Ainda no sábado do treino classificatório, porém, Vettel deu uma empolgada. Ao ver que a Ferrari não estava tão longe assim: ficou em segundo e menos de 0s1 atrás de
Lewis Hamilton. Dava para ganhar.
Sebastian Vettel (Foto: Reprodução/Twitter)
"Acredito que sim, mas depende de outras coisas que não posso comentar ainda. Como vimos hoje, há chuva no ar e, se vier no momento certo para você, pode ser ótimo. A Mercedes tem uma vantagem que não desapareceu. Ainda está lá, então temos que cuidar disso", comentou após a classificação.
O domingo amanheceu com bastante calor e sem chuva – aliás, com a prova realizada num horário mais cedo que edições anteriores, as chances de precipitação agora caíam. Na largada, Vettel não encostou em Hamilton: a briga inicial era conter o ataque de
Nico Rosberg e defender a segunda posição, o que conseguiu fazer.
A primeira grande movimentação da prova aconteceu logo na terceira volta, quando
Marcus Ericsson saiu da pista após rodar na entrada da curva 1. Como o sueco ficou preso na brita, safety-car foi chamado. Hamilton e Rosberg optaram por parar logo neste momento e colocaram pneus duros, enquanto Vettel seguiu na pista e de cara para o vento. O carro de segurança saiu na volta seis e, de pneus médios ainda novos, Vettel começou a abrir na liderança.
A dupla prateada começou a limpar o pelotão e se posicionar em segundo e terceiro, mas apenas Hamilton demonstrava algum fôlego para alcançar Vettel e começou a tirar 0s2 por volta no giro 15 de 56. A Ferrari chamou o alemão somente na volta 18 e colocou novamente os pneus médios, deixando claro que a Ferrari adotara uma tática oposta a da Mercedes para tentar surpreender.
Com pneus mais macios e bem mais novos, Vettel voltou em terceiro e rapidamente passou por Rosberg, logo na 22ª volta, e passou a caçar Lewis. Mas a caça durou pouco, porque a Mercedes viu que a situação se complicara e chamou Hamilton para os boxes no 23º giro para colocar pneus médios. Rosberg também parou, cinco voltas depois, mas buscou uma terceira estratégia: outro jogo de pneus duros.
Vettel andava de maneira consistente, mas agora era Hamilton quem tinha pneus mais novos e diminuía a distância a olhos vistos, enquanto Rosberg ainda negociava o retorno ao terceiro lugar com
Kimi Räikkönen. Já na volta 38, quando Hamilton tinha um pneu de 15 voltas de idade e cada vez mais perto de Vettel, a Ferrari chamou o alemão para uma segunda troca de pneus. Vettel pôs os pneus duros e retorno ainda na frente de Rosberg e 9s atrás do líder Hamilton.
Hora da captura? Não. A Mercedes não gostou do cenário que se apresentava, com Hamilton de pneus velhos tendo que segurar Seb por quase 20 voltas, e chamou o inglês de volta aos boxes. Hamilton voltou em terceiro e novamente de pneus duros. Aí, então, Vettel tinha boa frente e contava com pneus quase tão novos quanto Hamilton, que não conseguia mais se aproximar de forma perigosa. Rosberg naufragou na decisão de voltas antes e sequer conteve Hamilton, que logo ultrapassou e retomou o segundo lugar.
Sebastian Vettel (Foto: Reprodução/Twitter)
Desta forma, Vettel caminhou sem muita pressão nas voltas finais para vencer o GP da Malásia por mais de 8s5 de vantagem, o primeiro triunfo vestido de vermelho e o retorno da Ferrari às vitórias: a última fora de
Fernando Alonso, na Espanha, em 2013. Quase dois anos antes.
"Para ser honesto, e eu não deveria dizer isso, mas eu estava me cagando nas últimas voltas por causa dos pensamentos que passavam pela minha cabeça. Eu olhava por cima do chassi e pensava 'este é o carro vermelho e você está prestes a vencer'. Então pensei, OK, pare de pensar nisso, do contrário vai errar a curva ou algo assim",
falou logo após a prova.
"É um dia fenomenal. Qual a sensação? É incrível, e estou muito orgulhoso. Ver os caras quando eu estava no pódio e olhava para baixo, é uma atmosfera incrível. Não tem como não lembrar das vitórias que Fernando [Alonso] teve com a Ferrari, e especialmente as que Michael [Schumacher] comemorou com eles, eu acho que foram uma ou duas! É incrível me tornar parte desta equipe. É algo especial que me deixa muito feliz", brincou.
A última vitória de Vettel havia sido no GP do Brasil de 2013, ainda com a Red Bull. "Foi um grande alívio quando eu recebi a bandeirada e vi os caras lá do pódio, um dia realmente especial. Um muito obrigado a todos os mecânicos e engenheiros, e todos da equipe em Maranello. Há muita gente lá e muito potencial neste projeto", concluiu.
Vettel venceria mais duas vezes em 2015, na Hungria e em Singapura. Em cinco temporadas de Ferrari, Seb foi duas vezes vice-campeão mundial e conquistou 14 vitórias e 52 pódios.