Equipes reconhecem que frio do inverno europeu não oferece condições ideais para testes

As baixas temperaturas registradas na Espanha neste mês de fevereiro dificultam o trabalho das equipes, mas a questão é mais complexa do que simplesmente trocar o local da pré-temporada

Há 24 anos recebendo o GP da Espanha de F1, o Circuito da Catalunha sempre foi tido como um ótimo local também para testes de pré-temporada. Seletivo, com curvas de todos os tipos e uma longa reta, a pista costuma dar às equipes boas informações a respeito do comportamento dos carros. Mas há um problema: o frio.

As temperaturas vem sendo baixíssimas durante todo o mês de fevereiro na Espanha, raramente passando dos 15ºC. E as manhãs, principalmente, são geladas. Na última sexta-feira, por exemplo, o dia de treinos coletivos em Barcelona começou com os termômetros indicando menos de 3ºC. Nas manhãs em Jerez, no início do mês, o cenário era semelhante.

A questão principal sobre como o frio interfere no trabalho das equipes diz respeito aos pneus. Ao longo da temporada, são raríssimas as vezes em que temperaturas semelhantes são encontradas, portanto o comportamento dos compostos muda bastante. Além disso, o funcionamento dos carros também é diferente sob altas temperaturas.

Frio do inverno europeu não ajuda equipes e pilotos (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

Diretor-esportivo da Pirelli, Paul Hembery já havia demonstrado sua insatisfação pelo calendário da pré-temporada deste ano. O dirigente opinou que, em 2014, realizar duas baterias de testes no circuito de Sakhir foi muito mais produtivo. “Ganhamos muito mais rodando no Bahrein no ano passado. Barcelona, obviamente, é uma pista interessante, mas só quando você tem 25ºC”, afirmou. Apenas em um dos dias na Catalunha a temperatura do asfalto atingiu este nível.

As equipes reconhecem que o frio não oferece condições ideais.

“Se a noite não tem nuvens e está frio nas manhãs, você encara problemas que normalmente não encontra em um circuito, exceto em Spa e às vezes em Silverstone. Então tem que fazer testes aerodinâmicos de manhã e guardar os testes de chassi para a parte da tarde”, comentou Rod Nelson, engenheiro-chefe de testes da Williams, em entrevista acompanhada pelo GRANDE PRÊMIO em Barcelona.

Franz Tost, chefe da Toro Rosso, concordou: “Devo dizer que é realmente difícil estimar a nossa performance em relação a de outras equipes, pois as temperaturas da pista e do ambiente são muito baixas. Pessoalmente, não gosto dos testes em fevereiro aqui na Europa. Você não tem o feedback em todos os tópicos técnicos que precisa para ficar bem preparado para o começo da temporada. No ano passado, o teste no Bahrein foi muito mais útil”.

Os pilotos também sentem essa dificuldade. “O tempo não estava bom, os pneus não funcionavam do jeito que conhecemos, então é difícil confiar nas mudanças que se faz no carro”, relatou Lewis Hamilton no fim do último sábado em Barcelona. 

Só que não é preto no branco para resolver esta questão. Nelson apontou para os empecilhos que os times precisaram contornar no Bahrein há 12 meses.

“Tivemos um teste muito produtivo no Bahrein no ano passado, com certeza. Os pneus estão mais dentro de sua faixa ideal de funcionamento. Você não precisa ficar na garagem de manhã, vai direto para os trabalhos de chassi. Mas tem pontos negativos: venta bastante, está bem no meio do Golfo, e então junta areia. Há problemas bem particulares que não existem em outros lugares. É bem seco, então pode afetar os motores”, destacou.

“E tem a logística. Certamente é mais difícil reagir a problemas se você está no Bahrein. Há prós e contras. Os testes no Bahrein são mais caros também”, completou o britânico.

Nesta quinta-feira (26), terá início a terceira e última bateria de testes da F1 em Barcelona. Ela se estenderá até o domingo, dia 1º de março. A previsão do tempo indica que a temperatura mínima será de 7ºC na sexta-feira, e a máxima, de 17ºC no domingo. Não deve chover.

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