Porsche favorita e Ferrari em baixa: como WEC chega para 24 Horas de Le Mans 2024

O Mundial de Endurance (WEC) arrumou as malas e desembarcou na França nesta semana, mais especificamente no Circuito de la Sarthe, para realizar a quarta etapa da temporada 2024, a icônica 24 Horas de Le Mans. Com 62 carros e 186 pilotos distribuídos em três classes diferentes, o Brasil será representado por Felipe Nasr, Pipo Derani e Felipe Drugovich nos hipercarros, enquanto Augusto Farfus, Nicolas Costa e Daniel Serra competem na classe LMGT3. Outros nomes conhecidos, como o do heptacampeão da MotoGP, Valentino Rossi, e o vencedor da temporada 2009 da Fórmula 1, Jenson Button, também confirmaram presença.

As primeiras atividades de pista em solo francês aconteceram já no último domingo (9), quando os competidores tiveram a oportunidade de concluir duas sessões de testes na busca por informações importantes para as equipes. No entanto, na quarta-feira começaram as sessões oficiais, quando aconteceram o primeiro treino livre, a primeira parte da classificação — que definiu os oito carros classificados para a disputa da hiperpole — e o segundo treino livre, já no período noturno em Le Mans.

Na quinta-feira, a ação na pista em La Sarthe ficou ainda mais quente quando os primeiros colocados de cada categoria foram definidos por meio da fase decisiva da classificação. Em uma sessão eletrizante, Kévin Estre surpreendeu ao cravar 3min24s634 quando o cronômetro já havia zerado e colocou o Porsche Penske #6 na posição de honra entre os hipercarros. No comando do Cadillac #3, Sébastien Bourdais marcou 3min24s816 e larga na segunda colocação. A Ferrari #51, que venceu a edição centenária em 2023, fechou a lista dos três primeiros.

Na classe LMP2, o melhor tempo ficou com o #14 da AO, guiado pelo suíço Louis Delétraz, que dividirá o protótipo com P.J Hyett e Alex Quinn. O #28 da IDEC Sport, que foi conduzido pelo neerlandês Job van Uitert, partirá da segunda posição. Já pela classe LMGT3, a pole ficou com a McLaren #70 da Inception Racing, que foi conduzido por Brendan Iribe.

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Antes, porém, de chegar a Le Mans, o WEC acumulou passagens por Catar, Itália e Bélgica. No Oriente Médio, os carros se perfilaram para completar nada menos do que 1.812 km no conhecido Circuito Internacional de Lusail, no início de março. Após conquistar a pole-position no sábado com uma bela apresentação de Matt Campbell ao volante do Porsche Penske #5 — que ainda conta com Michael Christensen e Frédéric Makowiecki —, cravando 1min39s347, a montadora alemã varreu as adversárias e conquistou um pódio triplo no dia seguinte.

Dominante nos últimos anos, a Toyota até conseguiu garantir o segundo posto no grid de largada com Nyck de Vries completando o giro em 1min39s511, mas o carro #7 — compartilhado ainda com Mike Conway e Kamui Kobayashi — cruzou a linha de chegada apenas em sexto e não foi capaz de responder a boa fase da Penske. Carro campeão da última temporada, o #8 da fabricante japonesa foi apenas o décimo a receber a bandeirada final com Brendon Hartley, Sébastien Buemi e Ryo Hirakawa.

Lá na frente, após sair da posição de honra, o Porsche #5 não manteve o bom desempenho no circuito catari e terminou em terceiro, deixando a briga pela vitória entre o carro #6 da Penske, guiado pelo trio André Lotterer, Laurens Vanthoor e Kévin Estre, e o Peugeot #93, comandado por Jean-Éric Vergne, Nico Müller e Mikkel Jensen. Porém, uma quebra acabou com o sonho dos franceses na penúltima volta em Lusail, significando uma ausência até do pódio, já que passaram na reta principal pela última vez apenas em sétimo. Após a prova, porém, a equipe foi desclassificada por não ter conseguido chegar ao parque fechado devido a uma falta de combustível.

Desta forma, o segundo lugar ficou nas mãos do Porsche #12, da equipe Jota, comandado por Callum Ilott, Norman Nato e Will Stevens. A lista dos cinco primeiros foi completada pela Ferrari #83, da AF Corse, com Robert Kubica, Robert Shwartzman e Yifei Ye, e pela Toyota #7, que herdou uma posição por causa da desclassificação da Peugeot. Campeã da 91ª edição das 24 Horas de Le Mans, realizada em 2023, a Ferrari #51 de Alessandro Pier Guidi, Antonio Giovinazzi e James Calado terminou na 12ª colocação.

Ainda na etapa realizada no Catar, porém competindo na classe LMGT3, a vitória também ficou com a Porsche, desta vez com o carro #92 da Manthey Racing, comandado pelo trio Aliaksandr Malykhin, Joel Sturm e Klaus Bachler. Os brasileiros tiveram resultados mistos — enquanto Farfus terminou em sexto com o BMW M4 GT3 #31 da equipe WRT, Costa foi apenas o 14º com a McLaren 720S GT3 EVO #59 da United Autosports.

Quase dois meses depois, no fim de abril, o WEC foi à Itália para competir nas 6 Horas de Ímola. A festa da torcida italiana foi grande durante a classificação de sábado no autódromo Enzo e Dino Ferrari, já que a escuderia da casa conquistou as três primeiras posições no grid de largada. O bólido #50, com Nicklas Nielsen, cravou 1min29s466 e puxou a fila da Ferrari, seguido por Kubica, da cliente AF Corse #83, em segundo, e, por fim, Giovinazzi, com o carro #51, em terceiro.

Após vencer a primeira etapa de maneira dominante, o Porsche #6 guiado por Vanthoor marcou o quarto melhor tempo, com o companheiro de equipe do bólido #5, Makowiecki, em quinto. Buscando se recuperar na competição, a Toyota até ensaiou uma disputa com a Ferrari — as duas equipes que mais tiveram redução de peso no Balanço de Performance para a etapa — na luta pela pole-position, mas teve de se contentar com o sexto lugar do conjunto #7, pilotado por Kobayashi, e oitavo posto do #8, que teve Hartley ao volante.

O dia seguinte, porém, teve um gosto amargo para os Tifosi que aguardavam ansiosamente por um bom resultado da esquadra de Maranello. A chuva deu as caras quando restavam cerca de 2h para o fim e, com isso, a maioria das equipes decidiu ir aos boxes para colocar pneus de pista molhada. No entanto, a Ferrari, que liderou boa parte da prova, apostou que o aguaceiro fosse passageiro e manteve os três carros na pista. Falha gigantesca. O asfalto encharcou, os pilotos tiveram de parar e, assim, os rivais abriram larga vantagem nas primeiras posições. Após sair na pole, o bólido #50 até conseguiu diminuir o prejuízo e terminou em quarto.

A briga pela vitória na segunda rodada da temporada 2024 ficou mesmo entre a Toyota #7, que largou em sexto, e os carros #5 e #6 da Porsche. Nas voltas finais, Kobayashi teve de suportar uma enorme pressão imposta por Estre, deixando a corrida em aberto, já que ambos estavam em totais condições de conquistar a vitória. Porém, o alívio para o piloto japonês veio quando restavam cerca de dez minutos para o fim. Pelo rádio, Kamui foi informado pela Toyota de que o piloto do Porsche #6 havia sido punido em 5s por ter ultrapassado um carro durante a última intervenção do safety-car, que foi acionado anteriormente devido alguns incidentes na pista molhada de Ímola.

Sem maiores problemas, Kobayashi cruzou a linha de chegada em primeiro, com Estre em segundo — garantindo a liderança do Mundial para o #6 — e o Porsche #5 em terceiro. A Ferrari #50 fechou o dia na quarta colocação, e logo atrás veio a Toyota #8 para fechar a lista dos cinco primeiros, com 33s777 de desvantagem em relação aos ponteiros.

Entre os LMGT3, a BMW fez a festa ao acertar em cheio na estratégia com os dois carros. Farfus conduziu muito bem o #31 e mitigou as chances do #46, com Maxime Martin ao volante, mas que também teve Rossi e Ahmad Al Harthy ativos no decorrer da prova. O brasileiro, que dividiu o carro com Sean Gelael e Darren Leung, recebeu a bandeira quadriculada com 22s de vantagem para seus companheiros de equipe.

Última parada antes da 24 Horas de Le Mans, o WEC foi para a Bélgica realizar as 6 Horas de Spa-Francorchamps. O fim de semana mais uma vez começou muito bom para a Ferrari, que viu Fuoco cravar 2min02s600 e colocar o #50 na pole, com 0s507 de vantagem para o Porsche Penske #5, que teve Makowiecki ao volante. No entanto, a alegria durou pouco, já que algumas horas depois, os comissários da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) identificaram que o hipercarro do time de Maranello estava abaixo do peso permitido e, com isso, o #50 foi desclassificado e teve de largar da 19ª posição. O Cadillac #2 de Alex Lynn e Earl Bamber foi promovido ao segundo posto.

A terceira etapa da temporada trouxe a maior surpresa do ano até aqui. Em prova que ficou marcada pelo forte acidente envolvendo exatamente o Cadillac #2, com Bamber ao volante, e o BMW #31 de Farfus, mas que estava sendo guiado por Gelael, que se encontraram enquanto percorriam a reta Kemmel e deixaram muitos destroços pela pista, fazendo com que a corrida fosse paralisada com bandeira vermelha por cerca de duas horas, o Porsche #12 da cliente Jota foi quem sobreviveu às circunstâncias para cruzar a linha de chegada em primeiro lugar, com Ilott.

O segundo posto ficou com o Porsche Penske #6, que junto com o #12, deram um nó estratégico na Ferrari, que parecia encaminhar uma dobradinha com os carros #51 e #50 até o momento do acidente. As paradas da Jota e da Penske, antes mesmo da bandeira vermelha surgir, foram cruciais para o resultado. Apesar de ter largado do fundo da fila, as reviravoltas da corrida ajudaram a Ferrari #50 a avançar pelo grid e terminar a prova na terceira posição.

Na categoria LMGT3, a Iron Lynx, com a Lamborghini #60, estava na liderança na reta final, mas precisou entrar nos boxes para cumprir uma punição na última volta, o que abriu caminho para a Manthey, de Porsche, assumir as duas primeiras colocações. Porém, na primeira curva do giro final, o #91, com Richard Lietz ao volante, superou o #92, que precisou ser reconstruído após o acidente de Aliaksandr Malykhin na sexta-feira anterior, e venceu a corrida. A McLaren #59 da United Autosports, do trio formado pelo brasileiro Nicolas Costa, James Cottingham e Grégoire Saucy, terminou na quarta colocação.

Após as três primeiras etapas, o WEC agora chega a Le Mans para concluir a primeira metade da temporada. Com ótimos resultados conquistados nas provas anteriores, o Porsche Penske #6 assumiu a liderança do Mundial ao acumular 76 pontos, ficando 24 tentos à frente do Porsche #12 da Jota, que conquistou 52 no total. A Toyota #7 alcançou 46 pontos e fecha a lista dos três primeiros colocados. Vencedora das 24 Horas de Le Mans em 2023, a Ferrari #51 é apenas a nona colocada, com 18 tentos.

Na classe LMGT3, a situação dos líderes é ainda mais confortável. Com pódios nas três etapas disputadas até aqui, Klaus Bachler, Alex Malykhin e Joel Sturm lideram com a Manthey #92, que já somou 72 pontos. O segundo lugar é da WRT #31, de Augusto Farfus, que tem os mesmos 37 tentos do Heart of Racing #27 — comandado por Ian James, Daniel Mancinelli e Alex Riberas.

No Mundial de Construtores, a Porsche lidera com 83 pontos, contra 60 da Toyota. A Ferrari aparece no terceiro lugar, com 49 tentos, enquanto a Alpine é a quarta com 23. BMW (21), Peugeot (dez), Lamborghini (três), Cadillac (dois) e Isotta Fraschini (zero) completam a tabela.

O GRANDE PRÊMIO transmite AO VIVO e COM IMAGENS as 24 Horas de Le Mans, quarta etapa da temporada 2024 do WEC, na GPTV, canal 1 no YouTube, e no TikTok. As atividades de pista retornam neste sábado (15), com o warm-up, às 7h, e a largada está programada para as 11h.

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