Conta-giro: Possível redução a oito equipes com três carros cada traz novo cenário da F1 para 2015

O crível ex-presidente da Williams incendiou o noticiário do fim de semana do GP da Itália com a notícia de que a F1 será diferente do que vemos na temporada que vem, com três equipes a menos e mais carros dentre as que restarem. O GRANDE PRÊMIO analisa como pode ser a categoria diante deste novo prisma

O GP DA ITÁLIA já havia acabado e os três pilotos que foram ao pódio estavam na sala de coletiva da FIA. Lewis Hamilton sorria, ainda sem muito olhar para sua direita mesmo quando Nico Rosberg o elogiava e lhe dava méritos para a vitória. O inglês preferiu conversar com Felipe Massa, nem tão sorridente quanto um Daniel Ricciardo pelo seu terceiro lugar. Longe dali, física e virtualmente, o ex-presidente da equipe do brasileiro é quem soltava uma notícia que ecoou tanto quanto o incidente dos pilotos da Mercedes em Spa-Francorchamps: a mudança no cenário da F1 em 2015 com a existência de apenas oito equipes com possibilidade de alinhar até três carros.

 
Há dois pontos claros que se surgem na informação – considerando sua veracidade, afinal Adam Parr é um sujeito ainda muito envolvido com os bastidores da F1: quais seriam as três equipes que seriam limadas do campeonato e como as equipes restantes poriam um terceiro carro para rodar em meio ao corte de custos vigente. A primeira questão se destrincha.
 
O time mais próximo na boca-de-lobo da F1 é a Caterham. Desde que Tony Fernandes abandonou o barco, as nuvens negras começaram a se aproximar, sobretudo quando Colin Kolles entrou no projeto. O romeno tem um currículo extenso de ruína de equipes e tentava voltar à F1 via Forza Rossa – cuja inscrição para entrada na categoria estava garantida. Junto com Christijan Albers, promoveu uma demissão em massa de funcionários e enxotou enquanto pôde Kamui Kobayashi, justamente o piloto que poderia levar o time à sonhada décima colocação no Mundial de Construtores. A nova direção fez do carro verde um balcão de negócios, e como falharam em Monza, por exemplo, chamaram o japonês às pressas para correr. Pois minutos depois à revelação de Parr veio o anúncio da saída de Albers. As “questões pessoais” significavam a ausência do dinheiro do desconhecido investidor árabe.
Christijan Albers foi o chefe da Caterham por dois meses (Foto: Getty Images)
A Marussia também não tem vida fácil. Por mais que tenha praticamente garantido seu posto como recebedora da premiação da F1, estando ainda à frente da Sauber na classificação, pouca grana entra de patrocinadores. Max Chilton está lá por seu belo montante, mas ai dele falhar no pagamento de parcelas; os treinos livres na Bélgica mostraram bem. Jules Bianchi é um escambo feito com a Ferrari, a fornecedora de motores da escuderia.
 
Tem a própria Sauber, que produz o maior fiasco de sua história em termos de resultados, e não há meio sequer de conseguir superar a Marussia. O modus operandi é semelhante, com um piloto que traz um claro dinheiro – Esteban Gutiérrez – e outro que tem lá suas qualidades, mas também limitações – Adrian Sutil. Na avalanche de notícias do último domingo, também se falou que um canadense do ramo da moda, Lawrence Stroll, está em negociações avançadas para a compra da equipe. Peter Sauber se recusa a comentar, o que é quer dizer um ‘aí tem’.
 
Mas tem quem diga que Stroll também está de olho na Lotus, que registrou o maior prejuízo da história da F1 em 2013 e também pasta nesta temporada, no mesmo esquema das anteriores: um leva muita grana – Pastor Maldonado –, o outro tenta guiar a equipe – Romain Grosjean. É a situação mais dúbia, porque a estrutura é boa; o problema é a falta de orçamento.
 
O que se desenha, então, é que as nanicas que entraram em 2010 e ou Sauber ou Lotus virem história. A partir daí, o GRANDE PRÊMIO faz um prognóstico de como podem ser as composições das escuderias remanescentes, considerando o cenário atual.
MERCEDES 

Nico ROSBERG
Lewis HAMILTON
Sam BIRD ou Paul DI RESTA

A Mercedes continuaria com os dois pilotos que lutam pelo título da temporada 2014 da F1, e aí teria duas opções caseiras nas quais pode investir: Paul di Resta, que voltou para o DTM após perder a vaga na Force India e é um reserva ‘não oficial’ do time, e Sam Bird, vice-campeão da GP2 em 2013, cuja carreira vinha contando com grande incentivo da montadora alemã — contudo, isso não foi o bastante para colocá-lo na F1 até agora; experimentando outras categorias, disputou as 24 Horas de Le Mans pela AF Corse.
Lewis Hamilton e Nico Rosberg (Foto: Mercedes)
 
RED BULL
 
Sebastian VETTEL
Daniel RICCIARDO
Sébastien BUEMI ou Jean-Éric VERGNE
A Red Bull está dispensando Jean-Éric Vergne da Toro Rosso, exatamente como fez com Sébastien Buemi há quase três anos. Mas o suíço continua dentro da equipe trabalhando como reserva e é um piloto capaz, como tem mostrado da Toyota no WEC — apenas não se encontrou no lugar certo na hora certa na F1. Vergne era cotado junto de Ricciardo para ser promovido à RBR neste ano, batalha que perdeu. Embora não seja um piloto de atuações vistosas como as do australiano, costuma ser bem constante.
Sebastian Vettel foi procurado pela McLaren, mas segue na Red Bull (Foto: Getty Images)
 
WILLIAMS
 
Valtteri BOTTAS
Felipe MASSA
Felipe NASR
Esse parece ser o cenário mais evidente se levarmos em conta a quantidade de elogios que a direção da Williams faz ao trio. Bottas e Massa estão devidamente confirmados como titulares para 2015, e Nasr, o reserva, está buscando uma vaga no grid também em outras equipes. Mas no caso de um terceiro carro ser admitido, seria uma escolha natural para a escuderia — que também será parceira técnica da maior empresa brasileira, a Petrobras. Além disso, Nasr tem bons patrocinadores nacionais.
Felipe Massa continua com Valtteri Bottas (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
 
FERRARI
 
Fernando ALONSO
Kimi RÄIKKÖNEN
Jules BIANCHI, Nico HÜLKENBERG ou Raffaele MARCIELLO
Considerando que Fernando Alonso e Kimi Räikkönen seguem onde estão, a Ferrari teria duas opções caseiras e outra com quem já esteve muito perto de assinar no passado — e por que não tentar reviver esse flerte? Jules Bianchi é piloto da Academia da Ferrari há tempos e vem demonstrando notável progresso dentro da Marussia desde 2013, levando-a aos pontos no GP de Mônaco desta temporada. Na eventual saída da equipe nanica, Bianchi passaria a ser o candidato natural. Raffaele Marciello é uma boa promessa, contudo, ainda comete alguns erros juvenis e inclusive levou esporro público na GP2. Já Nico Hülkenberg possui contrato com a Force India para o próximo ano, mas seria o investimento da Ferrari no ano passado não fosse Räikkönen — e valeria a pena tirá-lo da concorrente. Ainda mais com o #27 no carro, que faria a Scuderia reviver todo aquele frenesi dos tempos de Gilles Villeneuve.
Fernando Alonso diz que fica. OK (Foto: Ferrari)
 
McLAREN
 
Jenson BUTTON
Kevin MAGNUSSEN
Stoffel VANDOORNE, Romain GROSJEAN. Nico HÜLKENBERG ou Simon PAGENAUD
Tudo bem que a McLaren ainda não confirmou a manutenção de Jenson Button nem a de Kevin Magnussen no próximo ano, mas como Alonso, Hamilton e Vettel devem permanecer em seus respectivos lugares, o inglês e o dinamarquês acabam sendo as melhores opções. Para o carro extra, a equipe de Woking pode olhar para uma opção caseira: Stoffel Vandoorne, membro do programa de jovens talentos, vice-campeão da World Series em 2013 e atualmente em terceiro na GP2, vencendo corridas a rodo nesta parte final do campeonato. Ou então buscar nomes que já provaram seu potencial em outros cantos: Romain Grosjean, cujo empresário é Eric Boullier; Hülkenberg, outro velho desejo do chefe da McLaren, que o queria para a Lotus quando ainda estava por lá; ou até mesmo o francês Simon Pagenaud, preferido da Honda na Indy e cotado para um teste com o motor da F1 em breve.
Kevin Magnussen (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)
 
FORCE INDIA

Nico HÜLKENBERG
Sergio PÉREZ
Daniel JUNCADELLA ou James CALADO
OK, Hülkenberg foi mencionado como possível opção para Ferrari e McLaren, mas, a princípio, possui contrato com a Force India, assim como Sergio Pérez. Daniel Juncadella, atualmente piloto da Mercedes no DTM, e James Calado já treinaram com o time às sextas-feiras ou em dias de testes. Alguém que aparecer por lá com algum incentivo também não será visto com maus olhos por Vijay Mallya. Difícil ver um cenário diferente deste para 2015.
Sergio Pérez (Foto: Getty Images)

TORO ROSSO
 
Daniil KVYAT
Max VERSTAPPEN
Carlos SAINZ JR., António FÉLIX DA COSTA ou Pierre GASLY
No caso da Toro Rosso, nem tem muita conversa. Daniil Kvyat e Max Verstappen já estão confirmados para a próxima temporada, e algum dos jovens do programa de talentos da Red Bull certamente seria efetivado. Atualmente, Carlos Sainz Jr. e António Félix da Costa aparentam ser os primeiros da fila, com vantagem para o espanhol. Mas, de repente, também pode pintar o francês Pierre Gasly, que estreou na GP2 na Itália.
Daniil Kvyat (Foto: GettyImages)
 
LOTUS
 
Pastor MALDONADO
Romain GROSJEAN
Charles PIC ou Esteban OCON
A situação da Lotus não é muito confortável. Maldonado, com os petrodólares da PDVSA, está garantido para 2015 — se a equipe existir. Grosjean quer sair, mas não sabe se vai encontrar outro lugar. O reserva Charles Pic está de olho em uma vaga, e uma promessa que atualmente veste as cores do time de Enstone é Esteban Ocon, francês que lidera o campeonato da F3 Europeia — está derrotando Max Verstappen. Mas malas de dinheiro são muito bem-vindas na escuderia auri-negra.
Romain Grosjean (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

SAUBER
 
Adrian SUTIL, Esteban GUTIÉRREZ, Simona DE SILVESTRO, Giedo VAN DER GARDE ou Sergey SIROTKIN
O cenário da Sauber é o mais incerto possível. Não se tem ideia se quem está, fica. Tampouco se quem quer entrar, entra. Sutil e Gutiérrez, com seus patrocinadores, almejam continuar em 2015. Simona de Silvestro, pilota-afiliada, está sendo preparada para virar titular, também tem patrocinadores e conta com o atrativo de se tornar a primeira mulher no grid em mais de duas décadas. Giedo van der Garde tem treinado às sextas-feiras e em testes e está disposto a retornar ao grid, e o russo Sergey Sirotkin, em um esquisito acordo com empresas do governo russo, chegou a ser anunciado em julho de 2012 como piloto para 2013. Contudo, cru, foi mantido nas categorias de base para ganhar mais bagagem antes de, enfim, ficar pronto para o Mundial. A lista de candidatos pode aumentar, é claro, com a chegada de mais gente disposta a pagar para correr.
Não seria impossível ver Sutil e Simona juntos (Foto: Sauber)

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