Ferrari até tem opções, mas vai para cima de ‘suave operador’ Sainz

A decisão de Sebastian Vettel de não renovar com a Ferrari abriu também uma das mais importantes vagas no grid para 2021. E o mercado tem opções interessantes para a equipe italiana, mas quem larga na frente na preferência de Maranello?

A temporada nem começou, mas o mercado de pilotos da F1 ganhou, nesta terça-feira (12), um inesperado capítulo de fortes emoções e quase decisivo para 2021. Os rumores seguem quentes e borbulhantes atrás de entender o que a Ferrari pretende fazer agora que não terá mais Sebastian Vettel em suas garagens e que caminho o alemão vai seguir. Depois de meses de conversas, o tetracampeão e a equipe italiana foram incapazes de encontrar um denominador comum e decidiram encerrar uma relação que havia começado em 2015, mas que nunca alcançou o objetivo: tirar Maranello do jejum de campeonatos. Também nem é preciso dizer que a vaga deixada por Seb é uma das mais cobiçadas, mas também uma das mais complexas de todo o Mundial. Isso porque a escuderia vermelha aposta suas fichas no jovem Charles Leclerc, que em apenas uma temporada não só derrotou um cara quatro vezes campeão do mundo, como caiu no gosto do time e dos torcedores. E como forma de reforçar a posição de líder do monegasco, a Ferrari ampliou seu contrato, ainda no ano passado, até 2024. Ou seja, quem substituir Vettel, vai encontrar um ambiente quase todo desenhado para Leclerc vencer. 
 
Ainda assim não faltam candidatos para o cockpit vazio, mas há quem já esteja na primeira fila na preferência da esquadra chefiada por Mattia Binotto. E há também aqueles que correm por fora e podem surpreender, tal qual a decisão de Vettel. Quer dizer, a Ferrari tem opções, que vão desde o astro Lewis Hamilton até os silenciosos Sergio Pérez e Danill Kvyat, passando por Valtteri Bottas e Antonio Giovanizzi. Mas dentre eles, há dois nomes que parecem realmente mais perto do que deseja a escuderia: Daniel Ricciardo e, principalmente, Carlos Sainz.
 
O GRANDE PRÊMIO reuniu os principais nomes que possui algum potencial para entrar no lugar de Sebastian e analisou as chances de cada um. 
 
A SURPRESA

LEWIS HAMILTON 
Lewis Hamilton é a opção menos provável da Ferrari (Foto: Mercedes)
Certamente, é impossível pensar que a Ferrari não olhe para Lewis Hamilton. O melhor piloto do grid também está em seu último ano de contrato com a Mercedes e é favorito, uma vez mais, a um novo título se a F1 puder dar início ao campeonato deste ano em algum momento. O inglês de 35 anos acumulou vitórias e recordes nos últimos anos, devido a uma performance perto da perfeição com uma máquina igualmente impecável. Seria um nome de peso para Maranello, uma escolha ousada e até faria sentido. Mas haveria também a questão envolvendo o relacionamento com Charles Leclerc, hoje o primeiro piloto do time.  
 
É bem verdade que um flerte com a equipe italiana só aconteceu no fim do ano passado, quando o britânico teve um “encontro social” com o presidente da escuderia, John Elkann. Depois desse episódio, claro, as especulações explodiram, mas Hamilton rechaçou qualquer chance de tentar uma conversa mais íntima como os ferraristas, alegando que “já estava no time dos sonhos”. Uma postura fiel, portanto. Por isso, talvez, seja muito difícil imaginar Lewis vestir vermelho no futuro, pelo menos enquanto a Mercedes estiver no Mundial e sendo chefiada por Toto Wolff. Se algo mudar neste tempo, o cenário também pode ser outro. 
 
O AZARÃO
 
ANTONIO GIOVINAZZI ⭐
Antonio Giovinazzi só aparece nesta lista porque está no grid e é piloto Ferrari (Foto: Alfa Romeo)
Antonio Giovinazzi é naturalmente postulante à vaga de Sebastian Vettel. O italiano de 26 anos guia pela Alfa Romeo, time que possui uma parceria que vai muito além da parte técnica, e é efetivamente um piloto Ferrari. Antonio também tem enorme conhecimento de como as coisas funcionam dentro de Maranello, entende a equipe e os engenheiros, dado o tempo no simulador. Só que isso apenas não basta. Giovinazzi não possui uma performance técnica capaz de acompanhar Leclerc e nem mesmo os rivais ferrarista. A temporada passada foi prova disso. Mesmo em momentos em que teve a chance de provar seu valor, o jovem cometeu erros demais e não soube se impor dentro da equipe, sendo esmagado por Kimi Räikkönen. A única chance aqui é se a esquadra vermelha falhasse em todas as demais tentativas.
 
ALGUNS CANDIDATOS
 
SÉRGIO PÉREZ ⭐⭐⭐
Sergio Pérez está pelo conjunto da obra (Foto: Racing Point)
Forte e combativo, o mexicano já esteve no radar da Ferrari há alguns anos, quando defendeu a Sauber, que tinha parceria técnica com a Ferrari. Pérez é um piloto que experimentou uma ascensão meteórica na F1, passou por maus bocados na McLaren, aprendeu a lição e virou uma rocha na Force India, abrindo espaço no grid. É alguém ainda que segue atrás da grande chance na carreira. Tem tudo o que é preciso para vencer corridas, defender equipes e marcar pontos. Pode ser um grande aliado de Maranello. Atualmente, Sergio está envolvido com a Racing Point/Aston Martin, tendo enorme ligação com a equipe, mas há laços que podem se desfazer de forma muito fácil.
 
NICO HÜLKENBERG ⭐⭐⭐
Nico Hülkenberg está fora do grid, sem contrato com ninguém e poderia ser um bom tampão (Foto: Renault)
Nico Hülkenberg é um caso curioso na F1. Talentoso e rápido, o piloto de 32 anos jamais conseguiu se firmar no grid e passou longe dos olhos das equipes de ponta. Pulou de galho em galho pelo pelotão intermediário, com brilhos esporádicos nos times que defendeu, mas nunca foi capaz de obter um pódio. Os números jogam contra Nico, mas na atual situação em que se encontra seria uma opção interessante para a Ferrari. Sem contrato com ninguém e tentando a todo custo voltar para o grid, Hülk dificilmente se negaria a qualquer exigência da equipe italiana e assumiria bem o papel de segundo piloto. Além disso, o time de Maranello ainda teria alguém capaz o suficiente de pontuar e dar dor de cabeça aos adversários. O único detalhe é que o alemão possui uma formação bem distante daquilo que agrada aos ferraristas.
 
DANIIL KVYAT ⭐⭐⭐
Daniil Kvyat deve à Ferrari raríssima chance que teve de voltar ao grid (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
O russo desenvolveu um laço dos mais interessantes com Maranello. Depois de ser enxotado do programa da Red Bull, após o rebaixamento que sofreu na equipe principal e a demissão no time B, foi na Ferrari que Kvyat teve a chance de evoluir. A equipe italiana o contratou para trabalhar no simulador. Ou seja, o jovem foi capaz de aperfeiçoar a parte técnica, conhecer bem as entranhas italianas e os engenheiros. A fase foi tão proveitosa que rendeu uma raríssima terceira chance de voltar ao grid. Daniil foi capaz de reconquistar Helmut Marko. Só que na escuderia menor, o piloto de 26 anos parece não ter chance de ascender, o que pode abrir uma porta para retornar às garagens ferraristas, para o posto de segundo piloto. O temperamento de Kvyat é também o que joga contra aqui.
 
VALTTERI BOTTAS 
Valtteri Bottas está no último ano de contrato com a Mercedes (Foto: Mercedes)
O finlandês da Mercedes sabe bem o que é o papel de segundo piloto. Ainda que tenha tido performances primorosas em alguns poucos momentos nestes anos prateados, Bottas jamais passou de um coadjuvante. Mas ele sabe o que faz e faz bem. Tanto é verdade que vem temporada após temporada garantindo um novo contrato com Toto Wolff. A questão é que Valtteri não cria problema. Pelo contrário, tem desempenho sólido o suficiente para assegurar um eventual título de Construtores, tem uma personalidade dócil e sabe seu lugar. Como Hamilton, o nórdico também está em seu último ano de contrato com a equipe alemã. E a conhecendo bem, Bottas seria um aliado dos mais ardilosos para Maranello. O torna essa chance improvável é a ligação e a confiança que Valtteri tem no ambiente da esquadra prata e em Wolff. 
 
OS FAVORITOS 
 
DANIEL RICCIARDO ⭐⭐⭐⭐
Daniel Ricciardo seria o nome ideal para a Ferrari (Foto: Renault)
No papel, o australiano de 30 anos seria o nome perfeito para Maranello. Além da óbvia ascendência italiana, o piloto traria a experiência, a velocidade e a consistência em corrida. Ricciardo sabe como conquistar vitórias e também está sem contrato para 2021, o que o torna um forte candidato a substituir o tetracampeão. O que pega aqui é que Daniel decidiu trocar a Red Bull em 2018 pela Renault, por se sentir incomodado com Max Verstappen e com a forma como a chefia dos energéticos passou a enxergar no holandês um líder. Ainda assim, Ricciardo soube lidar com Max e antes dele, com o próprio Vettel. E venceu Nico Hülkenberg sem muito drama na esquadra francesa no ano passado. Quer dizer, tudo isso tem seu peso, inclusive em termos de grana. Ou seja, Daniel deve pedir mais por seu desempenho. 
 
A verdade é que o australiano sabe o seu valor e a urgência em ter uma chance real de disputar um título mundial. Então, tendo consciência do que pode entregar guiando o carro vermelho, Ricciardo conseguiria viver como segundo piloto? Ou ainda, a Ferrari estaria disposta a enfrentar uma nova guerra interna em um momento que se vira para o desenvolvimento de Charles Leclerc?

Talvez por isso a atenção da Ferrari acabe mesmo virando para o lado de Carlos Sainz

 
CARLOS SAINZ ⭐⭐⭐⭐⭐
Carlos Sainz é o preferido (Foto: McLaren)
Se alguém tinha alguma dúvida sobre a capacidade técnica do espanhol na F1, a temporada passada foi uma bela resposta. Com performances consistentes e liderança dentro dos boxes, Sainz conseguiu levar a McLaren à posição de quarta força do grid. E se tornou o melhor piloto do pelotão intermediário, com direito a um emocionante pódio no GP do Brasil. Não é exagero dizer que o madrilenho possui o que é necessário para vencer e é uma opção das mais atraente para os italianos. O ‘suave operador’ – o apelido veio de uma piada criada pelo piloto e seu engenheiro, que emprestaram da música de Sade, ‘Smooth operator’, ouvida por eles tantas vezes e que virou um lema para celebrar bons resultados – é ainda alguém buscando sua grande chance, alguém que ainda pode esperar e que, devagar, tem chance de conquistar Maranello. 
 
O nome de Carlos já vem sendo especulado há algumas semanas e ganhou força nos últimos dias, especialmente agora com a confirmação da decisão da saída de Vettel. É certo que Sainz não tem o melhor dos retrospectos no relacionamento com colegas de equipes, em que pese a boa convivência que possui com Lando Norris, mas talvez esteja aí o segredo. Além disso, como já foi noticiado na imprensa italiana, o salário mais razoável e alinhado ao de Leclerc é um fator que também parece pesar para a Ferrari.
 
A escolha, se essa for, faz todo o sentido. E também reforça a ideia de que a Ferrari, de alguma forma, mudou sua política e não teme mais a juventude.

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