Furusawa conta detalhes de encontro com Ducati e diz que questionou Yamaha sobre mudança

Masao Furusawa, conhecido como pai da M1, revelou em entrevista do jornalista nipônico Akira Nishimura detalhes sobre seu encontro com Filippo Prezioso, diretor-técnico da Ducati. O engenheiro contou que aproveitou a passagem pela Itália para visitar Valentino Rossi e disse que questionou a Yamaha sobre a possibilidade de ajudar o time de Borgo Panigale

No final do mês passado a imprensa internacional iniciou uma onda de especulações sobre a mudança de Masao Furusawa para a Ducati. Na época, o ‘pai da M1’ afirmou que ia para a Itália fazer turismo, mas depois acabou confirmando que o motivo de sua viagem era um encontro com Filippo Preziosi, o diretor-técnico do time de Bolonha.

Passado o suspense em relação ao futuro de Valentino Rossi – que volta para a Yamaha no ano que vem –, Furusawa concedeu uma entrevista ao jornalista nipônico Akira Nishimura e contou detalhes sobre sua viagem.

Masao revelou que assim que a notícia se espalhou, foi procurado pela fábrica nipônica, que queria saber suas intenções. “Quando eu cheguei na Itália na noite do dia 19, recebi um e-mail da Yamaha Motor Racing – parece que eles viram um artigo no jornal sobre a minha viagem – perguntando sobre o meu propósito, então eu respondi: ‘vou fazer turismo amanhã e ver Filippo Preziosi no dia seguinte’”, lembrou. “Valentino também ligou no meu celular e disse que precisávamos conversar, então eu visitei a casa dele em Tavullia. Me encontrei com Filippo duas vezes e com Vale uma vez durante a viagem”, detalhou.
 

Furusawa revelou que questionou Yamaha sobre mudança para Ducati (Foto: MotoGP)


O engenheiro explicou que mantém conversas com Preziosi já há algum tempo e que o chefe da esquadra vermelha havia se oferecido para ir até o Japão para um encontro.

“Nós trocamos e-mails às vezes. Na companhia dele, as coisas parecem estar complicadas porque a Audi de juntou à administração enquanto Valentino parecia muito relutante em seguir no time. Filippo queria falar comigo e disse que poderia vir ao Japão, no entanto, pensei que iria exigir um esforço muito grande dele para vir aqui entre as corridas. Então, disse a ele que eu iria até lá”, afirmou.

Questionado sobre desde quando a Ducati o procura, Furusawa revelou que o contato foi iniciado ainda em 2011. “Desde a metade da temporada do ano passado. No início era como uma brincadeira, mas desta vez pareceu muito sério, com eles dizendo ‘se possível, gostaríamos que você ajudasse a Ducati’.”

O ex-funcionário da Yamaha disse que o encontro com Preziosi aconteceu na casa do italiano e eles conversaram sobre alguns aspectos da construção de uma moto.

“Nós nos encontramos na casa dele porque o rumor já tinha se espalhado e nós queríamos evitar a atenção do público”, ressaltou. “Na casa dele, falei sobre coisas muito fundamentais, sobre como uma moto deveria ser projetada. Ele pareceu muito impressionado e queria que eu falasse com os colegas dele a respeito. Dois dias depois, Filippo levou o engenheiro de chassi com ele e nós conversamos novamente a casa dele.”

“A razão de eu ter me mudado para Kyoto depois da minha aposentadoria era para ter uma vida tranquila, no entanto, alguns dos meus antigos amigos me convidaram para entrar no negócio deles e, gradualmente, lançar uma pequena empresa minha de consultoria em alguns anos. Os clientes esperados são de veículos de produção e da indústria aeronáutica”, frisou. “Quando o Filippo me contatou, eu brinquei com ele de que ele poderia ser o meu primeiro cliente. Ele se mostrou muito interessado nisso, então eu disse a ele que se pagasse as minhas despesas, eu iria até lá. Claro, eu não hesitei porque poderia fazer turismo na Itália sem pagar nada!”

Apesar de não ter recusado o convite, Masao negou que esteja envolvido no desenvolvimento da Desmosedici. “Não. Eu não posso divulgar informações relacionadas ao projeto da Yamaha e nós não discutimos nada em detalhes. Eu só expliquei a eles a minha abordagem e a minha maneira de pensar, especialmente o que eu fiz em 2004”, comentou. “Por exemplo, ‘triângulo centróide’, que é um triângulo feito por um ponto de contato da frente e da traseira com o chão e o centro de gravidade da moto – que não deveria ser feito desta ou daquela forma. Ou, quando se refere a suspensão, eles sempre falam em rigidez. Mas a minha abordagem é diferente. Eu olharia para a frequência da suspensão e tentaria igualar a frequência da dianteira e da traseira. Isso torna a transferência de peso da moto mais suave. Apesar de serem apenas generalidades, eu podia controlar a nossa moto com essa abordagem científica. O que eu expliquei ao Filippo foi este tipo de ideia e a maneira de pensar.”

“E eu perguntei a ele por que ele havia me chamado. Se me juntar a eles e tiver um bom resultado, provaria que o desenvolvimento anterior dele estava errado. Ou, se me juntasse e não pudesse fazer nada de positivo, também provaria que a decisão dele estava errada”, ponderou. “Disse a ele ‘de qualquer forma, é inevitável que você assuma a responsabilidade. Por que correr um risco tão grande?’ Filippo respondeu imediatamente com compostura: ‘Não importa se eu perder a minha posição. Eu não dou a mínima. Só uma coisa me importa: fazer a nossa moto melhor’. Quando ouvi o que ele disse, pensei: ‘Filippo, você tem um verdadeiro espírito Samurai.”

Assim que as informações sobre o contato entre Furusawa e a Ducati vazaram, Nishimura logo lembrou que postura dos orientais em relação a lealdade é um pouco diferente, e esta poderia ser uma barreira para a mudança.

“Basicamente, eu estou aposentado e sou uma pessoa independente. Então, não há obstáculos para ajudá-los”, destacou Masao. “No entanto, como você destacou, eu entendo que na sociedade japonesa seria inapropriado ajudar nossos competidores. Por outro lado, eu teria gostado de dar uma mão ao Filippo como amigo, porque ele é um engenheiro excelente. Além do mais, se Valentino retornar para a Yamaha no próximo ano, eu pensei que ajudá-lo no resto da temporada não poderia ser uma coisa ruim. Filippo me mostrou várias propostas para ajudá-lo. Eu disse a ele que responderia em uma semana e deixei a Itália. Assim que voltei ao Japão, fui para a sede da Yamaha em Iwata e expliquei a eles as propostas de Filippo”, revelou.

O engenheiro de confiança de Rossi explicou que a Yamaha não vetou sua mudança, mas deixou claro que preferia que ele não fizesse isso. “Foi uma reação tipicamente japonesa. Eles disseram: ‘não podemos impedi-lo de fazer o que quiser, mas esperamos que você faça a coisa certa.’ Não há sentido em criar um atrito entre eles, então eu disse: ‘Ok, vamos esquecer isso’”, recordou. “Concluindo, eu não vou ajudar a Ducati.”

Ainda, Furusawa revelou que Rossi o procurou com a intenção de evitar um desencontro. “Quando eu fui para a Itália, Valentino já havia se decidido a deixar o time em 99%. Mas as revistas e os jornais estavam dizendo que eu iria me juntar a Ducati. Ele me disse que se isso fosse verdade e nos desencontrássemos, seria embaraçoso.”

“Durante a minha estadia na Itália, ele me ligou todos os dias. Nós decidimos que seria melhor nos vermos cara a cara, então ele me convidou para ir a casa dele em Tavullia”, relatou. “Depois que expliquei a ele o propósito da minha viagem, eu disse a ele que quando voltasse para o Japão, iria imediatamente perguntar à Yamaha se eu poderia ajudar a Ducati, e então os informaria. No dia seguinte a minha ida a Iwata, mandei a ele um e-mail dizendo que não poderia ajudá-los”, completou.

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