Tetracampeão e grande rival de Senna ao longo da carreira no Mundial de F1, Prost completa 60 anos

O francês Alain Prost completa nesta terça-feira (24) 60 anos de vida. Dono de uma carreira vitoriosíssima na principal categoria do planeta, ele tem quatro títulos mundiais e 51 vitórias em GPs — por 14 anos, isso foi um recorde

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Para muitos brasileiros, um vilão. Para a França, o único campeão de F1 nascido no país. Para a história, um dos maiores pilotos que o mundo já viu. Este é Alain Prost, que, nesta terça-feira (24), completa 60 anos de vida. Ao mesmo tempo em que colocou no currículo números impressionantes, construiu uma das mais ricas e controversas trajetórias do automobilismo.
 
Prost entra facilmente em qualquer lista que reúna os melhores da F1. Conquistou quatro títulos e venceu 51 de 199 GPs disputados pelas equipes McLaren, Renault, Ferrari e Williams. Colecionou troféus, glórias e também polêmicas — principalmente nas disputas que protagonizou com o brasileiro Ayrton Senna a partir de 1988.
 
O francês de baixa estatura e nariz torto despontou como uma das principais promessas da primeira década de 1980. Entretanto, teve de amargar doídas derrotas antes de chegar ao ponto máximo do esporte.
10+: As maiores vitórias de Prost no Mundial de F1
ALAIN PROST

GPs: 199
Vitórias: 51
Pole-positions: 33
Voltas mais rápidas: 41
Pódios: 106
Pontos: 798,50
Voltas na liderança: 2.683 de 10.540


(Foto: Williams/LAT Photographic)
Prost estreou na F1 em 1980 pela McLaren, uma equipe que nunca teve tradição de colocar novatos no carro, mas que decidiu apostar em seu talento. Acontece que o time não vivia grande fase. Internamente, era uma bagunça; o carro era ruim e também inseguro. E, no final, aquele foi um dos piores anos da história da escuderia: nenhum pódio foi conquistado, algo que, depois disso, só voltou a acontecer em 2013.
 
Terminada a temporada, Prost disse ‘au revoir’ e partiu para defender a francesa Renault. Lá, permaneceu por três anos, mas sofreu demais com a confiabilidade. Só conseguiu fazer um campeonato mais consistente em 1983, quando venceu quatro vezes e chegou à decisão na liderança na África do Sul. E o que aconteceu? Sim, o carro o deixou a pé outra vez. O V6 turbo francês quebrou e deixou o caminho livre para o bi de Piquet.
 
Farto daquilo tudo, viu a porta de uma nova McLaren se abrir, já com Ron Dennis como chefe. Estreou com vitória no GP do Brasil, em Jacarepaguá, e travou durante todas as 16 etapas uma batalha de gerações com o veterano bicampeão Niki Lauda. Palmo a palmo, ponto a ponto, eles brigaram até o GP de Portugal para terminarem separados por 0,5. Novamente, Prost estava derrotado.
 
Mas o ano seguinte seria dele. Os dois anos seguintes.
 
Lauda nem passou perto de brigar pelo título em 1985, e Prost teve Michele Alboreto, da Ferrari, como principal rival. A virada aconteceu justamente no GP da Itália, na casa do rival, que abandonou aquela e as quatro provas seguintes com problemas mecânicos. Estava assegurado o primeiro título de um francês na história da F1. O bicampeonato chegou em 1986, desta vez com uma improvável virada. Nigel Mansell tinha sete pontos de vantagem e não só era o favorito como estava à frente de Prost até a 64ª das 82 voltas. Foi quando, em uma explosão espetacular de um pneu, o Leão abandonou a corrida e viu o campeonato escapar por entre os dedos. Piquet foi aos boxes por precaução, ao passo que Prost ainda herdou a liderança após o pneu do companheiro de equipe Keke Rosberg também estourar. Com vitória, festejou o bicampeonato.
 
A sequência de três anos de títulos da McLaren foi impulsionada por um acordo com a Porsche. Mas o ciclo dos propulsores TAG-Porsche chegaria ao fim em 1987 com a ascensão da Honda. E, em 1988, a montadora se mudaria para a McLaren para formar um dos melhores times de todos os tempos.
Alain Prost em 1988 antes do GP do Brasil (Foto: Getty Images)
A rivalidade com Senna
 
Sete vitórias e 11 pontos a mais não bastaram para que Alain Prost conquistasse o tri em 1988. Esse foi o tamanho do equilíbrio da disputa entre Ayrton Senna e ele na McLaren Honda. A regularidade do francês não foi recompensada porque o regulamento contabilizava apenas os 11 melhores resultados de cada piloto. Ou seja, o campeão foi definido pelo número de vitórias, e Senna venceu uma corrida a mais.
 
Mas o que se viu entre 1988 e 1990 foi uma batalha entre dois pilotos no auge.
 
O relacionamento começou bom. Os dois trabalharam juntos desde o início da parceria com a Honda, inclusive nas negociações, e se deram bem durante praticamente todo o primeiro ano juntos. O atrito que houve foi no GP de Portugal, quando Senna tentou uma estranha manobra para defender a liderança e empurrou o adversário contra o muro dos boxes. Mesmo assim Prost ultrapassou e venceu em Estoril. Enfim, foi um campeonato limpo e bem disputado.
 
Tudo mudou radicalmente em Ímola em 1989. Senna desrespeitou um acordo interno que previa que eles não se ultrapassariam nas primeiras curvas do circuito italiano para evitarem acidentes. Prost ficou atrás na primeira largada e não tentou nenhuma manobra. Porém, tomou-lhe a dianteira na segunda largada, que se fez necessária após o acidente de Gerhard Berger na Tamburello. Senna não quis saber de esperar e imediatamente deu o troco, deixando o gaulês furioso. Dali até o fim de 1993, eles se tornaram inimigos mortais.
 
Prost conquistou o campeonato de 1989 com a colisão mais controversa de todos os tempos, na chicane de Suzuka. Ele venceu só quatro vezes, contra sete de Senna, mas contou com vários abandonos do brasileiro e, claro, a polêmica desclassificação no GP do Japão. Foi algo tão esquisito que terminou com uma equipe apelando contra o título do próprio piloto. Protegido pela FISA de Jean-Marie Balestre, ele assegurou a taça e se mandou para a Ferrari levando consigo o número 1.
 
Mas essa transição foi ainda mais complicada. Após anunciar que deixaria a equipe inglesa, Prost venceu o GP da Itália diante dos tifosi e, no pódio, jogou o troféu para a massa que invadira a pista. Ele garante que foi um ato impensado, porém Ron Dennis nunca engoliu essa história. Os troféus sempre tiveram imenso valor para ele, que considera que são de propriedade da equipe e não dos pilotos.
 
Em Maranello, Prost permaneceu por dois anos. No primeiro, esteve perto de encerrar o jejum de 11 anos sem títulos. Perdeu no mesmo GP do Japão, na vingança de Senna, que o acertou na primeira curva em Suzuka e encerrou o campeonato. Em 1991, contudo, não teve paciência com o péssimo carro da Ferrari e fez duras críticas ao time durante todo o ano. Resultado: acabou demitido antes mesmo de o campeonato acabar.
 

Sem ter onde correr em 1992, tirou um ano sabático e retornou em 1993 para se consagrar. Com a fortíssima Williams Renault, faturou sete vitórias, incluindo um triunfo na estreia em Kyalami, e comemorou o tetracampeonato de forma antecipada. Pouco depois disso, anunciou a aposentadoria e abriu lugar para Senna defender o time em 1994. Sua última corrida na F1 foi marcante pelo o que aconteceu no pódio: ele e o brasileiro saudaram um ao outro em Adelaide, naquela que foi a última vitória de Ayrton.
Alain Prost acompanha dos boxes a corrida da F-E na China (Foto: Reuters)

De lá para cá

 
Fora da F1 como piloto, Alain retornou à categoria como chefe da equipe que correu com seu nome entre 1997 e 2001. O primeiro ano até que foi relativamente bom para uma escuderia debutante, com o sexto lugar no Mundial de Construtores. Mas os resultados só pioraram depois disso e a falência foi decretada antes do campeonato de 2002. Os melhores resultados foram os segundos lugares de Olivier Panis no GP da Espanha de 1997 e de Jarno Trulli em Nürburgring em 1999.
 
Atualmente, Prost está envolvido como chefe de equipe em outra empreitada: na F-E. Ele comanda a e.Dams, time que conta com seu filho, Nicolas, e com o suíço Sébastien Buemi no plantel.
 

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