Coluna Apex, por Andre Jung: Vencedores e vencidos

Podemos dizer que a Williams foi o grande fiasco de 2016. O carro teve um baixo desenvolvimento desde 2014, os pilotos não tiveram performances de destaque e a equipe se viu longe do pódio que havia frequentado nas temporadas anteriores

Lá se vai mais um campeonato, o mais longo de todos os tempos. Mais um na conta da Mercedes, rainha suprema da era Turbo. 

 
Quando os carros híbridos finalmente foram à pista, em 2014, poucas voltas foram necessárias para que se percebesse a imensa diferença de potência e consumo que a unidade de força da Mercedes gerava sobre a concorrência.
 
Partindo daí já era possível prever que as temporadas seguintes também seriam decididas entre os carros prateados. E assim foi, com Hamilton e Rosberg sempre dividindo as duas primeiras posições. Em 2016, Rosberg se livrou da pecha de segundo piloto e levou o caneco.
 
Se por um lado vimos a Mercedes impávida preservar a liderança que estabeleceu desde o início do novo regulamento, por outro vimos a Williams decair ano a ano. Em 2014, a vantagem do propulsor dos alemães era tanta que a Williams conseguiu um improvável terceiro lugar no Mundial de Construtores. Em 2016, porém, caiu duas posições, com a evolução do motor Renault e a elevação da Force India à segunda força motorizada pela Mercedes.
 
Podemos dizer que a Williams foi o grande fiasco de 2016. O carro teve um baixo desenvolvimento desde 2014, os pilotos não tiveram performances de destaque e a equipe se viu longe do pódio que havia frequentado nas temporadas anteriores.
 
A corrida de Abu Dhabi tem essa característica única de começar com luz natural e terminar à noite, sob a farta iluminação artificial da pista. Isso por si é um atrativo e tanto. O outro é o de encerrar e por vezes decidir a temporada. Não fosse assim, seria uma monotonia.
 
A tática de Hamilton para pressionar seu rival foi bem calibrada, mas Rosberg conseguiu manter os nervos no lugar e, quando foi necessário, ousar. De forma calculada, com o regulamento embaixo do braço, como se costuma dizer, o alemão, desde o momento em que estabeleceu uma vantagem que o deixava livre da necessidade de vencer corridas, fez rigorosamente o que era necessário para chegar em segundo nas quatro provas finais e levar o título. Uma demonstração rara de sangue frio que transbordou em emoções quando concluiu a tarefa. Dizer que Hamilton é muito melhor que Rosberg não é uma verdade, ele demonstrou isso em 2016.
(Ilustração: Marta Oliveira)
Na Red Bull, segundo time do ano, Verstappen terminou a temporada em alta. Ricciardo, em baixa. Com duas corridas de recuperação que encheram os olhos da galera, Max reafirmou seu talento e é hoje uma unanimidade. Talvez seja ele o piloto que todos os chefes de equipe quisessem em seus times, um daqueles poucos que andam mais que o carro. Ricciardo é muito bom e no conjunto da obra superou seu companheiro de equipe, mas o holandês termina o ano com performances cintilantes, justo dizer que foi o maior destaque do time energético.
 
Na Ferrari, demovida à terceira força, o highlander Kimi Räikkönen teve alguns momentos que lembraram seus bons tempos, mas nada que justifique a insistência da Ferrari em mantê-lo. Vettel, por outro lado, esteve longe do piloto que havia caído nas graças da torcida em 2015. Com um começo de temporada encorajador, a Scuderia passou a receber forte cobrança por vitórias. Dali foi caindo de produção à medida que a temperatura subia, até jogar a toalha ao se ver superada também pela Red Bull.
 
A estratégia de Vettel em Abu Dhabi garantiu uma dose extra de emoção nas últimas voltas e finalmente pudemos ver uma boa prova do tetracampeão mundial. Com pneus novos e mais macios, andou muito forte e fez belas ultrapassagens no último stint. 
 
Quando superou Verstappen, pensei: é alemão, vai segurar a bronca e ajudar o compatriota a levar o caneco pra terrinha. Por outro lado, meu xará, estudioso de F1 e rockstar Dé Palmeira lembrou um aspecto ainda mais significativo: caso Hamilton vencesse o campeonato empataria com Vettel em número de conquistas. Assim, pareceu meramente cosmética a pressão da Ferrari em Rosberg nas voltas finais.
 
Tocante a despedida tímida de Jenson Button. O galã inglês, campeão mundial de 2009 e um dos mais boa praça na categoria, abandonou com a suspensão dianteira direita de sua Mclaren quebrada. Recebeu um caloroso aplauso do público, beijou a família e só, sem choro nem vela.
 
Essa coluna foi escrita sob o impacto da tragédia com o avião da Chapecoense que vitimou tantos atletas e colegas da imprensa. 2016 não teve muita coisa boa para contar e a última Apex do ano manifesta os sentimentos do autor e da ilustradora para com os familiares, parentes e amigos dessa turma toda.
 
Até a próxima! E que 2017 nos traga a alegria de volta.
 
Enquanto isso…
 
… um fio tênue ainda nos mantém respirando por aparelhos na categoria, enquanto a Manor não fecha sua dupla de pilotos… 
 
… o décimo lugar de Fernando Alonso no Mundial de Pilotos ao volante da McLaren Honda é um feito histórico…
 
… a defenestração de Ron Dennis faltando uma prova para o final de temporada é uma pílula amarga na carreira de um dos mais emblemáticos dirigentes da história da categoria. 
 
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