Opinião GP: em biênio de transição, Indy olha para 2014 animada com volta de Montoya e novo calendário

A Indy pode não viver seu melhor momento, mas tenta emergir e, pensando nisso, traz novidades interessantes e mais do que válidas para a próxima temporada. Além disso, terá no retorno de Juan Pablo Montoya mais um piloto capaz de atrair legiões de seguidores

DESPORTIVAMENTE, A INDY VIVEU UM BOM ANO EM 2013. Se a temporada 2012 havia sido repleta de problemas extra-pista e com disputas não muito interessantes dentro delas, esse ano foi bastante diferente: tranquilo nos bastidores e com histórias interessantes sendo contadas a cada corrida, como as primeiras vitórias de James Hinchcliffe, Takuma Sato, Simon Pagenaud e Charlie Kimball e a tão esperada festa de Tony Kanaan nas 500 Milhas de Indianápolis.

Esse também foi o primeiro ano de um biênio de transição no que diz respeito ao caminho que a categoria pretende seguir no futuro, com a mudança que houve no comando: saiu o controverso Randy Bernard, grande inimigo dos times, e entrou o low-profile Mark Miles, que mostrou neutralidade para lidar com as necessidades das equipes, dos promotores e da organização.

Mas Miles pouco pôde fazer com relação ao campeonato deste ano, já que o cenário fora todo preparado por Bernard. Foi o cowboy que trouxe de volta Pocono e instituiu as rodadas duplas – eventos que não foram unânimes, mas que também tiveram seus pontos positivos: os promotores ficaram bem satisfeitos.

Vitória de Tony Kanaan em Indianápolis foi o ponto alto da boa temporada da Indy (Foto: Getty Images)

A primeira grande mudança introduzida por Miles diz respeito ao calendário. Fruto de estudos que já haviam vazado no meio do ano, revelando as intenções da categoria, o programa de 2014 será compacto: 18 corridas em cinco meses, entre 30 de março – GP de São Petersburgo – e 30 de agosto – 500 Milhas de Fontana. É uma ideia mais do que válida na busca pela reconquista do público norte-americano.

Em um primeiro momento, é natural pensar que o ano será muito desgastante para pilotos e equipes. Sete finais de semana de folga em 20 semanas, viagens longas de um lado a outro dos Estados Unidos. Também é uma possibilidade real que, com as corridas muito encavaladas, as provas podem se tornar um acontecimento corriqueiro, sem que uma grande expectativa se crie em torno delas.

A Indy tentará provar justamente o contrário. O primeiro objetivo, admitido pela própria organização, é fugir da concorrência com a NFL (Liga de Futebol Americano). Por isso, a última etapa será antes do primeiro ‘kickoff’. Além do mais, é comum que os chamados ‘esportes americanos’ tenham temporadas enxutas: a NFL, a NBA (basquete), a MLB (beisebol) e a NHL (hóquei) não duram mais de cinco, seis ou sete meses.

É essencial que o campeonato ache seu espaço, até por que é preciso encontrar patrocinadores para a conta fechar. Não é normal que o vencedor da Indy 500 sofra um bocado na hora de negociar. E a própria Indy está sem um patrocinador-máster, com o fim do acordo com a Izod.

O segundo objetivo é evitar intervalos longos entre as corridas, não dar tempo para que o torcedor que não é um aficionado esqueça o que aconteceu. Neste ano, houve uma extensa parada de um mês entre o GP de Baltimore e a dobradinha de Houston, algo extremamente prejudicial.

Em 2014 haverá, também, uma melhor distribuição de circuitos mistos e ovais, bem como tiros mais curtos – nada de oito finais de semanas seguidos com atividades, como ocorreu em 2013. A Indy ainda se recupera do trauma da morte de Dan Wheldon, há dois anos, e está sendo mais do que cautelosa com os circuitos ovais.

Indianápolis vai receber duas corridas em 2014 (Foto: Indycar/IMS)

E, por enquanto, há certa ansiedade pelo GP de Indianápolis, que está causando mais discórdia que o calendário em si. Os críticos reclamam que a categoria está jogando a tradição no lixo ao fazer outra corrida no Brickyard em maio, ainda que no traçado misto. A categoria se defende e diz que quer criar uma nova tradição.

Ao menos, houve bom senso: os ingressos serão mais baratos, tornando essa corrida apenas um algo a mais no mês das 500 Milhas. E, se as arquibancadas estiverem mais cheias do que estavam em Fontana – os lugares vazios eram muitos –, no sábado à noite, que mal terá?

No que diz respeito ao esporte, às corridas em si, dá para ficar bem animado. 2013 acabou com mais uma disputa entre Penske e Ganassi e entre dois dos pilotos tops da categoria, que certamente continuarão andando na frente no ano que vem.

E as duas maiores equipes da Indy contarão, no ano que vem, com dois reforços de peso: Juan Pablo Montoya e Tony Kanaan, respectivamente. Sem trocadilhos, no caso do colombiano, que está dando duro para recuperar a forma.

Montoya é mais uma personalidade que a categoria pode usar para contar boas histórias. Muito se fala disso nos Estados Unidos: a Indy precisa de caras novas e carismáticas. Da nova geração, tem conseguido aproveitar James Hinchcliffe, mas é preciso ter mais nomes como o canadense. Montoya não é bem uma cara nova, mas é uma novidade.

Montoya já fez muito sucesso na Indy, e agora está de volta (Foto: Getty Images)

Não se esqueçam, é claro, da Andretti, que certamente estará lá para lutar contra a força das gigantes Penske e Ganassi. Com motores Honda, contarão com o campeão Ryan Hunter-Reay, o promissor Hinchcliffe e um Marco Andretti que terminou um ano bastante sólido dizendo: “Quero ser campeão no ano que vem.”

Sem falar do jeitão norte-americano que, apesar de ter seus momentos de várzea, é um tanto acolhedor. O ambiente do paddock é tranquilo, amigável, aberto ao público e cheio de figuras daquelas que correm em busca de sonhos, equipes que não existem mais na F1, aquelas que levam os nomes de seus donos.

E aí veremos se a nova tentativa de a categoria ressurgir completará a transição com sucesso e preparará um 2015 ainda mais animador.

Opinião GP é o editorial semanal do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.


Siga o GRANDE PRÊMIO                     Curta o GRANDE PRÊMIO

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Indy direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.