FIA estuda limite de velocidade, descarta falha mecânica e revela que soube de acidente de Bianchi por comissário

A FIA chamou a imprensa para dar explicações e esclarecimentos a respeito do acidente de Jules Bianchi no último GP do Japão. Charlie Whiting avaliou que é necessário tirar dos pilotos a tarefa de reduzir a velocidade por conta própria em locais sinalizados por bandeira amarela. No caso da batida em si, o francês tirou o pé, mas perdeu o controle do carro da Marussia e foi reto na direção do guindaste que tentava tirar o de Adrian Sutil

Ainda que não tivesse concluído as investigações, a FIA resolveu dar a cara para bater nesta sexta-feira (10) em Sochi. A entidade convocou os jornalistas para falar do acidente de Jules Bianchi no último GP do Japão e expor o que até agora sabe a respeito e das medidas que pretende tomar. "Isso nunca mais pode acontecer", declarou Jean Todt ao tomar a palavra e expressar total apoio aos representantes da entidade responsáveis pelas atividades em pista.

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Todt defendeu Charlie Whiting e seu grupo durante a condução do caso. "Eu tenho total confiança neles", falou. Whiting, por sua vez, disse que "nada poderia ter sido feito melhor" em relação ao caso em si.

Na coletiva de 75 minutos, a FIA esclareceu alguns pontos, dentre os quais se destacam a inexistência de qualquer prova de quebra mecânica do carro da Marussia, de que Bianchi reduziu a velocidade assim que viu a sinalização com as bandeiras e luzes amarelas e que a direção de prova só soube do acidente porque um comissário de pista a informou.

Bianchi vinha na volta 43 da corrida em Suzuka, uma depois do acidente de Adrian Sutil na curva 7, quando perdeu o controle de sua Marussia #17 no mesmo local. Um vídeo apresentado nesta coletiva mostrou que o carro escapou, o piloto tentou corrigir e acabou indo reto. De acordo com Whiting — e diferente do que aponta um gráfico de telemetria —, o francês "diminuiu a velocidade, mas é uma questão do quanto". O diretor de prova indicou que devem ser estabelecidos parâmetros com os pilotos para esta redução em trechos indicados por bandeira amarela.

O diretor de prova Charlie Whiting explica o acidente Jules Bianchi (Foto: AP)

Whiting explicou que o guindaste foi acionado pela direção de prova, ou seja, com seu consentimento e que levou 32 minutos para que Bianchi fosse transportado do autódromo de Suzuka para o Hospital Geral de Mie. O helicóptero poderia ter levado o piloto, mas não havia local para pousar, e isso já havia sido determinado antes da corrida. O tempo a mais que levou por via terrestre foi de aproximadamente 7 minutos, 32 no total.

Ainda, a FIA esclareceu que não viu as imagens do acidente em tempo real nem recebeu um sinal. Quem avisou a Whiting e aos demais membros foi o comissário de pista responsável por aquele posto. Quando olharam para a TV, o carro da Marussia não foi avistado naquela barreira de pneus. Para este tipo de choque, todos os carros têm um dispositivo que funciona como um alarme, que indica à direção de prova que foi de alto impacto. Este dispositivo, segundo Whiting, não funcionou e não mandou alerta algum.

Marussia de Jules Bianchi bateu no local onde Sauber de Adrian Sutil era retirada (Foto: Divulgação/Twitter)

Para efeito de comparação, se não houvesse ali a grua, o impacto de Bianchi na barreira de pneus teria sido similar ao de Heikki Kovalainen, então piloto da McLaren, durante o GP da Espanha em 2007. Até o momento, segundo Whiting, "não há sinal algum de falha mecânica" do carro da Marussia, que teve seu santantônio destruído com o choque a 203 km/h com o guindaste.

Whiting também confirmou que houve um pedido à Honda para que se antecipasse a largada do GP do Japão face a ameaça da chegada do tufão Phanfone. No entanto, o dirigente descartou que a manutenção do horário normal, 15h locais, tivesse algum efeito no acidente.

A solução que se lança para a questão é controlar a velocidade dos carros em trechos onde houver acidente. "Talvez seja melhor tirar dos pilotos a decisão de reduzi-la", falou Whiting. Para o diretor de prova, a meta é ter um "jeito de controlar a velocidade com certeza e clareza, com o mesmo efeito de um safety-car".

Sobre o assunto SC, muito se questionou sobre a entrada já quando Sutil colidira com a barreira de pneus. "Nós pusemos as duas amarelas porque achávamos que o incidente poderia ser resolvido sem o safety-car", declarou Whiting. "Como o carro estava bem longe da pista, era o procedimento normal sob aquelas circunstâncias. Não vimos necessidade de acionar o safety-car", reiterou.

Também se falou muito da cena de um fiscal acionando a bandeira verde bem no momento em que Bianchi acerta o guindaste. Mais uma vez, Whiting falou que era o "procedimento correto porque vinha depois da obstrução". "O que vocês têm de entender é que a bandeira verde não significa que você pode correr porque a viu, mas que você não pode correr até que veja a verde", explicou. "É como a amarela: se você a vê acionada na primeira curva, você não tem de obedecê-la até que chegue nela."

A FIA, os organizadores da F1 e as equipes vão iniciar conversas a partir deste sábado para encontrar soluções, mas Whiting salientou que "não seria real" aplicar um sistema novo para a próxima temporada.

O presidente da FIA, pai do empresário de Bianchi, expressou em palavras seu abatimento e tristeza. "Eu conheço Jules desde que ele tinha 15 anos. Tem sido e é muito duro", comentou.

O último boletim médico divulgado pela Marussia data de terça-feira e confirmou que o piloto de 25 anos sofreu uma lesão axonal difusa, que, de acordo com a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, é uma lesão ampla e devastadora e que, em mais de 90% dos casos, deixa suas vítimas em coma definitivo.

Torcedor registra momento do acidente com BianchiF1 2014: o acidente de Jules Bianchi com um guindaste no GP do Japão

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