Red Bull segue com favoritismo à mesa, mas precisa agir para evitar dores de cabeça

Peso extra do RB18, desgaste intenso de pneus na Áustria, descontentamento de Sergio Pérez... equipe taurina continua com os campeonatos da F1 2022 na mão, mas precisa resolver questões internas para que a Ferrari não ressurja de vez

LECLERC VENCE NA CASA DE VERSTAPPEN. FÓRMULA 1 2022 VIVE? | Paddock GP #295

Nem tudo são flores para a Red Bull na temporada de 2022 da Fórmula 1. Max Verstappen lidera o campeonato com certa tranquilidade, 38 pontos à frente de Charles Leclerc, é verdade. Os próprios taurinos comandam o Mundial de Construtores, com vantagem confortável em relação à Ferrari, também verdade. Mas a equipe chefiada por Christian Horner tem motivos de sobra para se preocupar e, com problemas sérios a resolver, precisa agir logo se não quiser ficar ‘fora da casinha’ no ano – como diz a música de um vencedor de reality show.  

Antes de desembarcar na Áustria para sua corrida em casa, o time dos energéticos testemunhava o sopro favorável dos ventos da F1 2022. A Ferrari venceu em Silverstone, sim, mas o gosto para a Red Bull era doce: a trapalhada da escuderia italiana com Charles Leclerc fez um prejudicado Max Verstappen, com problemas na Inglaterra, não sair tão no prejuízo assim. Além disso, as vantagens no Mundial de Pilotos e de Construtores ainda eram mais do que satisfatórias. 

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O cenário de tranquilidade na Red Bull ficou ainda mais evidente com o andamento da sexta-feira e do sábado em Spielberg. No primeiro dia de ações da F1 por lá, Verstappen confirmou favoritismo e garantiu a pole-position. Cerca de 24 horas depois, o atual campeão mundial voltou a desbancar a dupla da Ferrari e também venceu a corrida sprint, sem nenhum tipo de dor de cabeça. Junte tudo isso com o ótimo histórico da equipe taurina e do holandês na Áustria e a expectativa era totalmente de vitória.

Max Verstappen venceu a corrida sprint na Áustria, mas foi desbancado por Leclerc no domingo em Spielberg (Foto: Peter Fox/Getty Images/Red Bull Content Pool)

Mas digno de plot twist hollywoodiano, o GP da Áustria subverteu tais expectativas, pois. Charles Leclerc ultrapassou Verstappen uma, duas, três vezes. Ao contrário do que o panorama para a corrida mostrava, a Ferrari imprimiu forte ritmo e surpreendeu a Red Bull. Tinha tudo para sair com uma dobradinha, inclusive – não fosse o estouro do motor de Carlos Sainz, evidenciando mais uma vez os extensos problemas de confiabilidade da escuderia italiana. Mas, neste texto, não falaremos das questões do time de Maranello. 

“Eles (Ferrari) tinham um carro muito forte (no GP da Áustria). Eles poderiam ter terminado bem em primeiro e segundo. Até a volta 12, o fim de semana tinha corrido muito bem (para nós), em termos de pole-position, vitória na sprint. Mas, infelizmente, a degradação dos pneus nos atingiu com força”, disse o chefe da Red Bull, Christian Horner, após o fim da prova em Spielberg.

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Horner tocou em um ponto-chave aqui: o desgaste dos pneus. Este é um dos fatores que ajuda a explicar a surpreendente derrota taurina em casa. Leclerc, Verstappen e Carlos Sainz largaram de médios, mas uma degradação inesperada dos compostos fez com que o holandês não pudesse brigar o monegasco, que realizou assumiu a liderança da disputa na volta 12. No giro seguinte, tal desgaste também obrigou a Red Bull a mandar o atual campeão mundial aos boxes.

Veja: enquanto Verstappen conseguiu carregar os pneus de faixa amarela por 13 voltas, Leclerc utilizou os mesmos compostos por 26 giros, o dobro. Sainz, 27. O piloto da Red Bull viu sua equipe colocar pneus duros, mas o desgaste acentuado permaneceu. Os taurinos não conseguiram gerenciar tal degradação, ao passo que a Ferrari mostrou absoluto controle no quesito. 

Mas o que, exatamente, mudou? Da noite para o dia, a Red Bull perdeu o que havia construído ao longo do fim de semana. As temperaturas ligeiramente menores no domingo? A chuva que caiu na Áustria depois da sprint e antes da corrida principal, lavando a aderência do circuito? Ou o peso do carro com tanque cheio?

Ah, o peso do RB18… chegamos a mais um fator-chave aqui. O que poderia ser analisado como fato isolado, um desvio de rota, uma pedrinha no caminho, ganhou contornos mais dramáticos devido aos quilinhos a mais do bólido taurino. Após atualizações, o carro da Red Bull ganhou peso – estima-se que está cerca de 10kg acima do limite mínimo, que é de 798kg. A Ferrari cumpre rigorosamente tal meta, por exemplo.

“Ainda estamos um pouco pesados”, admitiu Verstappen. ”É uma limitação que temos, ainda precisamos perder peso com o carro, o que estamos trabalhando”, reconheceu o atual campeão mundial.

O pesado RB18 na Áustria, sempre com a Ferrari na cola (Foto: Red Bull Content Pool)

Para perder peso – o que se faz necessário, pois -, a Red Bull precisa recalcular a rota de desenvolvimento do RB18. E nesse percurso de redescobrimento, a ser desbravado, o descontente Sergio Pérez quer ver mudanças significativas. Pois é, equipe taurina… quando chove, cai uma tempestade. Ou melhor: desgraça pouca é bobagem.

“Não me sinto tão confortável no carro como no início do ano, digamos assim. Então acho que primeiro tenho de entender o que está acontecendo”, disse Pérez, em entrevista ao site Motorsport-Total. Vou traduzir essa fala para você, que está lendo o texto: ‘Checo’ quis propositalmente levantar dúvidas sobre o desenvolvimento do RB18, dando a entender que as atualizações do carro caminham mais para o lado de Verstappen.

Sergio Pérez: insatisfeito com a direção que o RB18 vai tomando (Foto: Red Bull Content Pool)

O atual campeão mundial rebateu, evidentemente. RB18 adequado ao estilo de pilotagem do holandês? Nada disso. “Nós sempre tentamos fazer o carro mais rápido e, o que quer que eles atualizem no carro, você tem de se adaptar a isso,” apontou Verstappen. “E isso é exatamente o que eu tenho feito. “É claro que opino sobre o que gostaria no meu carro em geral, mas as atualizações no carro não são projetadas especificamente para mim. É apenas mais ritmo”, finalizou.

É exagero falar em crise interna. Ainda que fosse justificável a Red Bull optar por deixar o RB18 mais com a cara de Verstappen – afinal, o holandês é um piloto significantemente melhor do que Pérez, com um potencial muito maior -, não dá para dizer que já são tortuosas as águas em que a equipe dos energéticos navega. Mas há um climinha de desarmonia, fato. 

A derrota da Red Bull na Áustria foi um pequeno golpe da Ferrari. Um sinal de que ‘olha, eu não morri ainda, viu? Vacila para você ver’. Tem que gerar preocupação nos taurinos, visto que não só o controle dos pneus, como também na velocidade da reta, a escuderia italiana parece ter encostado bem. As tabelas da F1 2022 oferecem conforto, sim, mas a maneira com que perdeu em Spielberg precisa fazer a equipe de Christian Horner ligar o sinal amarelo.

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