Opinião GP: F1 ignora protagonistas, bate-cabeça e passa vergonha por própria culpa. E agora precisa aprender a ouvir

Ainda que a corrida na Austrália tenha sido muito melhor do que se esperava, o fim de semana de abertura do Mundial será marcado pelo bate-cabeça da F1 em torno do sistema novo de classificação, implantado às pressas e sem nenhum ensaio

QUANDO SURGIU a informação de que a F1 estava prestes a mudar o sistema de classificação, como mais uma forma de embaralhar as cartas e tornar as corridas mais emocionantes, a notícia foi recebida com espanto, porque, afinal, a definição do grid não é exatamente o maior problema enfrentado pela maior das categorias. O formato antigo já estava bem consolidado e garantia uma disputa real pela posição de honra, no fim das contas. Mas vai lá. 
 
Ainda assim, o Mundial decidiu alterar as regras às pressas. E as responsáveis pelas mudanças foram as equipes. Foram os chefes que elaboraram todo o sistema e o colocaram para a aprovação do Conselho Mundial da FIA, que acabou acatando. No meio do processo, os protagonistas se manifestaram. Os times haviam colocado a proposta da mesa, discutido, mas não perguntaram o que os pilotos achavam. Ou o que os fãs pensavam. 
 
Aí alguém lembrou que era importante ouvi-los. A reunião, que não contou com a presença de todos, aconteceu na semana final dos testes em Barcelona. E a resposta dos astros foi negativa e praticamente unânime. Assim como o senso geral, os competidores entenderam que não havia necessidade de mudar e que o formato novo não daria certo.
A F1 precisa aprender a ser humilde e ouvir. Para que fiascos como o da Austrália não mais se repitam (Foto: Getty Images)
Diante da sólida reação, o que foi que aconteceu? Sim, os chefes ignoraram a posição dos pilotos e aprovaram, mesmo assim, as novas medidas, sem testá-las, às vésperas do GP da Austrália. 
 
Logo depois da aprovação, dirigentes como Christian Horner afirmaram que o sistema ‘dança da cadeira’ não causaria nenhum problema para as equipes e que a F1 não deveria ter medo de mudar. Sim, de fato, a categoria não deve temer e precisa evoluir em muitos pontos, mas também tem de reconhecer que a mudança pela mudança não vai resolver os problemas.
 
O mesmo Horner, depois de toda a enxurrada de críticas logo após a primeira experiência com o treino classificatório, veio aos microfones dizer que a F1 deveria pedir desculpas aos fãs e repensar com calma tais alterações. Toto Wolff, chefe da Mercedes, foi na mesma linha, acrescentando que o sistema era um lixo. Bernie Ecclestone chamou de porcaria. 
 
E os pilotos, hein? A melhor frase talvez tenha sido de Sebastian Vettel. “É uma merda, está tudo errado. E nós avisamos”. Avisaram mesmo, mas quem ouve? Agora, a F1 vai voltar ao sistema antigo, também por determinação das equipes. 
 
Portanto, a lição que fica deste caos, como bem definiu Felipe Massa lá no início, é que a F1, antes de qualquer coisa, precisa aprender a ouvir seus protagonistas e aqueles que deseja manter nas arquibancadas e diante da TV. Outro bate-cabeça só vai reforçar a ideia de que o navio segue sem muito rumo.
 
Sorte da boa corrida
 
Mesmo confusa, a F1 ainda é capaz de se redimir algumas vezes. E desta vez, o GP da Austrália não decepcionou. A prova em Melbourne foi movimentada. A escolha de pneus e a estratégia das duas principais forças do campeonato foram decisivas. A Mercedes provou que estava certa em seus long runs durante a pré-temporada com os pneus médios, enquanto a Ferrari apresentou uma promissora velocidade com os supermacios – mais uma vez, a equipe italiana construiu um carro que enfrenta bem o desgaste do grudentos pneus mais macios da Pirelli. Boa sacada.
 
Foi positivo também o triunfo de Nico Rosberg, que, ao que parece, vai manter a boa forma do fim da temporada passada, o que sempre é uma boa notícia para a briga pelo título. 
 
A estreia da Haas foi o momento carisma do domingo. Romain Grosjean foi a aposta certeira da equipe norte-americana, além da parceria com a Ferrari. Chegou chegando, como diriam. A decepção de forma geral foi a Williams, mas principalmente a Toro Rosso, apesar de divertida a discussão incessante de Max Verstappen nos boxes.

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A nota negativa, claro, foi o forte e assustador acidente de Fernando Alonso na primeira parte da corrida. Ao calcular mal a ultrapassagem, o veterano bateu em Esteban Gutiérrez e destruiu o carro em uma batida que há muito não se via na F1. O que tirar do incidente? A segurança dos carros. Alonso saiu sozinho, ainda que meio grogue. O Halo ou o tal para-brisa da Red Bull teriam pouco efeito, mas o que ficou claro é que habitáculo continua bastante seguro.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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