Na Garagem: em Suzuka, Schumacher supera Fangio como maior campeão da F1

Há exatos 12 anos, no dia 12 de outubro de 2003, Michael Schumacher coroou uma grande temporada com o título na última corrida daquele ano, o GP do Japão. Bastou ao alemão um décimo lugar para confirmar o seu sexto título mundial e superar o mítico argentino Juan Manuel Fangio como o maior campeão da história do esporte

O dia 12 de outubro de 2003 entrou para a história da F1 porque marcou a coroação do maior campeão da categoria em todos os tempos. Em Suzuka, no mesmo circuito onde quebrou o jejum de mais de duas décadas sem título da Ferrari, Michael Schumacher deu sequência à sua trajetória dourada por Maranello ao confirmar seu sexto título mundial. A conquista colocou Schumacher em um novo patamar: depois de superar o lendário Juan Manuel Fangio, o alemão se colocava como o maior campeão da história do esporte.

Mas embora tenha vencido seis corridas em uma temporada de 16 provas, a conquista do hexacampeonato não foi fácil para Schumacher. Mas bastou um pontinho suado para a apreensão dar lugar ao grito de campeão.

Schumacher comemora com a Ferrari o título do Mundial de Construtores e a façanha de Schumacher (Foto: Ferrari)

Na temporada de 2003, os pilotos treinavam na ordem inversa da classificação do campeonato. O objetivo era fazer com que os pilotos à frente na tabela fizessem o treino de qualificação com a pista menos emborrachada, de forma a equilibrar o grid. Por conta da regra, os dois postulantes ao título, Michael Schumacher e Kimi Räikkönen, largaram em 14º e oitavo no grid de Suzuka, respectivamente.

Quando a F1 chegou ao Japão para a 16ª e última etapa da temporada de 2003, Schumacher tinha 92 pontos, contra 83 de Räikkönen. Schumacher só precisava de um ponto para ser hexacampeão e se tornar o maior piloto da história Para o finlandês, em sua terceira temporada na F1, só interessava a vitória no Japão além de torcer para que o rival não pontuasse.

As trajetórias de ambos até a decisão em Suzuka foi bem diversa. Schumacher teve um início de ano vacilante, com um quarto posto na Austrália, um sexto na Malásia e abandono no Brasil e viu Kimi ir três vezes ao pódio no mesmo intervalo. Nas próximas cinco provas, Schumacher obteve quatro vitórias e um terceiro lugar. Após a vitória no Canadá, na metade da temporada, o alemão tomava a ponta do campeonato do finlandês.

Na segunda metade do certame, nem Schumacher nem Kimi venceram nas cinco primeiras corridas. No verão europeu, as Williams-BMW cresceram na disputa, e Ralf Schumacher venceu nos GP da Europa e da GP da França. Já Juan Pablo Montoya triunfou no GP da Alemanha. Além disso, Fernando Alonso venceu a primeira da carreira na Hungria e Rubens Barrichello conquistou o GP da Inglaterra. Por causa da vitória de David Coulthard na Austrália e de Giancarlo Fisichella no Brasil, a F1 teve oito vencedores de cinco equipes diferentes em 2003.

Circuito que deu tantas alegrias ao automobilismo brasileiro, Suzuka viu Barrichello vencer em 2003 (Foto: Ferrari)

Räikkönen se manteve na disputa apesar de não vencer desde a segunda etapa, na Malásia, por conta da sua regularidade. O finlandês obteve seis segundos lugares e um terceiro até o Japão. Com exceção dos abandonos na Espanha e no GP da Europa, Kimi pontuou em todas as outras 13 etapas até Suzuka.

Schumacher somou apenas 18 pontos entre as etapas da Europa e da Hungria e viu a liderança na tabela virar pó: após a prova em Hungaroring, Schumacher tinha 72 pontos; Montoya, 71; Kimi, 70. O alemão só voltou a ver a bandeira quadriculada em primeiro na Itália e nos Estados Unidos, vencendo seis etapas no ano. Com o sexto lugar de Montoya em Indianápolis, a disputa ficou entre o ‘Barão Vermelho de Maranello’ e o ‘Homem de Gelo’.

Rubens Barrichello dominou os treinos e marcou a pole com o tempo de 1min31s713, enfiando 0s7 sobre Montoya. Seria um indicativo da performance do brasileiro na corrida. O colombiano da Williams marcou 1min32s412. Correndo em casa no Japão, porém nos domínios da Honda, a Toyota fez bonito com o brasileiro Cristiano da Matta e Olivier Panis ocupando a segunda fila. Com Schumacher e Kimi saindo do fundo, a corrida prometia fortes emoções.

Rubens e Montoya haviam se tocado em Indianápolis, mas passaram limpo pela primeira curva e o colombiano assumiu a ponta e abriu vantagem em Suzuka. Mas Barrichello recuperou a liderança com a falha hidráulica de Montoya na volta 9. Fernando Alonso, graças ao sistema de largada da Renault, tomou as posições de Panis e da Matta e era o terceiro até a quebra do motor, no 18º giro.

Assim, Barrichello estava tranquilo na ponta e abria vantagem. Schumacher e seu irmão caçula, que largou da 20ª e última posição, ganhavam terreno: Ralf era décimo e Schumacher era 12º, mas Räikkonen já era o terceiro, com um terço da corrida já transcorrido. Mas o finlandês precisava descontar mais de 15s para Barrichello se quisesse ser campeão do mundo.

Schumacher havia caído para último após tocar Sato na volta 7 e precisou recomeçar a corrida. Ele estava em 20º, atrás até das Minardi. Em apenas 18 voltas, Schumacher já era o décimo e, com as paradas nos boxes, subiu para sexto. Ao voltar da sua segunda parada, na volta 37, ele caiu novamente para décimo e precisava ganhar pelo menos duas posições.

Kimi Räikkönen foi ao pódio em Suzuka, mas não foi o bastante para ser campeão (Foto: McLaren)

O alemão se viu numa briga com o irmão e Da Matta. O brasileiro freou bruscamente na chicane e, para não bater, Schumacher jogou o carro em cima de Ralf, danificando o bico dianteiro da Williams. Com as paradas de Ralf para reparos e de Panis para reabastecimento, o alemão estava em oitavo na volta 40. A Ferrari pediu ao alemão que levasse o carro até o fim, pois a posição assegurava o hexacampeonato.

A McLaren pediu a Coulthard que trocasse de posição com Räikkönen. O finlandês era o segundo e só esperava uma falha mecânica de Barrichello para tentar ser campeão do mundo. A quebra não aconteceu, e Räikkönen lamentou a perda do título por conta da péssima posição de largada. O “Homem de Gelo” tentou o que podia para reverter a vantagem do alemão, mas seria impossível alcançar Barrichello, vencedor de maneira irretocável.

Quando Barrichello viu a bandeira quadriculada, na 53ª volta, ele não conquistou apenas a 7ª vitória na carreira. O resultado assegurava o hexacampeonato de Schumacher. O sexto título fazia do alemão o maior piloto da história, batendo o recorde de Juan Manuel Fangio, obtido ainda em 1957. A Ferrari obteve o quinto título seguido de Construtores com a vitória do brasileiro.

Essa corrida foi a última ocasião na qual o GP do Japão encerrou a temporada. O GP nipônico de 2003 também marcou a despedida da F1 para cinco pilotos: Heinz-Harald Frentzen, Jos Verstappen, Justin Wilson, Nicolas Kiesa e Ralph Firman.

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