De Montreal e com bolsos cheios: os Stroll tomam F1 de assalto e aparecem no centro das ações para 2019

A escalada da família Stroll na F1 é meteórica. Se dois anos atrás se tratava de um sobrenome de pessoas desejosas ao ingresso no Mundial, hoje são 'players' ativos no processo de sucateamento da Williams e da tentativa de renascimento da Force India

O que você conhecia da família Stroll há dois anos? Claro, se você é um total aficionado no mundo do esporte a motor, sabia que Lance Stroll era um jovem piloto no caminho para o título da F3 Euro numa situação extremamente favorável: a que seu pai, rico e maior suporte, bancava a equipe na categoria e dava a Lance grande vantagem sobre os competidores até da Prema. Parava por aí. Dois anos se passaram, e o cenário mudou: os Stroll tomaram a F1 de assalto.

 
A família canadense fez, nos últimos dois anos, com que o sobrenome tomasse o centro do palco para as equipes privadas da F1. Tire Mercedes, Red Bull, Ferrari, Renault e McLaren, avalie o resto. Qual outro nome você mais ouviu nestes dois anos? O de Vijay Mallya, talvez? Ainda que fosse – o que é difícil, porque os Stroll têm um piloto a seu lado -, Mallya agora está fora do páreo. Os canadenses, do outro lado, são mais importantes do que nunca.
Foi em setembro de 2016 que os Stroll entraram de vez no quadro. Naquele momento, a Williams confirmou a saída de Felipe Massa, que seria substituído por Lance Stroll no ano seguinte. A equipe começaria a receber um importante aporte financeiro para colocar em seus quadros um piloto iniciante ao lado de Valtteri Bottas em 2017. A estimativa é que Lawrence, pai de Lance, tenha colocado mais R$ 300 milhões pela vaga, além de ter bancado testes privados para o filho com o carro de 2014 e presenteado a Williams com um novo simulador. 
 
Com a aposentadoria surpresa de Nico Rosberg, tudo mudou. Bottas foi para a Mercedes e Massa ficou como companheiro de Stroll. Na primeira temporada, o canadense conseguiu um pico de resultado: foi ao pódio numa corrida estranha no Azerbaijão, mas não impressionou na pista. Errou demais e ainda causou um mal estar com Massa no fim do ano. 
Lance com Lawrence Stroll (Foto: Reprodução)

Sem o brasileiro, a Williams trouxe outro jovem endinheirado, Sergey Sirotkin, para fazer dupla com Lance. Até aqui, um erro capital. A Williams, mesmo com o dinheiro vindo do magnata canadense, aparenta estar atordoada desde março. Com uma dupla jovem e que não mostra capacidade de reagir, está enterrada no último lugar do Mundial de Construtores – havia ficado na quinta colocação em 2017.

 
É, ao menos na pista, um ano péssimo para Stroll. A evolução não aparece e nem a maturidade, que a essa altura é mais vista em Sirotkin. Não que Lance não tenha tempo para crescer. Aos 19 – completa 20 em outubro -, claro que tem. Mas é difícil imaginar como isso vai acontecer ao passo que começa a ter cada vez mais poder.
 
Do outro lado, está o pai. Mecenas de uma equipe cambaleante, Lawrence não é um sujeito de personalidade de grandes aparições públicas, mas nos bastidores a pressão que exerce é forte. Foi assim com a possibilidade de Robert Kubica se tornar o companheiro do filho em 2017. Papa Stroll bateu o pé e conseguiu que fosse feito do seu jeito apesar do teste da pista e do relógio mostrar que Kubica era uma reposição mais forte a Massa.
 
De longe, a Force India

Se Lawrence Stroll passou os últimos dois anos em eterna queda de braço com a direção da Williams, viu na falência controlada da Force India a oportunidade de se livrar de vez da sucateada escuderia de Grove. Apesar das muitas dívidas e toda a dificuldade financeira que mandou a antiga equipe anglo-indiana para situação de insolvência, a operação esportiva da Force India é notável. Não é à toa que terminou as duas últimas temporadas no top-4 do Mundial de Construtores.

 
Procurado por quem ficou na Force India, Stroll se tornou o líder de um consórcio que adquiriu a equipe. Naturalmente a movimentação muda a relação dos dois. Lawrence provavelmente não fará da Force India um parquinho de diversões para o filho, mas é uma certeza no paddock que Lance será piloto da Force India – resta saber se ainda nesta temporada ou se na próxima. A mudança será fundamental para derrubar as peças de um 'efeito dominó' nos acertos dos pilotos e equipes para 2019. Neste momento, Lance, mesmo sem impressionar, caiu para cima. 
Lawrence e Lance Stroll (Foto: Reprodução/Twitter)

Bolso fundo

Mas de onde vem essa ligação com o esporte e tanto dinheiro? Lawrence e Lance são ambos de Montreal, no estado canadense de Québec. O pai fez fortuna como investidor do ramo da moda e indústria têxtil.

 
Lawrence Stroll teve grande responsabilidade em levar ao Canadá marcas como Pierre Cardin e Ralph Lauren, gigantes internacionais. Depois, junto que o antigo sócio e também membro do consórcio que adquiriu a Force India, Silas Chou, aportou muito dinheiro no estilista Tommy Hilfiger, que formava a sua marca, nos anos 1980. Juntos, os dois também apostaram na Asprey & Garrard e Michael Kors. Todas marcas de extremo sucesso. A atuação de Lawrence acontece sobretudo nos Estados Unidos e Canadá.
 
Os negócios levaram Stroll a ter uma fortuna estimada pela revista norte-americana 'Forbes' US$2,7 bilhões – R$ 10,5 bilhões.
 
Além da F1, Stroll possui uma vasta coleção de carros da Ferrari e um autódromo, o Circuit Mont-Tremblant, no Canadá. Stroll, o pai, já correu na Ferrari Challenge há alguns anos. A última aquisição dele em termos de carro foi uma Ferrari 330 Spyder pela qual ela desembolsou a bagatela de R$ 107 milhões. 
 
Resumindo: não falta grana para os Stroll. E nem atitude, ficando para o leitor julgar se pai e filho agem bem ou mal. O certo é que, caso decidam ficar na F1, ficarão por muito tempo.
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