Ecclestone compara equipes que gastam demais a mulheres e ignora público jovem: “Prefiro atingir um rico de 70 anos”

Bernie Ecclestone fez uma avaliação um tanto retrógrada das necessidades do Mundial de F1 e disse que a categoria não tem de se reinventar para atingir o público jovem

Bernie Ecclestone abriu a boca e mais uma vez demonstrou não ter papas na língua. Em uma extensa entrevista para a revista asiática ‘Campaign’, o dirigente fez algumas comparações polêmicas e rechaçou a necessidade de fazer a F1 se aproximar do público jovem.

Na visão do dirigente de recém-completados 84 anos, não são os jovens que têm o poder aquisitivo para se interessar pelos produtos dos patrocinadores da categoria. Por isso, é melhor a F1 se preocupar em atingir ricaços de 70 anos em vez de se esforçar para renovar seu público.

Além disso, comparou os gastos estratosféricos de algumas equipes ao uso que mulheres fazem de seus cartões de crédito.

Perguntado sobre a questão dos gastos envolvidos com o esporte, Ecclestone disse que a saída é simples: “Não gastem tanto”.

Bernie Ecclestone reforçou a impressão que se tem dele: um dirigente distante da ideia de que é preciso renovar (Foto: Getty Images)

“As equipes não precisam estar em dificuldades financeiras. Precisam pensar no que eles tem para gastar e no melhor que podem fazer com esse dinheiro”, afirmou.

“Veja a Williams, por exemplo. Anos atrás, Frank tinha um orçamento muito pequeno e geralmente estava com problemas. Mesmo assim pagou cada dólar que devia. Geriu seu time de acordo com o dinheiro que tinha. Ele não sonhava em competir com a Ferrari. Eventualmente, as coisas melhoraram e ele está onde está hoje”, mencionou.

A seguir, comparou o comportamento financeiro das equipes de F1 com a vida cotidiana. “É igual, não é? É o mesmo problema com mulheres e cartões de crédito”, afirmou.

Nas últimas semanas, Marussia e Caterham deixaram o grid da categoria e dificilmente vão conseguir retornar. A Caterham tentou fazer uma vaquinha para correr no GP de Abu Dhabi, mas o plano terrivelmente fracassou.

A respeito da necessidade de atrair um novo público, Ecclestone disse que o importante é atingir quem pode gastar.

“Eu não estou interessado em tuitar, Facebook e nessas coisas sem sentido. Eu tentei entender, mas sou muito à moda antiga. Não consegui ver valor nisso. E não sei o que essa tão falada ‘nova geração’ de hoje realmente quer. O que é isso?”, indagou.

“Estão me dizendo que tenho que achar um canal para conseguir fazer esse garoto de 15 anos assistir a F1 porque alguém quer colocar uma nova marca na frente deles? Eles não vão se interessar nem um pouco. Jovens vão ver a marca Rolex, mas vão sair e comprar um? Eles não podem comprar. Nosso outro patrocinador, a UBS — essas crianças não se importam com bancos. Não têm dinheiro o bastante para colocar nos bancos”, continuou.

“Prefiro atingir um rico de 70 anos”, cravou. “Não há motivo para tentar atingir essas crianças porque elas não vão comprar nenhum dos produtos aqui e, se os marqueteiros estão mirando este público, talvez devessem anunciar na Disney.”

SUPER GP2?

O GP do Brasil também foi cercado de discussões sobre a crise financeira, e Bernie Ecclestone teve de ouvir algumas queixas e propostas para melhorar a condição das equipes intermediárias do grid. Os times médios conversaram com o chefão da F1 em diversos momentos durante a etapa brasileira e um plano para aumentar o número de carros no grid foi apresentado pelo dirigente inglês. A ideia é colocar na pista o que foi chamado de 'Super GP2', um carro da categoria de acesso atualizado. A informação veio de Bob Fernley, diretor-adjunto da Force India.

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Ecclestone ainda falou que atingir esse público hoje não garante que, daqui a algumas décadas, as pessoas seguirão acompanhando a categoria. Concordou que é preciso investir mais em redes sociais, mas admitiu que não sabe o que fazer com elas.

“Como você vai fazer todos esses fãs encontrarem esses pilotos, que não querem nem encontrar suas namoradas? Deveríamos usar as redes sociais para promover a F1. Só não sei como. Dizem que as crianças assistem coisas em tablets e celulares, mas não significa que estão vendo F1. E mesmo que estejam hoje, ainda vão assistir quando tiverem 40 anos? O mundo mudou demais nos últimos anos, e duvido que isso vai parar”, disse.

“Temos que esperar um pouco para as coisas se acalmarem. Espero que tudo se ajeite, e seremos capazes de manter a audiência. Não vamos aumentá-la. O único esporte que realmente aumentou foi o futebol. Você liga a TV e sempre tem um jogo. Pode não ser ao vivo, mas vai prender a audiência”, concluiu.

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