KV se reorganiza e casa experiência de Kanaan com juventude de Simona para buscar caminho das vitórias

Na Indy, é bem comum ver uma equipe do pelotão intermediário vencendo, mas a KV não conseguiu fazer isso nos últimos anos. Reorganizada nesta temporada 2013, a equipe já mostrou potencial, mas ainda tenta capitalizar e, para isso, conta com a experiência do campeão Tony Kanaan e a juventude da promissora Simona de Silvestro

A KV está longe de ser considerada uma equipe de ponta da Indy. Na verdade, mal comparando, o time capitaneado por Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven, se assemelha muito às equipes do pelotão intermediário da F1. Mas a diferença é que, se na principal categoria do automobilismo a vitória de uma escuderia do bloco do meio é quase impossível, na série norte-americana o cenário é bastante distinto.
 
Com todas as suas idiossincrasias, a Indy consegue proporcionar o crescimento repentino de um time que sequer figurava entre os favoritos. É o caso da Foyt, por exemplo, nesta temporada. Com uma estrutura bastante enxuta, a esquadra de AJ aparece na ponta do campeonato, com uma vitória – a primeira em mais de uma década, conquistada por Takuma Sato em Long Beach –, além do pódio em São Paulo. E é um desempenho como esse que a KV luta para conquistar.

icon_foto As imagens da história da KV na Indy
Na terceira temporada com a KV, Kanaan ainda busca a primeira vitória da parceria (Foto: Rodrigo Berton/GrandePrêmio)

 
A equipe norte-americana nasceu como PK em 2003, fundada pelo investidor Kevin Kalkhoven e pelo ex-chefe da BAR na F1, Craig Pollock. O ‘V’ entrou para a sigla um ano mais tarde, com a chegada do então piloto Jimmy Vasser e de Dan Pettit, que substituíram Pollock, mas foi só em 2008 que o nome atual foi adotado, com a saída de Pettit.
 
Em dez temporadas, o time possui duas vitórias, apenas. A primeira delas veio em 2005, com o brasileiro Cristiano da Matta, e a segunda, em 2008, com o australiano Will Power, em Long Beach. Entretanto, ambas as vitórias aconteceram em provas válidas pela extinta Champ Car. Apesar disso, o time, que já contou com pilotos como Paul Tracy, Oriol Servià, Brian Herta e Mika Salo, nunca conseguiu brigar por títulos.
 
E a aposta da KV para tentar entrar na luta por vitórias e títulos veio com a reestruturação de 2011, apoiada pela contratação do campeão Tony Kanaan. O brasileiro deu vida nova à escuderia que havia conquistado apenas seis top-5 nos dois anos anteriores e terminou sete vezes nas cinco primeiras posições em seu primeiro ano no time, e seu quinto lugar no campeonato foi o maior feito da vida da KV. Takuma Sato conquistou outros três top-5. Em 2012, porém, o time regrediu com os acertos de última hora com Rubens Barrichello e Ernesto Viso e não conseguiu repetir os bons resultados.

 
Tanto o brasileiro, recém-chegado da F1, quanto o venezuelano chegaram à escuderia pouco antes de a temporada começar. A avassaladora chegada de ambos – principalmente em termos financeiros – provocou também um novo arranjo na equipe, que precisou às pressas ir atrás de engenheiros e mecânicos. A presença de Barrichello, o piloto com o maior número de corridas disputadas no Mundial de F1, especialmente, causou grande expectativa. Porém, os resultados não vieram, e Rubens acabou saindo ao fim do campeonato, com um quarto lugar em Sonoma como sendo o ápice na Indy – não foi ao pódio nenhuma vez. Kanaan fechou o ano com um segundo lugar no oval de Milwaukee como a melhor colocação.

O auge de Barrichello na Indy foi em Sonoma, a antepenúltima etapa de 2012, quando o brasileiro terminou na quarta posição (Foto: IndyCar/LAT USA)

 
Para 2013, Vasser e Kalkhoven deixaram as ilusões de lado e começaram uma reorganização do time logo que a temporada passada terminou. De três, a esquadra passou a ter dois carros. Sem patrocínios, a equipe não conseguiu manter Barrichello, enquanto Viso, que possui apoio financeiro de sobra, decidira alçar voos mais altos, se mandou para a Andretti. Tony ficou e recebeu a companhia de Simona de Silvestro, que veio depois de um campeonato desastroso em 2012 com a HVM e parceria sem sucesso com a Lotus.
 
Com as mudanças, a equipe também ganhou fôlego. As trocas surtiram efeito, o que ficou evidente logo de cara. Mesmo fora, Barrichello reconheceu a melhora no rendimento do time. "A KV andou muito bem na primeira prova. Nas outras duas, o Tony estava ali, lutando pela quinta posição. Ele é muito bom de corrida, contorna qualquer situação, com seu arrojo, sua experiência", disse Rubens ao GRANDE PRÊMIO, durante a etapa da Indy em São Paulo.
 
"Agora, a gente precisa ver, a partir dessa prova [do Anhembi], quais são as melhores equipes e quais não são", completou o veterano. Embora a corrida em São Paulo tenha sido um desastre para Kanaan, líder da prova até sofrer uma pane seca e deixar a briga pela primeira vitória desde 2010, ainda nos tempos de Andretti, Simona obteve um bom oitavo lugar.
 
Tony também explicou os efeitos das alterações na escuderia e o impacto da chegada de Simona ao time. "As equipes grandes definem seus carros com muita antecedência, e ano passado tínhamos um carro, mas pouco antes de começar a temporada tínhamos três. Isso deu uma desorganizada na equipe. Esse ano, já sabíamos que teríamos a Simona desde outubro. Isso nos deu tempo de buscar os melhores mecânicos e engenheiros disponíveis e trabalhar no entrosamento", afirmou Kanaan.

Kanaan e Simona conversam durante testes de pré-temporada (Foto: IndyCar)

 
Para o baiano, a presença da jovem suíça também trouxe uma nova atmosfera para a equipe. "É muito bom trabalhar com ela. É jovem, já chegada animada. O ambiente e muito positivo. Além disso, ela é muito veloz. Em uma única volta rápida, não tem ninguém melhor do que ela", acrescentou.
 
Simona, por sua vez, também disse sentir que a KV está no caminho certo. “O ano passado realmente foi longo e difícil, mas acho que temos a oportunidade de ganhar corridas”, declarou a pilota ao GRANDE PRÊMIO.
 
“Na KV, nós temos as ferramentas para estarmos andando na frente, também por causa do motor Chevrolet. Então, se der tudo certo, acho que as expectativas podem ser maiores. Ainda estamos no começo, mas até agora as coisas estão indo muito bem, então espero que os resultados fiquem cada vez melhores”, falou a suíça, cuja sexta colocação em São Petersburgo, na abertura do campeonato, é a melhor marca atingida até aqui.
 
Jimmy Vasser, embora descarte que um terceiro carro atrapalhe a equipe, disse que a KV progrediu durante a pré-temporada. "Não acho [que ter dois ou três carros] seja o problema", contou ao GP. "Aprendemos algumas coisas durante o inverno, como a suspensão, coisas que estávamos fazendo errado no ano passado. Definitivamente, estamos muito melhor preparados do ponto de vista do acerto. O carro está bem mais rápido", continuou.
 

Tony Kanaan e Jimmy Vasser estão juntos e possuem uma boa relação (Foto: Chris Jones/Indycar)

"É uma pena que Rubens não esteja no carro. Nós estávamos aprendendo no ano passado, assim como ele, e eu queria que ele ficasse mais um ano, faríamos um trabalho muito melhor", afirmou também.
 
Mas o americano, apesar dos elogios aos pilotos, acredita que a chave para o melhor desempenho da KV em 2013 está, de fato, na reorganização da equipe. “A Simona está bem, mas não acho que ela trouxe experiência suficiente para fazer o time melhor. Todos, juntos, fizemos o carro ficar melhor ao longo do inverno, e Tony fez muito deste trabalho. Aprendemos que estávamos fazendo algumas coisas erradas no ano passado. É o pacote como um todo. Provavelmente, é mais o time do que os pilotos”, brincou.
 
Ainda assim, Kanaan entende que o time está perto de vencer. Mas fez algumas ressalvas. “Acho que a gente está perto. Mas antes precisamos terminar… Penso que a gente está, sim. Acho que a equipe está cada vez melhor. Nós estamos em um ano um pouco melhor. E vamos ver… Se for o nosso dia e se a gente fizer tudo certinho, então vamos conseguir."

E as ressalvas de Tony são mais do que corretas. Uma equipe vencedora na Indy não precisa ter um grande orçamento, mas é essencial ter um trabalho conciso e unido. É preciso ser bom em todas as áreas para que tudo funcione como um relógio. A escuderia ainda sofre com erros primários de estratégia. E, em um campeonato em que os detalhes fazem tanta diferença, o time continua deixando a desejar em pontos em que uma pequena falha pode colocar tudo a perder. A KV possui uma combinação interessante vista em poucas equipes: experiência e juventude. Mas ainda não está conseguindo ainda tirar proveito dessa vantagem.
 
Nesta quinta-feira, Kanaan viaja para Indianápolis para a corrida mais importante do ano, as 500 Milhas. O brasileiro nunca venceu na prova que é o seu grande sonho de consumo – ficou na trave algumas vezes, como no ano passado, quando terminou na terceira posição. Quem sabe, com o início da temporada nos ovais, onde a KV conquistou seus melhores resultados dos últimos tempos, o time finalmente seja capaz de quebrar esse amargo jejum de vitórias na Indy.

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