Coluna Superpole, por Victor Martins: A Coreia da Red Bull

A Red Bull vive tempos de Coreia. Primeiro pelo yin-yang. E, claro, pela crise dos dias atuais. Vettel se assemelha a Kin Jong-un como um atacante insano com maior arsenal sobre o sul, que se vê acuado e em busca das negociações de paz ainda na base do diálogo, procurando os aliados aqui e ali

Se o filósofo contemporâneo Xaropinho fosse chamado para comentar, certamente definiria com um “rapaz”, bem esticado a seu modo, a situação agora beligerante que a Red Bull vive e que não tem nem como mais disfarçar ou esconder. O hiato do GP da Malásia para cá serviu não para apaziguar, mas de tanto Vettel pensar e repensar, seu arrependimento imediato por ter sido um mau menino e se aproveitado de uma situação de guarda baixa de seu oponente para vencer aquela corrida se transformou na raiva de um touro atiçado pelo movimento dos capotes. O resultado foi a declaração aberta de guerra contra Webber.

 
É bem verdade que a Red Bull também abriu as fronteiras para o embate depois de reprimir e assoprar, e o último vento veio na extinção, correta, das ordens de equipe. Em uma situação em cada um faz por si e Deus por todos, Vettel se viu livre das amarras que o prendiam e disparou que agiu por vingança em Sepang, que repetiria o ato – e que se arrependeu do arrependimento, na prática – caso voltasse a ocorrer, que Webber não merece sua ajuda porque nunca foi ajudado por ele, que a mãe é uma canguru coxinha, o pai é um coala empadinha, e que comeria os dois, no bom sentido.
 
Webber, deveras emputecido e que pensou em largar tudo diante daquilo, voltou centrado e na pele do bom moço disposto a esquecer tudo, tanto que esqueceu que disse que pensou em largar tudo e disse que nunca pensou, mas diante do ataque da força oposta, assentiu que as relações foram novamente cortadas e que o negócio é lutar pelo seu. A Red Bull vive tempos de Coreia.
Sebastian Vettel declarou guerra a Mark Webber. Fight! (Foto: Vladimir Rys/ Getty Images)
Primeiro pelo yin-yang. Vettel, até então semblante do bom mocismo e de caráter ilibado, transformou-se em um campeão de garras e língua afiadas, uma espécie de Carminha, relembrando os tempos de ‘Avenida Brasil’. Webber, de postura firme na maioria das vezes e até mesmo contra o sistema, tornou-se a vítima da história, a Nina. E como ensinou a novela, segundo meu primo, Carminha e Nina alternavam o papel de vilã e mocinha a ponto de não se compreender certamente quem e o que era certo ou errado, que no fundo é essa dualidade exposta no símbolo da bandeira coreana.
 
E, claro, pela crise dos dias atuais. Vettel se assemelha a Kin Jong-un como um atacante insano com maior arsenal sobre o sul, que se vê acuado e em busca das negociações de paz ainda na base do diálogo, procurando os aliados aqui e ali – que geralmente são vistos nos pilotos das equipes rivais, como Alonso, Massa e Button. A Coreia de Sebastian tem um norte mais estabelecido pela bagagem de vitórias e conta com uma artilharia de maior recurso. Mas o inimigo sempre viveu em tempos de paz e quietude – a não ser com Pizzonia nos tempos de Jaguar –, e nunca deu um boi ou um touro para entrar numa briga.
 
Xangai é o primeiro campo de batalha entre ambos neste fim de semana. Se lá topar a tourada, talvez o sul de Webber comece a finalmente encontrar a situação ideal, o confronto direto, para tirar de si o melhor e mostrar quem é. Do contrário, inicia sua morte sem deixar rastros nem saudades.
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