Mais jovem tetracampeão, Vettel repete feitos de Fangio e Schumacher e continua escrevendo história da F1

Só três pilotos venceram o Mundial de F1 quatro vezes consecutivas: Juan Manuel Fangio, Michael Schumacher e Sebastian Vettel. Neste domingo (27), o alemão da Red Bull venceu o GP da Índia e assegurou o tetracampeonato, mais um passo na caminhada para se firmar como um dos grandes nomes da história do esporte, apesar de muitos ainda o subestimarem

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A velocidade com que Sebastian Vettel completa cada volta rápida é a mesma com a qual caminha rumo ao Olimpo do Mundial de F1. O alemão tem apenas 26 anos, mas já é tetracampeão mundial. A quarta conquista consecutiva foi assegurada neste domingo (27), com a vitória, em Buddh, no GP da Índia.

Quatro títulos não é um feito para qualquer um. Apenas outros três pilotos chegaram a essa marca, três que, incontestavelmente, estão entre os grandes de todos os tempos: Juan Manuel Fangio, Alain Prost e Michael Schumacher. E não há motivos para duvidar que Vettel deixará Prost para trás para alcançar o penta de Fangio e, quem sabe, o heptacampeonato de Schumacher.

Sebastian Vettel é o mais jovem tetracampeão do mundo, aos 26 anos (Foto: Red Bull/Getty Images)

A principal razão para se pensar desta maneira é justamente a idade do novo tetra. Vettel tem pela frente, pelo menos, mais dez anos de F1 – se não cansar dela antes. Tempo suficiente para perseguir todos os recordes da categoria.

Não há como negar que Vettel é um fenômeno: ganhou quatro dos seis campeonatos completos que disputou e foi vice em outro. Ainda assim, muitos o questionam. Talvez pelo domínio que dizem deixar a F1 previsível, talvez por que ele pilota ‘o carro do Newey’.

Essa parceria dele com o maior projetista de todos os tempos, Adrian Newey, começou em 2009. Vettel passou com muito sucesso pelo estágio de um ano e meio que fez na Toro Rosso. Conquistou, inclusive, uma vitória pela equipe que até três anos antes era conhecida como Minardi. Justificou, assim, a efetivação para a Red Bull para ocupar o lugar deixado por David Coulthard, aposentado no fim de 2008.

Desde então, a carreira do alemão foi marcada por muitos altos, pouquíssimos baixos e algumas polêmicas. A temporada 2009 foi até que tranquila e indicou que aquele jovem piloto poderia andar na ponta. Com vitórias na China, na Inglaterra, no Japão e em Abu Dhabi, terminou atrás apenas do campeão, Jenson Button. Se a Red Bull conseguisse se manter no primeiro pelotão em 2010, ele certamente brigaria pelo título. Não decepcionou.

O ano começou bom e ruim, se é que é possível ser assim. Bom por que deu para ver que o carro era competitivo. Ruim era a confiabilidade. Vettel liderava os GPs do Bahrein e da Austrália até sofrer com problemas mecânicos e perder duas vitórias que pareciam bem encaminhadas. Foi só na terceira corrida que um troféu de primeiro lugar foi conquistado. E a segunda vitória do ano aconteceu bem mais tarde, no GP da Europa, em Valência.

Na metade do campeonato, do polêmico “nada mal para o segundo piloto”, Vettel estava em quarto, 24 pontos atrás do líder Lewis Hamilton. Em Silverstone, viu o companheiro Mark Webber ganhar a terceira do ano no fim de semana que aumentou ainda mais a rivalidade interna da dupla, com a Red Bull tirando um aerofólio do australiano para colocar no carro do alemão. Foi por esse motivo que o australiano disparou a frase acima. Semanas antes, na Turquia, os dois colidiram enquanto disputavam a liderança da prova.

Essa cena já se tornou algo corriqueiro (Foto: Getty Images)

A segunda parte da temporada ainda viu uma boa sequência de Fernando Alonso, mas Vettel começou a mostrar, pela primeira vez, que não treme na hora da decisão. Ganhou três das últimas quatro corridas e, por quatro pontos, assegurou o título na decisão, em Abu Dhabi. Era o mais jovem campeão da história, superando o recorde de Hamilton.

2011 foi um ano bem mais tranquilo. Vettel e o RB7 formaram um conjunto quase imbatível. Tão perfeito que largaram na pole em 15 e ganharam 11 das 19 provas disputadas. Vencedor de seis dos primeiros oito GPs, o alemão nem deu chances para os rivais sonharem e se tornou o mais jovem bicampeão de todos os tempos, em Suzuka, com cinco provas de antecipação, superando o recorde de Alonso.

O título de 2012 foi tão emocionante quanto o de 2010, com um ingrediente a mais: Vettel e Alonso lutaram até o fim para saber quem se juntaria a Jack Brabham, Jackie Stewart, Niki Lauda, Nelson Piquet e Ayrton Senna no clube dos tricampeões mundiais. De quebra, o alemão ou o espanhol seriam os mais jovens a chegar ao tri. De novo, deu o piloto da Red Bull. De novo, a competência nos momentos decisivos ficou evidente.

Naquele campeonato, Alonso chegou a abrir 54 pontos de vantagem depois do GP da Itália. Ai Vettel emendou quatro vitórias seguidas. Virou líder, fez uma prova brilhante de recuperação no GP de Abu Dhabi, foi inteligente nos EUA e campeão em uma corrida sensacional e cheia de reviravoltas no Brasil – marcada por um acidente na primeira volta e um erro raro da Red Bull nos boxes. Era o mais jovem tricampeão da história, superando Ayrton Senna.

Na atual temporada, Vettel esteve impecável desde o início, embora não tenha sobressaído tanto até o GP da Bélgica. Fez boas corridas, ganhou na Malásia, no Bahrein, no Canadá e na Alemanha, nunca terminou uma prova pior do que a quarta posição. De Spa-Francorchamps para cá é que ele dominou: seis vitórias seguidas, até o GP da Índia.

Resta alcançar os números de Schumacher (Foto: Red Bull/Getty Images)

A polêmica do ano ficou por conta da desobediência às ordens de equipe da Red Bull em Sepang. Webber liderava quando os boxes mandaram que não houvesse mais mudança de posição entre os pilotos, o chamado ‘Multi 21’. Vettel desrespeitou a ordem e ultrapassou o australiano. Depois, disse não ter ser arrependido  da atitude. Reclamou que houve momentos em que o australiano deveria ter trabalhado em equipe e não o fez. E acrescentou que talvez as pessoas tivessem uma impressão errada a respeito dele. Assim como outros grandes campeões, colocou na biografia um momento bastante controverso.

Em meio às polêmicas, é verdade que o equipamento desenhado por Newey contribuiu para os sucessos. Mas as pessoas tendem a dizer que Vettel andou sempre com o melhor carro. Esquecem que o RB6 quebrava bastante em 2010 e que a McLaren ganhou tantos GPs quanto em 2012. Além, é claro, da importância que o piloto teve nesse projeto. O trio Vettel-Newey-Christian Horner é tão bom quanto foi Michael Schumacher-Ross Brawn-Jean Todt na Ferrari da década passada.

Outro fator que deve ser considerado na hora de analisar as conquistas do alemão são os adversários que enfrentou. Sempre se pondera que Schumacher não teve rivais do mesmo quilate. De fato, não. Nos anos do penta, do hexa e do hepta, apenas mais um campeão do mundo estava em atividade, Jacques Villeneuve, que se arrastava no meio do grid.

Vettel correu contra o próprio Schumacher, Alonso, Hamilton, Button e Kimi Räikkönen. Todos ótimos pilotos. Todos ficaram para trás, na pista e nos números.

Sebastian Vettel chega, com o tetracampeonato, a um patamar em que menosprezá-lo é uma tolice. Pode-se até acreditar que Alonso, ou Räikkönen, ou Hamilton são melhores. Não que Vettel só ganha por que tem o melhor carro.

Em um mundo onde as pessoas, em todas as áreas, têm chegado a posições de destaque ainda bem jovens, esse alemão, nascido em 3 de julho de 1987 na pequena Heppenheim é um dos maiores símbolos dessa precocidade e está escrevendo a história do esporte diante de nossos olhos, como Schumacher, Sébastien Loeb, Valentino Rossi, Lionel Messi, Tiger Woods e Roger Federer. Resta observar para saber até onde ele vai.

Números da carreira de Sebastian Vettel até o GP da Índia de 2013:

GPs: 116
Equipes: BMW, Toro Rosso e Red Bull
Vitórias: 36
Pole-positions: 43
Voltas mais rápidas: 21
Pódios: 59
Pontos: 1376
Abandonos: 21

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