F1 volta das férias com tudo parecido: grid tem invasão de clones

A Mercedes virou Racing Point; a Red Bull virou AlphaTauri; a Ferrari virou Haas. 2020 começa com carros de ponta do ano anterior reencarnando em versões quase idênticas no pelotão médio. Já temos a primeira grande discussão da temporada, isso enquanto Lewis Hamilton retoma de onde parou ao liderar o primeiro teste do ano

A Fórmula 1 terminou 2019 com vitória de Lewis Hamilton e começou 2020 com dobradinha da Mercedes no primeiro dia de pré-temporada, nesta quarta-feira (19) em Barcelona. Com isso em mente, não seria exagero dizer que tudo segue parecido no ano que se inicia. Só que tal afirmação ganha um outro sentido quando analisamos a verdadeira forma dos carros do grid: com a Racing Point praticamente copiando a Mercedes do ano passado e Haas e AlphaTauri, respectivamente, acompanhando Ferrari e Red Bull, a sensação é de que os carros de ponta de outrora reencarnaram em novas versões no pelotão intermediário.

 
O debate começou a ganhar força ainda nas primeiras horas do dia, tão logo se viu a verdadeira cara do RP20. O bólido da Racing Point carregava traços muito parecidos com o da Mercedes de 2019. Algumas peças são essencialmente as mesmas produzidas na sede da Mercedes em Brackley, confirmou o diretor-técnico Andy Green. O túnel de vento dos prateados também foi utilizado. Conforme se percebeu situação parecida na Haas e na AlphaTauri, surgiu insatisfação em equipes que construíram carros 100% por conta própria. Um bom exemplo disso é a fala de Frédéric Vasseur, chefe da Alfa Romeo: “A AlphaTauri é uma Red Bull branca e azul, a Haas é metade de uma Ferrari. Logo teremos somente cinco carros diferentes no grid”, apontou, questionado pela revista alemã ‘Auto Motor und Sport’.
 
Não é só a Alfa Romeo que fica para trás sem o apoio de uma gigante. McLaren, Renault e Williams são outras que estão sem padrinho. No caso da equipe alaranjada, Carlos Sainz Jr. tentou matar o problema no peito. Entretanto, não conseguiu esconder certo dissabor com a situação.
Sergio Pérez foi terceiro com um RP20 que vai render muita discussão (Foto: Racing Point)

"Hoje nós vemos times menores com muita ajuda das equipes maiores”, comentou Sainz em entrevista acompanhada pelo GRANDE PRÊMIO. “Eles chegam aqui com os carros muito parecidos com os que eram da Red Bull e da Mercedes em 2019, vai ser complicado pra gente competir sem essa referência. Nós não dependemos dos outros, dependemos de nós e só focamos no nosso. O que podemos fazer no momento é dar mais e mais voltas, não podemos pensar no que os outros estão fazendo", destacou.

 
O pelotão intermediário passa a ganhar nova dinâmica caso as equipes apadrinhadas confirmem o potencial. A Racing Point já andou bem no primeiro dia de testes, ficando em terceiro com Sergio Pérez e aplaudindo o potencial do carro. AlphaTauri, que cresceu em 2019, vira ameaça mais séria. A Haas ainda precisa mostrar que tem cacife para sonhar com o quarto lugar, mas tudo é possível.
 
O que se sabe é que a situação acontece muito por conta da estabilidade das regras da F1 entre 2019 e 2020. Dessa forma, é muito mais fácil reaproveitar o material descartado por uma equipe maior. O que se vê este ano não será possível em 2021, quando os bólidos de 2020 se tornam essencialmente inúteis.
Lewis Hamilton abriu 2020 já liderando (Foto: Mercedes)

Outra coisa que já está clara é que o que acontece no pelotão médio pouco impacta o dianteiro. Com uma F1 dividida em classes ‘A’ e ‘B’, o trio de ferro não será incomodado. Mercedes, Ferrari e Red Bull tiveram um primeiro dia tranquilo em Barcelona. Apostando em cronogramas quase opostos, com a equipe italiana ignorando por completo voltas rápidas e a alemã pisando fundo para fazer dobradinha, ainda é muito difícil fazer prognósticos sobre o que 2020 de fato reserva.

 
A nuvem que paira sobre a F1 no começo de cada ano existe e precisa ser lembrada, só que isso não deve servir de pretexto para apostar em loucuras. A Mercedes ainda deve ser a equipe a ser batida, com Ferrari e Red Bull ainda tentando corrigir pontos fracos de anos anteriores. Isso não é algo que se descobriu pela abertura dos testes, e sim pelo senso comum de uma categoria que poucas vezes gostou tanto da palavra ‘continuidade’.
 
Para alguns, continuidade é seguir desenvolvendo o carro de 2019. Para outros, continuidade é dar passo adiante com ideias dos outros. Hoje, em 19 de fevereiro de 2020, não há certo ou errado. Afinal, a F1 tem dificuldades para encontrar uma fronteira definitiva na zona cinzenta entre parceria e clientela. Enquanto isso, resta à alta cúpula das equipes e do esporte mergulhar fundo em discussões que já prometem definir os rumos da temporada 2020.

O GRANDE PRÊMIO cobre AO VIVO, em TEMPO REAL e 'in loco' os testes de pré-temporada da F1 em Barcelona com o repórter Vitor Fazio. Siga tudo aqui.

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