A Fórmula 1 reviveu nas últimas semanas. O abismo do GP da França, um dos mais chatos dos últimos anos, virou história do passado após corridas na Áustria e na Inglaterra que tiveram disputas intensas e resolvidas na marra. Ninguém precisa pensar muito para perceber qual é o ponto em comum entre as boas corridas: o fato de que os comissários da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) resolveram parar de pegar pesado com investigações e punições.
Os exemplos estão postos à mesa, e
ambos envolvem Max Verstappen e Charles Leclerc. Na Áustria, Verstappen forçou a barra para conseguir ultrapassagem sobre Leclerc no apagar das luzes, o que assegurou a vitória. Duas semanas depois, já na Inglaterra, outro tipo de enrosco: Charles foi prensado de leve por Max em briga pelo quinto lugar. O monegasco retribuiu
empurrando o holandês para fora da pista na curva Club. Mesmo fora do traçado, Verstappen deu um jeito de tracionar a ponto de retomar posição. No caso britânico, nada foi sequer investigado
O caso da Inglaterra foi ainda melhor, porque o lance não foi sequer investigado – ao contrário do da Áustria, quando os comissários precisaram de três horas para dar a palavra final sobre Leclerc contra Verstappen. Agora a F1 parece capaz de não só evitar punições, como também assumir tal postura com mais firmeza. É uma evolução tão translúcida quanto rápida.
Charles Leclerc e Max Verstappen duelam roda a roda em Silverstone (Foto: F1/Twitter)
A política ‘segue o jogo’ é pedido antigo dos fãs da F1. Um pouco por saudosismo e outro tanto por racionalidade, foram anos ouvindo do público que as punições eram exageradas demais e apresentavam uma categoria decadente, sem o apelo de outrora. Ainda é um campeonato cheio de falhas e problemas que precisam de solução, mas seria injusto deixar de aplaudir a nova atitude. Ninguém liga a TV em um domingo de manhã, abrindo mão de valiosas horas de sono, para ver alguém recebendo punição de 5s por atacar a zebra um pouco além da conta e colocar um pneu para fora da pista. É por conta de disputas como as de Verstappen com Leclerc, aquelas que nos deixam agitados e rendem horas e horas de discussão – saudável, porque todos gostaram de como os comissários agiram.
Entretanto, seria um pouco além da conta ignorar a estranheza de isso acontecer apenas agora, em julho e quase na metade da temporada. Não faz muito tempo que Sebastian Vettel escapou da pista no Canadá, voltou como pôde e levou 5s de punição. Por mais que o lance do alemão em nada tenha a ver com os lances de Verstappen e Leclerc nas últimas semanas, está claro que a Fórmula 1 precisou agir. Ainda sob pressão, sofrendo com as crítica pelo que foi considerada uma punição exagerada, a categoria parece ter visto a ficha cair. Já não é mais uma questão de garantir uma corrida 100% justa, com punições agindo como alicerces necessários para que os pilotos não façam coisas que não deviam. É questão de deixar que os pilotos, eles próprios, entendam-se do jeito que for. Claro, há limites –
vide Vettel enchendo Verstappen em Silverstone –, mas a atitude menos ativa e autoritária dos comissários é uma rajada de ar fresco.
O GP da Áustria já tinha mostrado uma nova postura da F1 (Foto: Reprodução)
Alguém poderia dizer que a F1 é inconsistente ao não agira assim desde a Austrália. É crítica válida, bem válida. Mas é necessário aplaudir também a vontade de corrigir o que há de errado. Já pensou se a categoria resolve punir Verstappen na Áustria por empurrar um rival e na Inglaterra por sair da pista e ganhar vantagem? A imagem de uma categoria que já não é tão prestigiada quanto antes sofreria golpes duros.
Por fim, é importante ressaltar que é exagero dizer que a relação entre punições e qualidade das corridas é linear e simples. Uma corrida sem piloto punido não é garantia de thriller, vide Paul Ricard. Mas é um jeito de a própria F1 se ajudar: chegou a hora de parar de se sabotar e aproveitar as oportunidades de ter bons GPs – como o Canadá deveria ter sido. Nos próximos meses de 2019, a F1 vai receber novas chances de ter boas corridas, e estas poderão ser saboreadas pelo público unicamente por conta do bom
A vitória teve gosto muito especial para Hamilton. Foi a sexta em casa, na Inglaterra, o que representa um novo recorde.
Relacionado
🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!
Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.