Uma ação da Mercedes foi determinante para o cancelamento do GP da Austrália, na manhã da última sexta-feira em Melbourne — ainda noite de quinta-feira (12) no Brasil. Segundo reportagem da revista britânica ‘Autosport’, na noite anterior ao que seria o primeiro treino livre no circuito Albert Park, Ola Kallenius, novo CEO da marca alemã, ligou para Toto Wolff e deixou claro o dever de cuidado da Mercedes para com seus funcionários e a F1 como um todo. A conversa foi fundamental para que a equipe hexacampeã do mundo desempatasse um embate para os times favoráveis ao cancelamento, que acabou sendo consumado pela F1, FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e o promotor do GP da Austrália horas depois.
Kallenius ligou para Wolff pouco depois que a McLaren anunciou sua retirada do GP da Austrália após a confirmação do diagnóstico positivo para um dos seus funcionários por coronavírus na tarde de quinta-feira, horário de Melbourne. A decisão da escuderia britânica fez com que a F1 realizasse uma reunião de emergência envolvendo as outras nove equipes do grid e Ross Brawn, diretor-esportivo da Fórmula 1. Jean Todt, presidente da FIA, participou da conferência por telefone.
Ficou decidido previamente que o GP da Austrália só seguiria em frente e conforme o planejado se a maioria das equipes assim decidisse. Segundo o regulamento esportivo da F1, no Artigo 5.7, “um evento pode ser cancelado se menos de 12 carros estiverem disponíveis”. A categoria já trabalhava com a opção de cancelamento da prova, ou então com a realização dos treinos livres na sexta-feira, com ou sem público. Se a F1 não enfrentasse mais casos de coronavírus, a ideia era de manter a programação para o restante do fim de semana.
A ligação de Ola Kallenius para Toto Wolff ajudou a selar o destino do GP da Austrália (Foto: Reprodução)
De acordo com a publicação britânica, a Ferrari já havia deixado claro que não correria em Melbourne, independente do que as outras equipes decidissem. Tanto que Sebastian Vettel deixou a Austrália antes mesmo da definição a respeito do cancelamento.
Além da Ferrari, Alfa Romeo e Renault se uniram à McLaren como as equipes contrárias à realização da prova. Haas e Williams se abstiveram de voto, mas indicaram que seguiriam a decisão da maioria. Inicialmente, Mercedes,
Red Bull, AlphaTauri e Racing Point, em contrapartida, eram contra o cancelamento do GP da Austrália.
A votação estava, assim, empatada. Desta forma, Ross Brawn teria direito ao voto de minerva — desempate. O dirigente era favorável a, pelo menos, seguir com a programação de treinos livres antes de avaliar o quadro para os próximos dias. Ficou acertado que a definição sobre o assunto ficaria para a manhã de sexta-feira.
Entretanto, após a ligação de Kallenius para Wolff na noite de quinta-feira, o dirigente austríaco mudou seu posicionamento e, após encontro na sexta-feira pela manhã, declarou o voto da Mercedes contra a sequência do evento. Assim, mesmo que Haas e Williams votassem a favor da realização do fim de semana, somente dez carros estariam disponíveis para a etapa — considerando também Racing Point, Red Bull e AlphaTauri.
Assim, as equipes informaram ao Australian Grand Prix Corporation que estava consumada a decisão contrária ao andamento do GP da Austrália. O movimento ‘aliviou a barra’ do Liberty Media que, se decidisse de maneira unilateral, poderia perder a taxa que é paga pelo promotor do GP da Austrália.
Em seguida, a autoridade de saúde do estado de Victoria, onde fica a cidade de Melbourne, informou que, em razão do coronavírus, estava vetada a entrada de qualquer espectador no circuito. Pouco depois, veio o desfecho de um GP da Austrália que não aconteceu.
Enquanto a maioria das equipes e pilotos se mostrou favorável ao cancelamento do fim de semana, Red Bull, AlphaTauri e Racing Point foram contrárias. Um dirigente da escuderia de Milton Keynes, que não teve seu nome divulgado, afirmou: "Somos competidores e estamos aqui para correr".
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