Hamilton diz que morte de Hubert golpeou “no mais profundo da minha alma”

Maior nome da Fórmula 1 na atualidade, Lewis Hamilton conta como a morte de Anthoine Hubert, ocorrida no último dia de agosto, o afetou. “Foi muito difícil”, disse o pentacampeão, que lembrou outras perdas ocorridas nas pistas e também de pessoas queridas na F1. E lembrou que o aumento da segurança deu a falsa impressão de que o automobilismo é um esporte 100% seguro

Lewis Hamilton concedia entrevista coletiva no ‘cercadinho’ destinado aos pilotos pouco depois do treino classificatório do GP da Bélgica, na tarde de 31 de agosto, ao mesmo tempo em que assistia, no telão, o acidente que acabou por matar Anthoine Hubert na F2. Ciente do quão grave era o cenário, o pentacampeão mundial de F1 se mostrou abalado antes mesmo de qualquer notícia sobre o piloto francês e optou por encerrar a entrevista.
 
Pouco mais de uma hora depois, veio a confirmação da morte de Hubert. E Hamilton, a grande voz da F1 nos dias de hoje, usou as redes sociais para manifestar sua consternação com a tragédia que tirou a vida do jovem piloto da Arden. “Se todos vocês que assistem e gostam do nosso esporte pensam por um segundo que seja que é um esporte seguro, é um grande erro”, escreveu.
 
“Todos esses pilotos colocam suas vidas em risco assim que entram na pista, e as pessoas precisam apreciar tal fato de maneira séria, porque não é algo apreciado de forma verdadeira. Não pelos fãs, nem pelas pessoas que trabalham neste esporte. Anthoine é um herói, até onde sei, por correr esse risco na busca pelos seus sonhos. Estou muito triste que isso aconteceu. Lembremos disso. Descanse em paz, irmão”, completou.
Lewis Hamilton não escondeu a tristeza pela tragédia que tirou a vida de Hubert (Foto: Mercedes)

Em entrevista ao site norte-americano ‘Motorsport.com’, Hamilton recordou as palavras escritas e fez um alerta: o aumento da segurança deu a falsa impressão de que o automobilismo é um esporte 100% seguro. Mas o piloto recordou situações em que viu colegas de profissão perderem a vida nas pistas e deixou claro o quanto se sente abalado por cada perda, como se fosse um irmão.

 
“É por isso que fiz essas postagens, porque não é impossível. Já passei por isso antes. Obviamente, vivemos isso no Japão, tivemos essa experiência, mas tive outra com um menino de 11 anos em um fim de semana de corrida. E, como piloto, isso te afeta muito”, disse o piloto da Mercedes, fazendo menção às mortes de Jules Bianchi, nove meses depois do acidente grave no GP do Japão de 2014 e, em 1994, o adeus precoce a Daniel Spence, piloto com quem competia nos tempos de kart.
 
Lewis recordou como reagiu à morte de Hubert naquele sábado em Spa-Francorchamps. “Não sei como foi para os outros pilotos, mas isso golpeou no mais profundo da minha alma. Foi muito difícil. Durante o resto do dia e da noite, não pude dormir, não podia acreditar no que havia acontecido naquele dia. Tua mente faz horas extras tratando de se acostumar com o que aconteceu”.
 
O britânico entende que a vida segue depois de tantas perdas recentes, ainda que seja duro demais. “Há o fato de termos perdido Charlie Whiting neste ano, e a F1 simplesmente segue adiante. Perdemos Niki Lauda, e a vida segue. Acho que é triste que a vida seja assim”.
 
Hamilton voltou a falar sobre a falsa sensação que o aumento do nível de segurança dá ao automobilismo nos dias de hoje, já que os pilotos, na atualidade, não convivem de forma tão frequente com a morte em relação ao momento da F1 nas suas três primeiras décadas. “Antes, quando isso acontecia o tempo todo, era como ‘esses caras são como super-heróis, acontece o tempo todo, ‘olha lá, escapou da morte’. Mas, ainda que estejamos em um momento com muito mais segurança, ainda há essa possibilidade”, alertou.
 
“Acho que na vida, como humanos, acho que temos muitas coisas como garantidas. Todos nós fazemos isso. Até eu. Chego aos meus engenheiros, e essa é só uma parte do nosso fim de semana. Percorremos nosso ciclo, chego e sai cansado, essa é a norma. E se bater, se me machucar, ´meu Deus’. Tudo, de repente, é um choque. Estou consciente de que, quando chego, os meus dias estão contados, sabia?”, concluiu o pentacampeão do mundo.

Paddockast #33
10 ANOS DE SECA BRASILEIRA NA F1

Ouça: Spotify | iTunes | Android | playerFM

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra, Escanteio SP e Teleguiado.