Mercedes e Ferrari impressionam e Red Bull repete tática de ‘esconde-esconde’ nos testes de Barcelona

Assim como nos testes de pré-temporada realizados no ano passado no circuito da Catalunha, a Red Bull escondeu o jogo nos treinos coletivos deste início de 2013. Mercedes e Ferrari se destacaram em uma bateria de treinos. Mudança de clima e avaliação dos pneus chamaram a atenção nos últimos quatro dias

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As Flechas de Prata de Nico Rosberg e Lewis Hamilton brilharam na terceira e última bateria de treinos coletivos da pré-temporada da F1 em 2013 em Barcelona. Depois de dois dias marcados pelo mau tempo e pela pista úmida, o sol finalmente deu as caras no fim de semana, e tanto o sábado quanto o domingo tiveram muito sol, num clima primaveril no circuito de Montmeló. E aí, a Mercedes deu as caras, com a Ferrari assumindo o papel de principal coadjuvante. Já a tricampeã mundial Red Bull repetiu a tática de ‘esconde-esconde’ adotada nas últimas pré-temporadas e ficou longe de priorizar tempos de volta.

A estrela da Mercedes começou a brilhar no sábado, quando Hamilton deixou os oponentes comendo poeira e ficou com a melhor marca da semana, superando Felipe Massa e sua Ferrari F138. No domingo, foi a vez de Rosberg brilhar e confirmar o W04 como o carro mais rápido na Catalunha. Com o tempo de 1min20s138, Nico garantiu o melhor tempo de toda a pré-temporada em Barcelona, sendo também o piloto com mais voltas completadas nos últimos quatro dias: 251 voltas, ou 1.168,40 km.

Dona do carro mais rápido da pré-temporada, a Mercedes testou muitas novidades (Foto: Mercedes)

Mas também é preciso destacar o bom rendimento da Ferrari nos últimos dias na Catalunha. Não só com Massa, mas também com Fernando Alonso, dono da segunda melhor marca desta bateria derradeira que antecede o início do Mundial, ficando a 0s364 do alemão da Mercedes e menos de 0s1 à frente de Hamilton. Assim como o duo do time de Brackley, o bicampeão do mundo registrou seu melhor tempo com pneus macios. Aliás, todos os pilotos, menos um, usaram os pneus identificados pela cor amarela para alcançarem suas melhores marcas.

A exceção ficou por conta de Massa. Quarto mais rápido em Barcelona, Felipe registrou seu melhor tempo, 1min21s266, com pneus supermacios, definindo um top-4 protagonizado pelas tradicionais Mercedes e Ferrari.

Aliás, o rol dos quatro primeiros se destacou pela confiabilidade dos seus carros. Rosberg, Alonso, Hamilton e Massa ultrapassaram a marca bicentenária de voltas em Barcelona sem muitos problemas, embora a Ferrari tivesse sofrido com certa falta de tração traseira em alguns momentos.

Nesse sentido, o W04 se mostrou bem mais equilibrado e foi alvo de elogios dos seus pilotos, que destacaram o potencial do novo carro prateado, mas foram na linha do ‘treino é treino, corrida é corrida’. E, levando em conta o histórico da Mercedes na pré-temporada nos últimos anos, a cautela é mais do que válida.

A Ferrari, por sua vez, cumpriu um cronograma bastante extenso nos últimos dias: simulação de classificação e corrida; análise aerodinâmica dos sidepods e da traseira da nova F138; testes com difusores e variação no sistema de escapamentos para otimizar aerodinamicamente o fluxo dos gases. Além disso, o DRS passivo foi testado, mas segundo informações da equipe, o ganho obtido com o sistema é mínimo neste princípio de Mundial. E neste meio tempo, foram encontrados problemas no mínimo estranhos na base da suspensão na roda dianteira direita, que escapou tanto com Massa no sábado, quanto com Alonso no domingo. Outro problema apresentado pela F138 é que o carro não teve bom rendimento com os pneus em temperatura mais baixa, sobretudo com os médios.

A Ferrari teve trabalho, mas deixou boa impressão após os testes em Montmeló (Foto: Ferrari)

Já a McLaren, pelo menos em termos de tempo de volta, foi a ‘melhor do resto’ com Jenson Button, que ocupou a quinta colocação no combinado dos tempos em Montmeló. Sergio Pérez, por sua vez, fechou sua participação com a 15ª marca, mas aí fica evidente o foco diferente programado para cada piloto na Catalunha: Button foi 1s2 mais rápido que o jovem mexicano, contratado para assumir a dura missão de substituir Lewis Hamilton.

Mas, independente dos tempos de volta, a McLaren permanece como incógnita neste começo de Mundial. O MP4-28 foi considerado por Button — segundo piloto mais experiente da F1 — como difícil de entender. Pérez foi na esteira do mesmo discurso do novo parceiro de equipe e ainda disse que não está 100% adaptado ao bólido. Outro fator que pode mudar o jogo de forças da F1 neste começo de ano é que o MP4-28 traz um novo sistema de suspensão dianteira pull-rod, e ainda não é possível precisar o quanto essa inovação melhorou (ou piorou) o desempenho em comparação com 2012.

Por sua vez, a Red Bull cumpriu um cronograma bastante usual e adotou um cronograma de modo a não evidenciar todo o potencial do novo RB9, que parece bem-nascido. Nos últimos quatro dias, os taurinos realizaram simulações de corrida e avaliações aerodinâmicas. Já o DRS passivo foi pouco testado — apenas no sábado — e o sistema não trouxe grande rendimento. Por outro lado, a nova joia construída em Milton Keynes apresentou boa relação de consumo com os pneus, o que é um fator crucial.

Assim, em termos de tempos de volta, a equipe tricampeã do mundo se mostrou discreta: 12º lugar com Sebastian Vettel, que completou 165 voltas, ficando duas posições à frente do seu velho parceiro Mark Webber, que rodou um pouco menos: 149 giros. Ambos tiveram tempos bem parecidos: 1min22s514 para Seb, apenas 0s144 mais rápido que o veterano.

A Red Bull escondeu o jogo, mas testou muitas novidades em Montmeló (Foto: Getty Images)

A Lotus também apareceu bem nesta última bateria da pré-temporada. Tanto que na última sexta-feira, Romain Grosjean fechou a sessão com o melhor tempo. Contudo, o franco-suíço registrou essa marca com a pista longe das suas melhores condições por conta do frio e dos fortes ventos em Barcelona nos dois primeiros dias de testes. No acumulado dos tempos, Romain ficou em 16º, enquanto Kimi Räikkönen, no apagar das luzes, neste domingo, conseguiu a oitava melhor volta, com 1min21s658.

Ao longo dos dias, a Lotus apresentou problemas em seu sistema de câmbio, o que sempre representa uma preocupação. Outro revés foi que Kimi não participou das atividades do último sábado por conta de uma intoxicação alimentar, o que prejudicou o cronograma da equipe. Mas, no fim das contas, o belo E21 aurinegro apresentou bom ritmo tanto em voltas lançadas quanto em ritmo de corrida. Nos últimos dias, a escuderia chefiada por Éric Boullier também apresentou mudanças sutis em seu projeto, como o DRS passivo e o sistema de escapamentos.

Equilíbrio no pelotão do meio

Se entre as grandes equipes da F1 o cenário é incerto, entre os times do pelotão intermediário ainda é impossível prever o nível de cada um dos times. Mas, a julgar pelos testes, dá para ter uma ideia de que haverá muito mais equilíbrio do que no ano passado.

A Sauber, que veio em 2013 com uma nova dupla de pilotos, formada por Nico Hülkenberg e Esteban Gutiérrez, apresentou bom rendimento e se mostrou equilibrada e constante. Tanto o experiente alemão quanto o novato mexicano alcançaram boa quilometragem — perto das 200 voltas, cada —, indicando que o C32 é tão bem-nascido quanto foi seu antecessor. Hülkenberg aparece na sexta posição da tabela de tempos graças ao tempo obtido no último domingo, dia em que a pista apresentou as melhores condições de toda a pré-temporada em Barcelona.

Nico foi seguido por outro alemão, que volta à F1 após um ano sabático. Adrian Sutil venceu a concorrência com Jules Bianchi e assumiu o cobiçado cockpit da Force India, reeditando a dupla com Paul di Resta. E o piloto de ascendência uruguaia mostrou que está em forma e não desaprendeu, andando bem nos dias em que esteve na pista. No combinado dos tempos desta última sessão da pré-temporada, Sutil, foi o sétimo e completou 171 voltas livre de problemas em Montmeló. O VJM06 se mostrou bem equilibrado e constante. Di Resta, por sua vez, andou no mesmo ritmo de Adrian e fechou a semana com o nono tempo, apenas 0s037 mais lento que o germânico.

A Williams também deu muitos passos à frente neste inverno (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

Destaque também para a Williams, que vem com um carro bastante superior ao seu antecessor. A ponto de Pastor Maldonado, líder da equipe, dizer que o FW35 é o melhor carro que guiou na vida. Em todos os dias de treino, a escuderia britânica sempre andou perto dos ponteiros e foi talvez a que mais trabalhou na aerodinâmica do seu novo bólido: traseira, sidepods, asa dianteira, sistema de escapamento, assoalho, tudo foi mexido pelo time chefiado por Mike Coughlan. E parece que o resultado foi bom. Maldonado garantiu o décimo melhor tempo dos treinos, enquanto Vatteri Bottas, o talentoso finlandês que estreia neste ano, terminou logo atrás, em 11º.

Até mesmo a Toro Rosso apresentou boa performance com seu STR8, ainda que sua posição no combinado dos tempos dessa semana faça parecer o contrário. O novo carro, cujo projeto foi comandado por James Key, rendeu muito bem, não só nesta semana, mas como também na semana passada em Montmeló. Mas nos últimos dias, o cronograma da equipe previu long-runs justamente quando a pista melhorou, e aí obviamente os tempos de volta foram inferiores às outras equipes do pelotão do meio. Mas o STR8 indica ser bem melhor que o carro do ano passado, o que deve gerar um equilíbrio ainda mais intenso do que em 2012.

Marussia surpreende e aparece melhor que Caterham

Uma das grandes surpresas desta pré-temporada foi perceber que a Marussia, fadada ao último posto da F1 com a bancarrota da HRT, começou 2013 alguns passos à frente da Caterham. Claro que aí é preciso colocar um fator chave: a escuderia anglo-malaia deixou de lado um projeto sólido e abriu mão de dois pilotos experientes e ‘cascudos’ para contratar dois jovens: saíram de cena Heikki Kovalainen e Vitaly Petrov para a chegada de Giedo van der Garde, que estreia neste ano na F1, e Charles Pic, vindo da própria Marussia. Mas o fato é que o MR02 construído em Banbury parece bem melhor que o verde-metalizado CT03, e isso ficou bem evidente na pista.

Mesmo com pouca quilometragem com o MR02, Jules Bianchi apareceu bem em Barcelona (Foto: Getty Images)

A Marussia, depois de viver dias turbulentos e de muita indefinição quanto à sua dupla de pilotos, deu um xeque-mate em Luiz Razia, que não conseguiu dos seus patrocinadores o pagamento devido ao time. Assim, como num jogo de xadrez, a escuderia agiu rápido e trouxe o talentoso Jules Bianchi — pode ter trazido por tabela os motores Ferrari para 2014, embora a cúpula da Marussia negue. E logo de cara, o jovem francês mostrou serviço e já colocou tempo em seu novo companheiro de equipe, Max Chilton, mas também em Van der Garde.

No fim das contas, Pic foi o melhor dentre os pilotos do pelotão final virando 1min23s15. O tempo do jovem francês foi apenas 0s052 mais rápido que Bianchi, que teve apenas um dia e meio de quilometragem com o MR02. Jules superou em quase 1s o tempo de Chilton, enquanto Van der Garde fechou a tabela do combinado dos tempos desta pré-temporada.


Os tempos da pré-temporada significam alguma coisa, mas não tudo. Muitos mistérios só começarão a ser desvendados dentro de duas semanas, quando a F1 abrirá 64ª temporada da sua história com a disputa do GP da Austrália, no circuito de Albert Park.

F1, pré-temporada, Barcelona, terceira bateria, combinado dos tempos:
 

1
Nico ROSBERG
ALE
Mercedes
1:20.130
 
251 M
2
Fernando ALONSO
ESP
Ferrari
1:20.494
+0.364
222 M
3
Lewis HAMILTON
ING
Mercedes
1:20.588
+0.458
230 M
4
Felipe MASSA
BRA
Ferrari
1:21.266
+1.136
206 SM
5
Jenson BUTTON
ING
McLaren Mercedes
1:21.444
+1.314
194 M
6
Nico HÜLKENBERG
ALE
Sauber Ferrari
1:21.541
+1.411
197 M
7
Adrian SUTIL
ALE
Force India Mercedes
1:21.627
+1.497
171 M
8
Kimi RÄIKKÖNEN
FIN
Lotus Renault
1:21.658
+1.528
50  M
9
Paul DI RESTA
ESC
Force India Mercedes
1:21.664
+1.534
169 M
10
Pastor MALDONADO
VEN
Williams Renault
1:22.415
+2.285
151 M
11
Sebastian VETTEL
ALE
Red Bull Renault
1:22.514
+2.384
147 M
12
Valtteri BOTTAS
FIN
Williams Renault
1:22.524
+2.394
165 M
13
Esteban GUTIÉRREZ
MEX
Sauber Ferrari
1:22.553
+2.423
191 M
14
Mark WEBBER
AUS
Red Bull Renault
1:22.658
+2.528
149 M
15
Sergio PÉREZ
MEX
McLaren Mercedes
1:22.694
+2.564
201 M
16
Romain GROSJEAN
FRA
Lotus Renault
1:22.716
+2.586
186 M
17
Charles PIC
FRA
Caterham Renault
1:23.115
+2.985
199 M
18
Jules BIANCHI
FRA
Marussia Cosworth
1:23.167
+3.037
136 M
19
Jean-Éric VERGNE
FRA
Toro Rosso Ferrari
1:23.223
+3.093
173 M
20
Davide VALSECCHI
ITA
Lotus Renault
1:23.448
+3.318
16  M
21
Daniel RICCIARDO
AUS
Toro Rosso Ferrari
1:23.628
+3.498
152 M
22
Max CHILTON
ING
Marussia Cosworth
1:24.103
+3.973
202 M
23
Giedo VAN DER GARDE
HOL
Caterham Renault
1:24.235
+4.105
202 M

Pneus: macios=M; supermacios=SM
Tabela melhor visualizada em fonte DIN Mittelschrift

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