Vettel assombra concorrência na segunda parte de 2013, se impõe e fatura 4° título consecutivo

A segunda parte da temporada 2013 da F1 viu um impecável Sebasian Vettel faturar seu quarto título mundial e de forma consecutiva. O Mundial ainda acompanhou a transferência de Daniel Ricciardo para a Red Bull, de Kimi Räikkönen para a Ferrari e a de Felipe Massa para a Williams

1ª fase da F1 vê desobediência de Vettel, teste secreto e chiadeira por pneus
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Depois da vitória de Hamilton e da Mercedes na Hungria, a F1 tirou suas tão merecidas férias nas três primeiras semanas de agosto e retornou à ação no dia 25 daquele mês, com o GP da Bélgica, disputado na bela e desafiadora Spa-Francorchamps.

Com nervos mais calmos e sem mais queixas quanto aos pneus, já que a Pirelli atendeu aos times e mudou a construção e estrutura de seus produtos, a competição voltou a ser o tema central. E Spa, como sempre, proporcionou momentos de emoção, patrocinados, evidentemente, pela chuva.

Treino classificatório foi o melhor do GP da Bélgica (Foto: Mercedes)

Pode-se dizer, sem a menor chance de errar, que a classificação belga foi a melhor de 2013 e muito mais interessante que a própria corrida. O Q1 começou com chuva, o que ajudou a colocar os dois carros da fraca Marussia e a Caterham de Giedo van der Garde no Q2. Com um capricho belga, a segunda fase do treino aconteceu sem chuva, e aí a carruagem virou abobora para Jules Bianchi, Max Chilton e Van der Garde, que não conseguiram avançar. Sergio Pérez, de McLaren, também ficou pelo caminho.

Dez minutos depois, teve início a parte decisiva. Ainda sem água, muitos pilotos foram à pista de pneus médios, com exceção de Paul di Resta, que saiu com intermediários, prevendo uma traquinagem de São Pedro. Dito e feito. A chuva desabou, e o escocês da Force India se viu na ponta da tabela, prestes a cravar sua primeira pole. Mas a sorte muda rápido em Spa.

Nos instantes finais, a chuva diminuiu e permitiu uma melhora nas condições do asfalto. Assim, os tempos foram caindo, e Di Resta também. Rosberg foi o primeiro a aparecer na frente, depois Webber tomou a posição de honra e viu Vettel arrebatá-la logo em seguida. Mas ninguém contou com astúcia de Hamilton, que apareceu depois do cronômetro zerado para ficar com a pole, a quarta em 2013.

No domingo, entretanto, nem mesmo um protesto do Greenpeace impediu a F1 de voltar à normalidade. Sem chuva, Seb passou Lewis ainda na largada e disse adeus aos rivais. Alonso também fez bonito, saltou de nono para segundo nas primeiras voltas e por lá ficou. Hamilton ainda completaria o pódio.

Ninguém sabia ainda, mas Vettel começava ali, em Spa, uma sequência assombrosa de vitórias e grandes performances rumo ao título. Com oito provas para o fim da temporada, o alemão possuía uma diferença de 46 pontos para o espanhol da Ferrari que, aos trancos e barrancos, ia se mantendo como o único capaz de oferecer alguma resistência a Seb e sua precisa Red Bull.

Greenpeace protesta contra Shell, patrocinadora do GP da Bélgica (Foto: Getty Images)

As duas semanas que marcaram o intervalo entre os GPs da Bélgica e da Itália viram a promoção de Daniel Ricciardo para a Red Bull, fechando a cota de especulações dos energéticos. A equipe austríaca, depois de projetar a contratação de Kimi Räikkönen, decidiu mesmo promover a prata da casa.

Diante dos problemas financeiros cada vez públicos e maiores da Lotus, o nome do finlandês continuava em alta no paddock. Só que agora os rumores apontavam para a Ferrari, o que, por sua vez, já pensava em não continuar o vínculo com Felipe Massa. E foi assim que a F1 chegou à Itália, em 8 de setembro.

Em Monza, a McLaren celebrou suas 50 temporadas na F1, mas 2013 foi um ano ingrato para Woking, que errou a mão no carro e viu seus dois pilotos limitados a posições intermediárias do grid. Triste festa para os ingleses, que melhorariam um pouco na parte final do campeonato.

Sem nada que ver com isso, Vettel novamente provou que não estava para brincadeira e venceu o GP italiano. A massa ferrarista, no entanto, não poupou o alemão e o vaiou após o fim da corrida, apesar da presença de Alonso no segundo posto do pódio. Na tabela, a vantagem de Seb na última etapa europeia do calendário era de 53 pontos.

O RETORNO DE KIMI

Antes da viagem a Cingapura, a Ferrari decidiu colocar um fim nas especulações. A equipe italiana optou por dispensar Felipe Massa em 11 de setembro e anunciou o retorno de Räikkönen. O time de Maranello estudou a permanecia de Felipe e também ponderou sobre Nico Hülkenberg, mas, no fim, acabou escolhendo o último piloto campeão pela escuderia vermelha.

Há quem diga que a contratação do finlandês também foi uma espécie de lição para Alonso, que vinha constantemente criticando a equipe publicamente. Além disso, o episódio do encontro de seu empresário, Luis García Abad, com o chefe da Red Bull, Christian Horner, durante a etapa de Hungaroring, nunca foi bem digerida pela cúpula ferrarista.

Massa, por outro lado, também foi atrás de suas próprias opções. Conversou com a McLaren e virou candidato também na Lotus. O futuro revelaria um caminho diferente para o brasileiro. '

Finlandês volta à Ferrari em 2014 (Foto: Glenn Dunbar/Lotus)

UM IMBATÍVEL VETTEL

Com Red Bull e Ferrari completas para 2014, a F1 viajou para Ásia no fim de setembro. A primeira parada foi em Marina Bay. E nem à noite Vettel deu uma trégua para os adversários. O piloto da Red Bull se mostrou absolutamente imbatível. Cravou uma volta voadora no Q3 e depois ficou só assistindo os rivais tentarem uma aproximação. A Mercedes, é bem verdade, era única em ritmo de classificação que oferecia alguma preocupação ao time austríaco.

Mas, sendo leões de treino, os prateados não duraram muito na corrida. Seb ganhou fácil, abriu uma distância absurda para Alonso de 60 pontos e foi seguindo seu caminho, apesar de novas vaias no pódio. A corrida na Coreia do Sul, em 6 de outubro, foi mais uma oportunidade para Vettel provar seu completo domínio na F1.

O alemão simplesmente largou na pole, registrou a melhor volta da prova, liderou de ponta e ponta e levou a 34ª vitória no Mundial. Mas a etapa sul-coreana foi agitada, apesar de o desempenho do tricampeão mostrar o contrário. Massa continuou seu calcário e rodou ainda na primeira volta.

Largada do GP de Cingapura, vista de cima (Foto: Getty Images)

Nico Hülkenberg, que se tornou o piloto mais desejado entre as principais equipes ainda com vagas para 2014, fazia milagres com a fraca Sauber. O alemão travou um bonito duelo com Alonso e Räikkönen, embora o finlandês tenha levado a melhor sobre ambos.

A prova ainda viu um incêndio no carro de Webber depois de um acidente com Adrian Sutil e um pneu dechapado de Sergio Pérez. Os dois incidentes provocaram a entrada do safety-car.

Depois do GP, ainda surgiram as primeiras especulações sobre uma eventual desistência de Räikkönen na Lotus. Isso por conta das dívidas que o time ainda tinha. Além disso, a severa dor nas costas, que já havia prejudicado o piloto em Cingapura, estava pior.

Sete dias depois, equipes e pilotos chegaram ao Japão. E uma triste notícia tomou conta do paddock. María de Villota, que perdera o olho direito de um acidente sério quando participava de testes aerodinâmicos com a Marussia na Inglaterra em 2012, fora encontrada morta em um quarto de hotel em Sevilha. De acordo com polícia local, as sequelas do acidente provocaram a morte da espanhola.

Na pista de Suzuka, a pole para o GP japonês ficou de forma surpreendente nas mãos de Mark Webber, que conseguiu em rara oportunidade superar o quase imbatível companheiro de equipe. Mas a vantagem no grid não se reverteu em liderança na corrida. Na verdade, quem roubou a cena foi Romain Grosjean, que assumiu a ponta ainda na largada, ultrapassando os dois carros da Red Bull.

Porém, a Red Bull acabou levando a melhor na estratégia de duas paradas para Sebastian, o que enganou até o colega australiano, que fez três pit-stops. E o francês da Lotus acabou não sendo páreo para os dois rubrotaurinos. Seb celebrou a quinta vitória seguida e a nona na temporada.

O TETRA, OS ZERINHOS E A REVERÊNCIA

A Índia foi o palco da consagração de Sebastian Vettel em 2013. Depois do domínio na segunda fase do Mundial, o alemão desembarcou em Buddh precisamos de muito pouco para se tornar tetra. Mas fez mais. Muito mais. Vettel dominou todos os treinos livres, cravou a pole e venceu. Simples assim. Na pura competência.

Não deu chances e, no fim, fez zerinhos na reta principal do circuito indiano, arrancou aplausos e ainda reservou um momento de reverência à Red Bull, a equipe e o carro que venceram tudo nos últimos quatro anos de F1. Mais do que merecido, embora a FIA tenha dado uma reprimenda ao piloto por conta dos festejos. Chata. 

Sebastian Vettel reverenciou o RB9 ao fim da corrida em Buddh (Foto: Red Bull/Getty Images)

O pódio foi completado por Nico Rosberg e Romain Grosjean, que, mais uma vez, teve grande atuação, apesar da péssima classificação no sábado.

No início de novembro, o Mundial aterrissou em Abu Dhabi para a antepenúltima prova do ano. Ainda celebrando o título, Sebastian impôs o domínio costumeiro em Yas Marina e venceu com grande facilidade no anoitecer do domingo. A briga agora se restringia ao vice entre os construtores, já que Alonso também já havia assegurou seu posto de segundo na classificação entre os pilotos. A luta era entre a Mercedes, que vivia um momento bem mais competitivo, a Ferrari, que vinha já em uma linha decrescente desde o fim da primeira parte do ano, e a Lotus, um pouco mais atrás.

Aliás, a equipe preta e dourada foi o centro das atenções em Abu Dhabi, mas fora da pista. Sofrendo com problemas financeiros, com as queixas de Räikkönen por conta da falta de pagamento e em meio à expectativa de um acordo salvador com Pastor Maldonado, a Lotus também procurava acertar os ponteiros com a Quantum Motorsports, grupo árabe que prometeu uma grande injeção de dinheiro do time. E Mansoor Ijaz, figura principal do empreendimento, surgiu em Yas Marina garantindo o investimento e a preferência por Nico Hülkenberg para a segunda vaga.

Räikkönen, por sua vez, anunciou que ficaria fora das duas últimas provas de 2013. O finlandês optou por se submeter a uma cirurgia nas costas para sanar as dores, e isso abreviou sua participação no Mundial. Para o lugar do campeão de 2007, a Lotus chamou outro nórdico: Heikki Kovalainen. Que nada fez demais. 

MASSA NA WILLIAMS, MAGNUSSEN NA McLAREN

Mas não houve nenhum movimento concreto nos dias que se seguiram. Mas houve uma manobra acertada pouco antes do GP dos EUA, o penúltimo do ano. No dia 11 de novembro, a Williams confirmou a contratação de Felipe Massa para o lugar de Maldonado e o fim da parceria com a PDVSA. O novato Valtteri Bottas foi confirmado ao lado do ex-ferrarista, para segunda temporada da F1.

Assim, o Brasil também garantiu ao menos um representante no grid em 2014.

Na semana da corrida em Austin, outra mudança na caprichosa formação das duplas para 2014 movimentou o paddock. Sergio Pérez, que já estava com a posição ameaçada na McLaren, decidiu escancarar a crise dentro da casa inglesa em uma entrevista durante um evento de patrocinador. As críticas foram um sinal claro de que o piloto estava mesmo fora de Woking.

Felipe Massa vai defender a Williams em 2014 (Foto: Getty Images)

Dito e feito. No dia seguinte, o próprio mexicano confirmou a saída por meio de um comunicado. E a escuderia britânica também na perdeu tempo, anunciando na sequência a promoção de Kevin Magnussen, campeão da World Series e parte do programa de jovens pilotos do time.

Sem os mesmos problemas de pneus, que marcaram a corrida inaugural no Circuito das Américas em 2012, a edição deste ano foi mais morna. Vettel dominou e venceu fácil. Agora, Webber e Grosjean dividiram o pódio com o novo campeão.

O FIM DA FEIRA

A F1 chegou a São Paulo na semana seguinte da etapa em Austin. Cansada e querendo encerrar logo o ano, a categoria viveu um fim de semana bem típico de Interlagos por conta da extrema instabilidade do tempo. A chuva foi protagonista em todas as sessões e só deixou de se fazer presente durante as 71 voltas do GP do Brasil.

A Pirelli havia trazido um lote dos pneus de 2014 para testes durante os treinos de sexta-feira, mas, devido à pista molhada, não foi possível. No sábado, a classificacao também sofreu com a interferência de chuva, que chegou a atrasar o início do Q3.

A largada para o GP do Brasil (Foto: Getty Images)

Sem pouco ligar para isso tudo, Sebastian foi lá e cravou a pole. No domingo, venceu. E fechou o campeonato com incríveis 13 triunfos e nove poles. Melhor impossível.

Mark Webber, em sua última corrida de F1, foi ao pódio em segundo e recebeu todas as homenagens devidas da Red Bull e até andou sem capacete pelo circuito paulistano. Alonso foi terceiro e disse que deixaria Felipe Massa passar se tivesse opção. A chance foi por água abaixo quando o brasileiro, então quarto colocado na prova, foi punido por ter passado em cima da linha branca delimitadora na entrada dos boxes.

Ainda assim, Felipe foi bastante festejado pela Ferrari. Ganhou aplausos e justo reconhecimento. Sai, sem dúvidas, pela porta da frente. A terceira despedida em Interlagos foi a da Cosworth. A marca inglesa deixa o Mundial depois de uma passagem apagada, que começou em 2010.

A empresa não vai fazer parte da nova era de motores V6, que começa a partir de 2014, quando a F1 viverá uma drástica mudança em seus regulamentos técnicos e esportivos. Quem viver verá.

A classe final da F1 em 2013 (Foto: Getty Images)

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