceu a Mercedes. E, por isso, Valtteri ganhou uma segunda chance de seguir com a equipe mais poderosa do grid. Mas 2018 não foi lá o que se esperava do #77. Em uma temporada em que mesclou alguns azares com desempenhos abaixo da crítica, Bottas não venceu nenhuma vez e não foi também necessário na briga pelo título. O campeonato foi tão estranho que o finlandês terminou apenas em quinto, atrás até de Max Verstappen.
Então, diante dessa pouca performance para quem pilota uma Mercedes, Valtteri foi bastante questionado e começou o ano pressionado, sabendo que tinha de render se quisesse seguir com o time. Malandramente, a equipe alemã deixou o reserva Esteban Ocon, que perdera o cockpit no negócio Force India/Racing Point, já de prontidão, como um aviso constante. Num primeiro momento, de fato, a estratégia funcionou. Bottas decidiu mudar seu treinamento, foi para o norte e voltou revigorado. Ganhou com autoridade a primeira corrida do ano, acompanhou o parceiro Hamilton no recorde de dobradinhas da Mercedes e venceu de novo no Azerbaijão.
O começo de temporada, portanto, deixou a entender que Bottas poderia oferecer alguma resistência ao pentacampeão, aproveitando os vacilos dos rivais, além de trazer alguma graça à disputa. Engano. O
nórdico jamais esteve no mesmo ritmo de Lewis e foi se distanciando a cada prova, com pequenos brilhos aqui e ali apenas, como a pole e as primeiras voltas no GP da Inglaterra. Errou onde não poderia, como aconteceu na Alemanha, e ainda teve uma de suas piores atuações em corrida na Hungria. Ainda assim,
a Mercedes renovou o contrato para 2020.
Valtteri Bottas não incomoda Hamilton (Foto: Mercedes)
E aqui está a pronta: "Parece que Valtteri tem dificuldades quando chega em um ponto que precisa tirar o máximo do carro. Lewis, naquela posição, consegue ficar próximo e se colocar em uma posição para ultrapassar. É algo que ele [Bottas] precisa trabalhar em cima, mas pensando positivo, ele foi bem hoje. Foi muito rápido. Provavelmente teve o carro mais rápido", falou o chefão da Mercedes após a derrota para Charles Leclerc na Itália. A condescendência fala por si.
De fato, apesar de não ter o mesmo nível de desempenho, arrojo e agressividade, Bottas faz aquilo que a Mercedes precisa: quer dizer, soma pontos essenciais para o campeonato de construtores e ainda, vez ou outra, ainda consegue algum brilhareco, além, é claro, de proporcionar a paz dentro dos boxes.
Ou seja, Bottas é uma escolha que faz todo o sentido para o time prata. Tanto é assim que caminha para o melhor resultado de sua carreira – o vice-campeonato – e tem ainda um acordo novinho pela frente, mesmo sem grande destaque. Agora do ponto de vista da disputa mesmo, da briga pura, a ousada aposta em Ocon teria sido tudo que a Fórmula 1 poderia sonhar.
O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e em TEMPO REAL toda a movimentação do GP de Singapura, a 15ª etapa da temporada 2019 da Fórmula 1.
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