Antiga ‘princesa’ da F1, Red Bull bate no fundo do poço e já se prepara para vexame em sua pista

Dominante no início da década, a escuderia austríaca atravessa um período turbulento em 2015. No GP do Canadá, Daniel Ricciardo disse que a Red Bull chegou ao fundo do poço e que não há como ser pior a partir de agora. Mas a próxima etapa do Mundial é justamente o GP da Áustria, casa da equipe taurina, que pode amargar mais um vexame devido à fragilidade do motor Renault

Depois de uma jornada terrível no último fim de semana em Montreal, a pergunta que não quer calar é: o que acontece com a Red Bull? O GP do Canadá do último domingo refletiu de forma direta a decadência da equipe com apelo e imagem jovial que brilhou na F1 e foi tetracampeã mundial, mas hoje se mostra perdida. Daniel Ricciardo, eleito para liderar o time de Milton Keynes após a saída de Sebastian Vettel, terminou uma corrida fora dos pontos pela primeira vez desde que estreou no ano passado, quando quebrou a supremacia da Mercedes ao vencer três corridas.

Curioso é que o pior desempenho da Red Bull em 2015 — igualando o da China, apenas dois pontos — ocorre apenas duas semanas depois da melhor performance do time, que terminou em quarto e quinto lugar no GP de Mônaco, com Daniil Kvyat e Ricciardo, respectivamente. Mas Monte Carlo é um circuito bastante peculiar e onde a potência do motor é pouco relevante, diferente do traçado do Canadá e de boa parte do calendário.

É aí que entra o grande ‘calcanhar de Aquiles’ da Red Bull: a falta de potência e confiabilidade das unidades de força da Renault. Os dois pilotos do time já alcançaram o limite de quatro motores, de modo que a punição por exceder tal limite, dada a fragilidade dos propulsores franceses, é iminente.

Em teoria, uma corrida em casa e diante da torcida seria ideal para esboçar uma reação. Mas na prática, o circuito de Spielberg, com suas longas retas separadas por curvas de baixa velocidade, é amplamente desfavorável ao RB11 e ao motor Renault. Assim, um novo vexame é bem possível de acontecer em 21 de junho. Quem diz é Helmut Marko, consultor e braço direito do Christian Horner, chefe de equipe.

Um ano depois de vencer em Montreal, o sorriso de Ricciardo se transformou em decepção (Foto: Beto Issa)

“Spielberg vai ser ainda mais difícil para nós. A tônica do circuito é acelerar saindo de curvas apertadas para retas bem longas, o que em nossa atual situação de motor é a pior coisa possível”, disse o austríaco, revelando o ambiente desanimado da equipe.

Em que pese o domínio da Mercedes desde a adoção das novas unidades de força pela F1 no início do ano passado, 2014 foi um ano em que a Renault conseguiu emparelhar mais a disputa. Tanto que Ricciardo venceu três vezes e somou 238 pontos em 19 corridas, média de 12,52 por prova, finalizando em terceiro lugar. Nesta temporada, o outrora sorridente australiano tem 35 pontos em sete etapas disputadas, média irrisória de cinco por corrida.

Em Montreal, Daniel só andou no top-10 nas primeiras 12 voltas da corrida. É bem verdade que Kvyat ficou bem longe de obter um desempenho brilhante, mas ao menos conseguiu levar o carro à zona de pontuação. Ricciardo, ao contrário, não foi capaz de alcançar mais que a melancólica 13ª posição, sendo batido também por Romain Grosjean, Sergio Pérez e Carlos Sainz Jr., piloto da coirmã Toro Rosso. Um resultado amargo obtido um ano depois de vencer pela primeira vez na F1. “Pensei que a gente tinha chegado ao ponto mais baixo, mas este foi um novo. Esperançosamente, só tem como melhorar agora”, disse.

No momento, Ricciardo é o reflexo de uma Red Bull perdida em 2015 e sequer sabe por onde começar a buscar a reação no Mundial. “Vamos dizer que, olhando em frente para a próxima temporada, definitivamente teremos de lidar com esses grandes problemas. Obviamente, para agora, é o que nós temos. Há algo que não está certo. Primeiro, temos de entender as coisas no meu carro e em seguida, como equipe, vamos continuar olhando para a frente, claro, mas não tenho certeza por onde começar.”

“Tenho certeza de que os caras vão ter algumas respostas depois de hoje. Mas agora estou muito confuso sobre a corrida. Para ser sincero, foi um mistério”, comentou.

Tetracampeã no início da década, a Red Bull hoje se mostra uma equipe perdida na F1 (Foto: AP)

“Tentei de tudo, e nada funcionou. Não tínhamos ritmo. Sei lá, tudo o que eu posso fazer é rir porque os carros de corrida são complicados, você não os entende em alguns dias. Não esperava que seria tão lento na corrida. Sabia que não lutaria por pontos, mas ainda estava acelerando e tentando tirar o máximo possível. Mas foi uma daquelas corridas em que você está apenas completando voltas e voltas. É como bater a cabeça contra a parede. Não aconteceu nada de bom”, complementou o piloto.

Além da preocupação com a falta de desempenho e confiabilidade do motor Renault, a Red Bull vai ter de lidar também com a aproximação de outras equipes, que a julgar pela performance no GP do Canadá, podem até ameaçar o quarto lugar no time taurino. A Lotus, que teve um belo rendimento em Montreal, sobretudo nos treinos classificatórios, e a Force India, que deve estrear a especificação B do VJM08 em Silverstone, são empurradas pelo motor Mercedes e estão em evolução. O último ano que a Red Bull ficou de fora do top-5 no Mundial de Construtores foi em 2008.

Ou a Red Bull sai logo do fundo do poço e reage ou corre o risco de ser engolida e amargar um 2015 para ser jogado no lixo.

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