Pagenaud bate Rossi em duelo de tirar fôlego e vence 500 Milhas de Indianápolis pela primeira vez

A edição de 2019 da Indy 500 teve um final espetacular. Com direito a uma aula de defesa e um duelo fenomenal, Simon Pagenaud superou Alexander Rossi e venceu a prova pela primeira vez

A 103ª edição das 500 Milhas de Indianápolis foram muito emocionantes. Após uma edição tediosa em 2018 muito prejudicada pelo calor, a maior prova do automobilismo mundial teve uma corrida bastante disputa em 2019 com um final fenomenal. Simon Pagenaud derrubou Alexander Rossi e conquistou seu primeiro triunfo no oval do IMS neste domingo (26).

E o duelo que definiu quem ficaria com o anel de 2019 foi daqueles inesquecíveis. Pole e líder da maior parte da corrida, Simon deu uma verdadeira aula de defesa nos giros derradeiros e segurou o ímpeto de Rossi o máximo possível. Quando o americano finalmente furou o bloqueio do francês, já com três voltas para o fim, Pagenaud se posicionou e deu o troco, abrindo a última volta na frente e, então, apenas marchando para receber a quadriculada na frente. Nada de jejum de 100 anos da França na Indy 500.

A terceira colocação ficou com um completamente improváve Takuma Sato. Longe de suas características, o japonês não apareceu quase que em momento algum da prova, mas surgiu na relargada final costurando todo mundo. Josef Newgarden teve grande performance também e chegou em quarto.

Will Power viveu uma montanha-russa na prova e completou em quinto, na frente de um Ed Carpenter que perdeu bastante performance na reta final. Santino Ferrucci, sem muita experiência em oval, foi muito bem e chegou em sétimo.

Ryan Hunter-Reay teve boa corrida de recuperação e foi oitavo, seguido por Tony Kanaan, que teve a Foyt errando nos boxes, mas um ritmo bem positivo. Conor Daly fechou o top-10, seguido por James Hinchcliffe, que passou dois terços do grid e de James Davison, que deixou os acidentes para trás.

Matheus Leist completou em 15º, basicamente com os mesmos problemas de Kanaan. Helio Castroneves terminou em 18º, com a vida bem complicada após tomar um drive-through por tocar Davison nos boxes.

Scott Dixon tentava uma corrida de recuperação baseada na estratégia, mas foi envolvido em um acidente gigante com cinco carros e, mesmo seguindo na prova, teve danos que o jogaram para o fim do pelotão. O neozelandês foi 17º.

Simon Pagenaud venceu a Indy 500 (Foto: IndyCar)

Saiba como foram as 500 Milhas de Indianápolis

A largada para a 103ª edição das 500 Milhas de Indianápolis veio às 13h48 (em Brasília). Simon Pagenaud saiu muito bem e conseguiu manter firme a dianteira. Ed Carpenter foi atacado pelo companheiro Spencer Pigot e, ao fechar a porta, fez Spencer perder terreno para Will Power.

 
Chamava a atenção o jeito que Josef Newgarden e Ed Jones largavam, já que foram completamente opostos. Newgarden escalou o grupo para quinto, enquanto Jones foi para oitavo. 
 
As primeiras voltas indicavam uma corrida alucinante. Com o vácuo funcionando muitíssimo bem, a prova já mostrava uma cara que ficamos acostumados até 2017, com muita troca de posição, linhas de dois e até três carros.
 
Ainda na quarta volta, Colton Herta foi despencando no pelotão e ficando lento, lento, muito lento. O americano sequer conseguiu chegar nos boxes e, então, estava ali a primeira bandeira amarela. Herta abandonava mais uma corrida com uma Harding bem capenga, perdendo chance de um resultado que parecia promissor.
Colton Herta com problemas (Foto: Reprodução/Twitter)

Enquanto Marco Andretti, Sage Karam e Felix Rosenqvist iam para os boxes após um início bem vagaroso, Pagenaud liderava seguido por Carpenter, Power, Pigot, Newgarden, Jones, Bourdais, Rossi, Daly e Castroneves. Kanaan vinha em 14º e Leist era o 22º.

Veio a relargada na volta 11 e Power mostrou bastante agressividade. Colou em Carpenter, puxou o vácuo e fez a linha de cima para assumir a segunda colocação. Jones, mais uma vez, saía mal e perdia terreno para Rossi, com James Davison subindo já para nono.
 
Após a relargada, a característica da corrida mudou um pouquinho, com os pilotos respeitando mais a distância entre os carros e dando a entender que os ataques das voltas iniciais poderiam se repetir mais para frente.
 
Outra coisa que impressionava era o desempenho da Chevrolet em relação ao que fazia a Honda. E Rossi mesmo percebia isso e falava no rádio, sem conseguir encostar em Newgarden para buscar a quinta posição. 
Enquanto a previsão do tempo apontava para chance de chuva dentro de 90 minutos, o que poderia tornar a corrida mais pegada por medo de paralisação e cancelamento, Pagenaud já fazia sua primeira parada nos boxes na volta 32, abrindo oficialmente a janela.
 
E aí a confusão tradicional nos boxes foi acontecendo. Se boa parte do grid parava de forma comportada, alguns enroscos iam aparecendo. Castroneves acelerou e tocou em Davison, que rodou, acertou um pneu e perdeu muito tempo. 
Castroneves até levantou com o toque (Foto: Reprodução/Twitter)

O resultado do toque foi um drive-through para o brasileiro, que se complicava feio na corrida com o incidente, ficando volta atrás dos ponteiros. Com todo mundo já tendo parado, o top-10 tinha Pagenaud, Power, Carpenter, Newgarden, Bourdais, Rossi, Pigot, Jones, Daly e Ericsson. Kanaan era 12º, Leist vinha em 19º e Helio em 30º.

Enquanto as primeiras colocações seguiam sem mudanças depois das paradas, o grupo seguinte trocava bastante de posição, com Graham Rahal, por exemplo, fazendo boas manobras. 
 
Aí veio o segundo abandono da prova, um que era até bem esperado. Ben Hanley foi ficando lento na pista e recolheu. A DragonSpeed até tentou voltar, mas o carro do inglês não acelerava. Restavam 31, com 26 na mesma volta.
Jordan King atropelou o mecânico da RLL (Foto: Reprodução/Twitter)
A segunda janela de paradas veio ali pela volta 67, novamente com Pagenaud parando antes dos rivais diretos. Os demais foram indo aos boxes e chamou a atenção como Power errou o espaço e perdeu alguns segundos, e como Rossi quase foi ao muro. 
 
Só que o pior dos incidentes nos boxes foi com Jordan King. O piloto britânico errou completamente a entrada e atropelou um mecânico, que ficou machucado no chão acertado pela roda e teve de ser retirado, com o #42 perdendo voltas parado ali.
 
E aí que veio mais uma bandeira amarela, mas nada a ver com isso. Kyle Kaiser viu ser encerrado seu conto de fadas ao perder o controle, até conseguir salvar as duas primeiras batidas, mas ver estourar o pneu e, assim, virar passageiro. O #32 estampou o muro, sobravam 30 carros.

A relargada veio na volta 80, com muitos retardatários no meio do pelotão e Power sendo obrigado a ir para 22º, punido por incidente nos boxes. King, aliás, tomava um drive-through pelo atropelamento do mecânico.
 
Após o reinicio da prova, Carpenter partia para cima de Pagenaud e Newgarden, Rossi, Bourdais e Pigot tratavam de tirar os carros mais lentos da frente. Dixon, em grandíssimo trabalho de boxes, já era o sétimo, com Daly, Ericsson e Rahal no top-10. Kanaan vinha em 13º, com Leist em 17º e Castroneves em 29º.
 
A previsão de chuva seguia sendo afastada com o passar das voltas e, assim, a prova tinha toda cara de que seria mesmo diferente apenas nas últimas 50, 40 voltas.

Quando a corrida chegava na metade, a Honda ia evoluindo e entrava no bolo forte para vencer com Rossi, Bourdais e Daly já entre Newgarden e Pigot, por exemplo. E Pagenaud abria a terceira janela de paradas, com Carpenter novamente assumindo a dianteira por apenas um giro até fazer seu pit-stop.
 
Conforme os líderes iam parando, lá estava Dixon na liderança bem ao seu estilo. Discretíssimo, conseguia poupar muito combustível e tinha uma Ganassi muito eficiente. Scott já estava quase em outra janela de paradas junto com Rosenqvist e Harvey, que esticavam em 11 voltas a parada de Pagenaud.
Marcus Ericsson bateu na entrada do pit-lane (Foto: Reprodução)

Todo mundo parava, e, então, sobrava Pagenaud na frente e um Rossi voando atrás, passando todo mundo sem tomar conhecimento e virando segundo. Carpenter, Newgarden, Bourdais, Daly, Ericsson, Dixon, Ferrucci e Hunter-Reay fechavam o top-10. Kanaan era 13º, com Leist em 21º e Castroneves no 28º posto.

Pagenaud cravava sua melhor volta na corrida na 128ª e, no giro seguinte, ia para os boxes, para aquela que prometia ser sua penúltima parada. Carpenter foi aos boxes na 134ª, também mantendo a sequência da janela anterior. Enquanto Hildebrand tomava um drive-through por exceder o limite de velocidade nos boxes e dava adeus à disputa real, Rossi ia poupando o que dava e deixava Carpenter tirar a volta de atraso.
 
E, então, a corrida entrou no modo loucura total perto da volta 140. Ericsson, que vinha em prova brilhante, perdeu o carro na entrada dos boxes e foi ao muro, causando uma amarela que salvou Rossi, que estava com a mangueira de combustível presa no carro. 
 
Dixon parou em bandeira amarela, de novo conseguindo esticar bem mais do que os outros. O reposicionamento indicava Pagenaud, Carpenter, Newgarden, Bourdais, Rossi, Daly, Hunter-Reay, Rahal, Dixon e Rosenqvist. De novo, a Carpenter ia muito mal nas paradas de Pigot e tirava o americano da disputa, como foi em 2018. Kanaan era 24º e Leist era 25º, ambos com problemas e voltas atrasados, punidos por pararem com os boxes fechados.
Em bandeira amarela, a atenção se voltava para fora da pista e uma confusão. O spotter de Rossi foi para cima do de Castroneves, acusando o brasileiro de estar segurando de propósito o americano para beneficiar Pagenaud.
 
Veio a relargada e Pagenaud usou muito bem o espaço na frente para ir escapando. Só que logo atrás a coisa pegava fogo, com Newgarden fazendo linda manobra para cima de Carpenter e partindo para cima do companheiro. Rossi bem que tentava superar Bourdais, mas acabava sendo superado por Daly, em grande performance.
 
Na volta 152, Newgarden resolveu que era hora de mexer de vez com a prova e tirou Pagenaud de seu caminho, virando líder pela primeira vez. Daly seguia brilhando e já era quarto, com Rossi se enroscando com o retardatário Servià na sexta colocação. Rahal, Kimball, Hunter-Reay e Ferrucci fechavam o top-10, com Dixon em 11º.
Newgarden, Pagenaud, Carpenter e Daly pareciam estar no comando das ações, mas era óbvio que ainda teríamos mais de Rossi. Alexander tirava Bourdais e Daly, em duas voltas, de sua frente, colando no top-3. A parada final ia chegando e a corrida pegando fogo.
 
Pagenaud passava Newgarden, mas era apenas um aviso que estava entrando nos boxes. Parou no 169º giro, seguido por Rossi, que foi na volta 170 e colocou bem menos combustível. Newgarden foi aos boxes na 172ª, voltando atrás dos dois rivais. Pagenaud, mais uma vez, liderava.
 
Carpenter também ganhava a posição de Newgarden no pit-stop, saindo coladinho em Rossi. Os carros mais lentos iam parando, saindo da frente, e os quatro primeiros colocados iam travando grande batalha, com Rossi montado em Pagenaud e Carpenter e Newgarden logo atrás.
 
A liderança virtual de Rossi finalmente vinha, mas o americano nem teve tempo de saborear. Com Pigot ainda na frente sem ter parado, veio um big-one daqueles gigantescos. Rahal tentou passar Bourdais pelo quinto lugar, foi espremido na grama e aí os dois bateram.
 
Logo atrás, muita gente não conseguiu fugir da batida dos dois e foi batendo junto. Rosenqvist achou a traseira de Kimball e Veach foi envolvido junto. Dixon tomou pancada de dois carros e, mesmo assim, seguiu na parada. De todo modo, um estrago danado na pista e bandeira vermelha, para garantir 19 voltas em bandeira verde.
Depois de bons minutos em bandeira vermelha, os pilotos foram para a pista às 16h37 (em Brasília) e fariam poucos giros em amarela até a bandeira verde retornar. E a direção de prova tinha boa atitude de liberar os retardatários para tirarem suas voltas. Assim, com 16 voltas para o fim, 17 pilotos vinham na mesma volta.
 
O top-10 antes daquela que prometia ser a última relargada tinha Rossi, Pagenaud, Carpenter, Newgarden, Sato, Daly, Ferrucci, Hunter-Reay, Power e Pigot. Kanaan vinha em 12º e Leist em 16º, ambos de volta à briga. Castroneves era 22º.

A relargada aconteceu na 188ª volta e Pagenaud engoliu Rossi, com Newgarden superando também Carpenter.  Com fome, Sato vinha costurando, passava Carpenter e colava em Newgarden. Power, em sexto, fazia bem parecido. E aí começou a trocação entre Pagenaud e Rossi, com Newgarden esperando ver o que sairia dali.

Só que Newgarden não ficaria ali tranquilo. Sato, totalmente possuído no fim da prova, passava por fora e colava em Pagenaud e Rossi, mostrando que queria muito seu segundo anel.

 
Sato bem que tentou, Newgarden bem que tentou, mas acabou que o final virou um duelo. E dos mais lindos que Indianápolis teve recentemente. Pagenaud deu uma aula de defesa e segurou Rossi enquanto deu. O americano foi para a liderança na volta 197, mas o francês não se entregou.

Na abertura da última volta, lá estava de novo Pagenaud na frente, forçando para cima de Rossi e, dali para frente, tratando de trancar a rua para o americano. Fim do jejum de 99 anos da França, saiu a primeira Indy 500 de Simon.

Indy 2019, 500 Milhas de Indianápolis, final:

1 S PAGENAUD Penske Chevrolet 2:50:39.279 200 voltas
2 A ROSSI Andretti Honda +0.209  
3 T SATO RLL Honda +0.341  
4 J NEWGARDEN Penske Chevrolet +0.898  
5 W POWER Penske Chevrolet +1.617  
6 E CARPENTER Carpenter Chevrolet +1.979  
7 S FERRUCCI Dale Coyne Honda +2.806  
8 R HUNTER-REAY Andretti Honda +4.020  
9 T KANAAN Foyt Chevrolet +4.771  
10 C DALY Andretti Honda +5.346  
11 J HINCHCLIFFE SPM Honda +5.482  
12 J DAVISON Dale Coyne Honda +6.225  
13 E JONES Scuderia Corsa Chevrolet +7.550  
14 S PIGOT Carpenter Chevrolet +8.557  
15 M LEIST Foyt Chevrolet +10.415  
16 P MANN Clauson-Marshall Chevrolet +12.980  
17 S DIXON Ganassi Honda +14.760  
18 H CASTRONEVES Penske Chevrolet +1 volta  
19 S KARAM DRR Chevrolet +1 volta  
20 J HILDEBRAND DRR Chevrolet +1 volta  
21 J HARVEY Meyer Shank Honda +1 volta  
22 O SERVIÀ SPM Honda +1 volta  
23 M ERICSSON SPM Honda +2 voltas  
24 J KING RLL Honda +2 voltas  
25 C KIMBALL Carlin Chevrolet +4 voltas  
26 M ANDRETTI Andretti Honda +5 voltas  
27 G RAHAL RLL Honda +24 voltas NC
28 F ROSENQVIST Ganassi Honda +24 voltas NC
29 Z VEACH Andretti Honda +24 voltas NC
30 S BOURDAIS Dale Coyne Honda +24 voltas NC
31 K KAISER Juncos Chevrolet +129 voltas NC
32 B HANLEY DragonSpeed Chevrolet +146 voltas NC
33 C HERTA Harding Honda +197 voltas NC
 
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