Opinião GP: Temporada coroa trabalho da Penske e talento de Power, e aponta para campeonato mais forte em 2015

O tabu de que Will Power não sabe ganhar caiu por terra no sábado em Fontana, quando o australiano mostrou calma e sapiência para vencer, laurear seu excelente ano e tirar de seu currículo o asterisco de não ser campeão da categoria que dominou mais de uma vez

O ANO DA INDY ACABOU, e de forma incrível, diriam alguns, com Will Power levantando o caneco-mor. Sim, Power terminou o trabalho. Deu o tiro, assoprou a fumaça da pólvora e guardou a pistola no coldre para sair ajeitando o chapéu e carregando o título que parecia nunca chegar.
 
Foi um ano para exorcisar seus demônios. Não só os da decisão, mas os das atuações no ovais, também. Aliás, se Power é ainda é visto com alguma dúvida neste tipo de pista, os números apontam que isso não é verdade. Exatamente em Fontana, um ano atrás, Power faturou sua primeira vitória em ovais. Era sua 24ª largada em pistas desse formato. Dario Franchitti levou 45 largadas para ganhar uma, por exemplo.
 
O #12 começou a temporada vencendo, assim como terminou 2013, porém o ritmo de corrida em diferentes tipos de circuitos foi o que mais impressionou. Em St. Petersburg, Long Beach, Alabama, as duas corridas em Indianápolis, as duas baterias em Detroit e Texas, Power havia se colocado no top-10 em todas as provas.
A bandeira australiana erguida (Foto: Getty Images)
E na hora de decidir, sim, aí Power mostrou que sabe ganhar. Que aprendeu a vencer. Avisou que apesar da classificação ruim, 2010, 2011 e 2012 haviam ficado no passado. Largou no fim da fila, mas jamais se mostrou afobado ou se pondo em riscos mais sérios. Usou seu carro mais rápido, a Penske campeã e vice, passou quem dava, aproveitou os reabastecimentos e pulou na frente. Não ficou, mas serviu para assustar o adversário Helio Castroneves, que errou, abrindo um leque de opções ao rival.
 
Na hora de apenas levar o carro para casa, também o fez com maestria. Soube como ficar longe de problema e coroar uma temporada grandiosa que fez, apesar dos seus excessos de velocidade em pit-lanes Estados Unidos adentro. Agora, aos 33 anos, vê o asterisco de fracassado em horas de decisão abandonar seu currículo.
 
A maldição segue, porém, para Helio Castroneves. Mais uma vez, o piloto da Penske foi segundo colocado. Só que o brasileiro não pode apenas lamentar a perda do título, por mais perto que ele estivesse na corrida final.
 
Castroneves andou bem praticamente durante todo o campeonato. Desde a primeira prova, mostrou que iria brigar sempre pelas primeiras posições. Mas chega ao quarto vice-campeonato, segundo seguido em que as condições foram muito parecidas.
Castroneves é tetravice da Indy (Foto: GettyImages)
Em 2013, Helio perdeu o título após ficar as seis etapas finais sem nenhum resultado de top-5. Enquanto isto, Scott Dixon arrancou para a conquista ficando três vezes entre os cinco melhores no final, brilhando em Houston com uma vitória e um segundo lugar, enquanto o brasileiro foi 18º e 23º.
 
A impressão que fica é que, por mais experiente que seja, o paulista sente a decisão. Desde a corrida 2 em Toronto, a coisa só complicou para Castroneves. Problemas na largada em Mid-Ohio, uma corrida complicada em Milwaukee, dois acidentes em Sonoma, e uma corrida discreta em Fontana, apesar da pole-position, fizeram com que suas chances minguassem. O pisar na linha branca na entrada dos boxes e receber um drive-through fincou a pá.
 
Na temporada que vem, Castroneves mais uma vez entra como um dos principais favoritos ao título. Mas a disputa tende a ser mais acirrada. A Ganassi mostrou grande evolução na parte final do campeonato, com Dixon, talvez o maior da categoria, e Kanaan ganhando. O time de Chip Ganassi demorou a entender o novo ano e conseguir capitalizar pontos e vitórias. 

Tem a Andretti do vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, Ryan Hunter-Reay, que ficou apagado na segunda parte do ano, mas possuidor de um talento inegável. E uma estrutura que permite brigar de igual para igual com as grandes.

 
E olhando para Penske, há Juan Pablo Montoya. Após sete anos sem guiar um monoposto, o colombiano terminou o campeonato em quarto, com pontuação muito próxima a de Castroneves. Talentosíssimo e extremamente focado em conquistar grandes resultados em 2015, o colombiano se põe como uma excelente aposta.
 
Além dos nomes já consagrados citados acima, Simon Pagenaud e Carlos Muñoz também merecem atenção. O francês acaba de concluir sua terceira temporada completa na Indy. E são três vezes entre os cinco melhores do campeonato. Não é pouco. O feito é ainda maior quando lembramos que Pagenaud defendia as cores da Schmidt Peterson, equipe bem mais modesta que Ganassi, Penske e Andretti, por exemplo. O gaulês não deve seguir no time e a expectativa é que consiga um lugar em alguma das gigantes. Talento ele tem de sobra, resta ver se vai ter equipamento.
Simon Pagenaud (Foto: IndyCar)
 
Mas é impossível fazer um balanço de 2014 sem olhar para o incrível desempenho da Carpenter. Uma pequena equipe, sem muito aporte financeiro e com apenas um carro, dividido entre mistos e ovais. Nos ovais, o chefe Ed Carpenter guiava; já nos mistos, Mike Conway assumia o timão do navio verde e branco.
 
Nessas bases, faturaram quatro vitórias, duas com cada piloto, e mais um pódio. Sozinho, tendo corrida apenas sete provas, Carpenter somou 262 pontos. Incrivelmente, apenas 27 a menos que Sebastián Saavedra, que esteve em todas as 19 etapas. Junta, a dupla anotou 514 pontos. Seria o suficiente para o oitavo lugar do campeonato, exatamente atrás de Kanaan.
 
Em 2015, a junção com a Fisher Hartman criará a CFH, com dois carros e maiores oportunidades. Um dos lugares será de Josef Newgarden; o outro, deve ser compartilhado entre Carpenter e um outro piloto. O nome mais cotado é o de JR Hildebrand, já que Mike Conway deve estar de saída, sendo mais utilizado pela Toyota no WEC e, assim, não podendo estar presente em todas as datas
 
A temporada 2014 da Indy foi excelente e muito disputada até o final, com o título definido nas últimas voltas. Entretanto, o longínquo 2015 traz uma lista maior de capacitados para ficarem com a taça. 
A cobertura completa do GP de Fontana no GRANDE PRÊMIO
As imagens deste sábado da Indy em Fontana

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