Newey afirma que regulamento da F1 dá peso demais aos motores: “É difícil uma fabricante de chassis contornar isso”

O projetista da Red Bull, Adrian Newey, afirmou que o regulamento do Mundial de F1 deveria equilibrar mais a performance do piloto, das fabricantes de chassis e das fornecedoras de motores. Do jeito que é hoje, é praticamente impossível contornar uma vantagem de uma unidade de força apenas com o trabalho no carro, segundo o ‘mago da aerodinâmica'

Um dos grandes críticos das cada vez maiores limitações feitas pela FIA à liberdade para se inventar nos carros de F1 nos últimos anos, Adrian Newey disse que o atual regulamento da F1 dá importância demais às unidades de força — o que torna bastante difícil para que sua equipe contorne um déficit de 10% que o motor Renault tinha em relação ao Mercedes no início da era dos V6 turbo.
 
Newey, que vai aos poucos se afastar da categoria ao longo dos próximos meses para se dedicar a outros projetos dentro da Red Bull Technology, disse que as regras deveriam favorecer um equilíbrio entre o desempenho do piloto, do chassi e do motor.
 
“A F1 deveria ser uma mescla da performance do piloto, do chassi e do motor, e as regras atuais são muito voltadas ao motor e muito limitadas para os chassis. Então, se uma fornecedora de motores aparece à frente, é difícil para uma fabricante de chassis fazer a diferença o bastante para contornar isso”, afirmou o engenheiro na última semana durante os testes da F1 em Jerez.
Adrian Newey acredita que os chassis precisam ter mais peso no regulamento da FIA (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Depois de quatro anos de domínio da Red Bull entre 2010 e 2013, a Mercedes comandou o campeonato de 2014 — e é sabido que o V6 turbo alemão era superior ao da Ferrari e ao da Renault.
 
Segundo Newey, a diferença entre o motor Renault da Red Bull e o Mercedes era estimada em 10% na última temporada. “Falando de uma forma simplória, 1% de potência de motor é 0s1, e 1% de aerodinâmica é 0s1”, resumiu. Apesar do número semelhante dado por ele, o raciocínio é que as restrições impostas pelo livro de regras impedem que se possa compensar com o chassi e a aerodinâmica a desvantagem de potência de uma unidade de força.
 
“Para a Renault, não é algo que é fácil para recuperar em um curto período de tempo. Acho que fizeram um bom trabalho no desenvolvimento durante o inverno, mas a natureza do desenvolvimento de motores é de que é preciso de um longo período”, comentou o inglês.
 
Apesar das restrições aerodinâmicas, Newey afirmou que foi capaz de encontrar pontos que podiam ser melhorados no RB10 e aplicou este conhecimento no RB11.
 
No campeonato do ano passado, a equipe conquistou três vitórias, todas elas com Daniel Ricciardo: no Canadá, na Hungria e na Bélgica.

Ainda motivado

Embora tenha decidido se afastar da F1 após mais de duas décadas sendo um dos mais conceituados projetistas da categoria, Adrian Newey continua motivado para fazer um bom trabalho em 2015. É o que garante o chefe da Red Bull, Christian Horner. O dirigente não descarta, também, que Newey volte a ter um envolvimento maior com a F1 no futuro caso os regulamentos voltem a ser mais permissivos

"Quem sabe? Está bem longe isso. Mas ele ainda está motivado, dá para ver. Se as regras mudarem e se tornarem mais abertas, talvez isso abra o apetite dele para ficar mais envolvido. Mas ele está curtindo a chance de encarar novos projetos", disse.

A Red Bull já anunciou que Newey vai passar a se dedicar a um projeto relacionado à America's Cup, tradicional corrida de barcos. Mas, segundo Horner, a atuação de Newey como consultor do departamento técnico do time de F1 vai continuar, com o engenheiro dividindo seu tempo em uma escala 50%-50%.

OS 10+ DA PRIMEIRA SEMANA

Por quatro dias, oito equipes marcaram presença no circuito de Jerez, na Espanha, para os primeiros testes da pré-temporada. Naturalmente, a curiosidade para se acompanhar as atividades na pista andaluz era grande, e também há diversos pontos a se destacar após essa primeira bateria de treinos coletivos. A liderança da Ferrari, o dia em que o brasileiro Felipe Nasr foi o mais rápido, os problemas da McLaren e a pintura da Red Bull foram alguns dos aspectos que chamaram a atenção. 

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O SOM AO REDOR
Tempos mais baixos, menos problemas e mais barulho. Dá para resumir assim, do ponto de vista dos motores V6 turbo, a semana de testes da F1 em Jerez de la Frontera, abrindo a pré-temporada de 2015. Introduzidas em 2014, essas unidades de força que atrelam sistemas híbridos ao motor de combustão interna vêm recebendo muitas críticas desde o princípio desta nova era.
 
Há cabos eleitorais fortes que pedem a mudança do regulamento — a alternativa mais defendida neste momento é a adoção de propulsores com 1000 cavalos de potência. Mas é incontestável como, com o passar do tempo, nota-se uma evolução.

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FORA DE NOVO
O momento da Force India não é bom. Após perder a primeira bateria de testes em Jerez, o time indiano está fora da segunda sessão de treinos coletivos, que acontece em Barcelona e corre o risco de perder a terceira também. A confirmação veio nesta sexta-feira (6) por meio do chefe-adjunto do time Bob Fernley à BBC, que citou a falência de Marussia e Caterham e a demora para assinar contrato para ter o túnel de vento da Toyota como principais fatores para o atraso na produção do VJM08.
 
Fernley garantiu que não há a menor possibilidade do VJM08 estar pronto para a segunda bateria de testes, agora em Barcelona, mas explicou que a intenção do time é ter o novo carro pronto para a última sessão de testes. 

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