Opinião GP: Ao desmerecer título de Dixon sem razão, Montoya mostra não ter a mesma grandeza dos grandes

É claro que quem deveria ganhar o campeonato da Indy em 2015 era Juan Pablo Montoya. Mas ao perdê-lo, também perdeu a razão: Scott Dixon esteve longe de fazer um "campeonato de merda" e a Indy não é uma loteria. A grandeza que mostra na pista acaba não sendo a mesma de Alessandro Zanardi, Dario Franchitti e do próprio Dixon

É UMA SURPRESA E TANTO ver Scott Dixon como campeão da Indy nesta temporada. Não por ele: o neozelandês é facilmente um dos melhores pilotos dos últimos 20 anos — junto com Alessandro Zanardi e Dario Franchitti —, colocou seu nome entre os grandes da categoria com o quarto título — mais a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis — e ainda pode alcançar voos mais altos com esta Ganassi que catapulta carreiras. E os mais ávidos por números até achavam que o tetra só viria em 2018 pela sequência que marcou suas três outras conquistas, em 2003, 2008 e 2013. É que o ano foi de Juan Pablo Montoya, e qualquer resultado que não lhe desse a segunda coroa levaria a pensar que não seria merecido. 
 
Posto isso, a reação de Montoya à perda do que era seu é típica do péssimo perdedor. Porque, conhecedor das regras, passou a andar em modo de segurança abertamente nas últimas duas etapas sabendo que a mudança no seu estilo poderia resultar na virada de jogo.
Montoya: "Tá vendo aquele título que foi embora?" (Foto: IndyCar)
O colombiano liderou a disputa toda porque venceu a primeira etapa, em São Petersburgo, e sempre obteve resultados expressivos para abrir uma diferença considerável. Crítico dos pontos duplos, beneficiou-se deles quando venceu a Indy 500. Na corrida deste domingo na Califórnia, teve um incidente com seu próprio companheiro, Will Power, que ainda nutria chances pelo título. Caindo para as últimas posições, só então voltou a ser o Montoya que havia deixado de ser desde as 500 Milhas de Pocono. E sem conseguir o mísero ponto de que precisava — que poderia ter vindo em uma pole ou uma corrida que deixou de liderar nas 16 do ano—, saiu dizendo que Dixon fez um “campeonato de merda”.

Aos números, pois: Dixon teve três vitórias, uma a mais que Montoya; Dixon teve duas poles contra nenhuma de Montoya; Dixon liderou 306 voltas a temporada toda, 161 a mais que Montoya; Dixon terminou 15 das 16 provas do ano, o mesmo tanto que Montoya. Não são números de quem fez um campeonato de merda, muito pelo contrário. Se fosse retirada a regra da pontuação dupla, Montoya teria ficado com 478 pontos contra 473 de Dixon, e estes 5 são suficientes para desconsiderar o predicado de Juan Pablo.

Dixon e o caneco da Indy (Foto: IndyCar)
É compreensível que Montoya tenha uma reação destas sobretudo por ter visto a Ganassi que o largou ganhar da Penske mais uma vez, um resultado que foi só exceção no ano passado. Mas com 39 anos e em seu segundo após o retorno à Indy, Juan Pablo agiu como aquele mesmo que deixou a categoria nos anos 2000 rumo à F1, impetuoso e por vezes esnobe. A experiência e os anos de bagagem deveriam lhe dar mais condescendência que a derrota em Sonoma foi parte de um jogo que ele não soube jogar. A Indy sempre foi assim, com suas regras esquisitas, mas não muito diferentes em relação ao espetáculo da Nascar onde Juan Pablo ficou sete anos e não obteve êxito algum. Falar que a Indy transformou o campeonato em loteria só faz com que as eventuais glórias que venha a ter sejam diminuídas. 
 
Montoya é provavelmente o melhor piloto sul-americano do grid e, junto com Rubens Barrichello, rivaliza com a pecha de melhor pós-Ayrton Senna. Assim, tem seu nome garantido ao lado de Zanardi, Franchitti e Dixon. Pena que, ao não saber perder, perca também o nível e mostre que não tem a mesma grandeza.
 

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