Coluna Apex, por Andre Jung: Rosberg volta a sorrir

Rosberg mostra brio, cria dificuldades reais para Hamilton, e ainda que não arranhe a superioridade do inglês, não o deixa na zona de conforto. Em Mônaco, Rosberg anda muito bem, e uma nova vitória tem grande chance de acontecer, reacendendo de vez a disputa pelo título

Diferente do ano passado, quando essa nova geração de carros surpreendentemente proporcionou uma corrida interessante, dessa vez o GP de Barcelona voltou ao seu padrão monótono, com poucas disputas na pista.
 
O novo trecho do traçado, com chicane e tudo, antes da reta principal, tampouco produziu melhores condições para ultrapassagens, de modo que restou à Mercedes, com um carro muito superior a Ferrari no circuito catalão, realizar um lance de xadrez para tomar o segundo lugar de Sebastian Vettel.
 
O alemão, assim como toda a sua equipe, esperavam muito do seu novo carro, tido praticamente como um modelo B, devido à quantidade de modificações. Mas o resultado não apareceu: perderam rendimento em relação à Mercedes, que também trouxe novidades, e não abriram vantagem para a Williams, que, a não ser por detalhes, veio com o mesmo carro.
Rosberg vai mudar a situação? (Ilustração: Marta Oliveira)
Kimi Räikkönen, depois de testar e não aprovar o novo pacote na sexta, decidiu reverter seu carro para os padrões do GP do Bahrain, o que, em definitivo, não o ajudou a encontrar um bom acerto. Vettel conseguiu manter-se como o perseguidor das Mercedes, embora amplamente dominado.
 
A esperança da equipe é a de que os ventos que sopraram nos treinos de sexta e sábado tenham falseado o rendimento das modificações aerodinâmicas. F1 é assim: os caras vão correr na pista onde mais se treina, aquela onde todos conhecem cada centímetro, e sempre estão a descrever as reações do carro e a situação da pista como se fossem uma grande surpresa; se, por acaso, um pombo desavisado fizer suas necessidades no asfalto de Montmeló, o efeito no cronômetro pode derrubar milhões investidos em tecnologias mirabolantes.
 
A corrida modorrenta teve como grande mérito recuperar alguma disputa. Nico Rosberg, que dessa vez teve a companhia da esposa, em alta depois de um início de gravidez complicado, treinou e correu como fez na primeira fase da temporada passada. Restou a Lewis Hamilton minimizar o estrago, chegando apenas uma posição atrás.
 
Recente, Gerhard Berger fez uma analogia entre sua situação com Ayrton Senna, e a situação de Rosberg diante de Hamilton. Nada mais falso: Berger foi totalmente dominado por Ayrton, mostrando-se incapaz de ao menos secundá-lo nas provas. Entregou-se e preferiu fazer um patético papel de segundo piloto conformado.
 
O episódio de sua vitória no Japão, tido como homenagem do amigo Ayrton, foi deprimente. Que não me apedrejem: deixar aquela vitória para Berger era uma coisa já combinada (até o Galvão sabia), por que só deixá-lo cruzar em primeiro na bandeirada? Para mostrar ao mundo a generosidade? Ah, vá.
 
Rosberg mostra brio, cria dificuldades reais para Hamilton, e ainda que não arranhe a superioridade do inglês, não o deixa na zona de conforto. Em Mônaco — palco de uma grande desavença entre os dois ano passado —, Rosberg anda muito bem, e uma nova vitória tem grande chance de acontecer, reacendendo de vez a disputa pelo título.
 
A Ferrari evoluiu muito, sim, mas se especula que uma fiscalização mais apertada sobre o fluxo de combustível em seus motores tirou um bocado do 'entusiasmo' que punha pressão nas Flechas de Prata. Também se acredita que a Mercedes tem margem para liberar bem mais potência, o que não fazem para manter-se folgadamente dentro da margem dos quatro motores por carro para toda temporada. Dessa forma, só uma luta fratricida entre os dois pilotos Mercedes pode dar esperança para Vettel.
 
A Red Bull é quem sai de Barcelona mais abatida, embora Daniel Ricciardo tenha feito uma corrida razoável, terminando onde seu carro podia chegar. Sétimo lugar é algo inaceitável para os padrões da equipe. Kvyat está em parafuso, não consegue andar na frente das Toro Rosso e, depois de um 2014 fenomenal, começa a entrar numa zona nebulosa. Nessa toada, pode vir a deixar a F1 tão depressa como entrou
 
Reclamar só do motor está claro que não é o caso: enquanto a Renault mostrou evolução, com bom desempenho nos treinos, colocando dois carros na terceira fila e fazendo os 4 motores resistirem à toda corrida, o RB11 parece ter andado pra trás, mostrando-se no mesmo nível, ou pior, do que o chassi que equipa a prima pobre.
 
Para criar mais pressão sobre a prima rica, Carlos Sainz Jr. e Max Verstappen, jovens, talentosos e estreantes, estão produzindo um dos melhores duelos da temporada.
Max Verstappen deixa os pits durante o GP da Espanha, em Barcelona (Foto: Beto Issa)
Enquanto isso…
 
…a McLaren tenta disponibilizar um pouco mais de potência, vai ao Q2 com os dois carros, mas fracassa em ritmo de corrida…
 
…enquanto os sorrisos escasseiam, Éric Bouiller começa a entrar em ritmo de fervura… 
 
…Valteri Bottas é cliente bom para professor de italiano.
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