Opinião GP: Vettel iguala marca de Senna e Hamilton se aproxima. Ambos estão no mesmo nível de Ayrton na F1
O GP da Hungria foi, de certa forma, histórico para a F1. Contrariando as expectativas, foi Sebastian Vettel, e não Lewis Hamilton, o cara que chegou antes à mística marca de 41 vitórias na carreira. Mas ambos, consagrados por seus títulos e glórias no esporte, podem se equiparar ao nível do brasileiro? Ao menos no que tange aos números, a resposta é sim
O NOVO PROJETO DO GRANDE PRÊMIO
Flavio Gomes explica os detalhes do projetoColabore com o projeto e ganhe uma camiseta da Red Bull
A expectativa era que, devido à sequência acachapante de vitórias em 2015, que a marca seria quebrada por Lewis Hamilton. Com 38 triunfos em sua igualmente laureada carreira na F1, o britânico despontou como franco favorito ao topo do pódio na Hungria depois de ter dominado o fim de semana, mas um ‘apagão’ a partir da largada abriu espaço para que Vettel alcançasse a mística marca de 41 vitórias na F1.
Relacionadas
Claro que Hamilton deve voltar à doce rotina de vitórias na segunda metade da temporada. O bicampeão do mundo tem tudo para não somente igualar Ayrton Senna, mas superá-lo nas próximas nove corridas que faltam. Independente do quanto leve para que Lewis chegue às 41 conquistas e as supere, é inegável que tanto o britânico quanto Vettel estão ao mesmo nível do brasileiro. Os números dizem isso.
Obviamente, as estatísticas são frias, alguém vai dizer. De fato, é verdade. Senna teve grandes rivais à sua altura no tempo em que brilhou ‘nas manhãs de domingo’. Seu adversário mais forte foi Alain Prost (apenas o ‘Professor’, com 51, e Michael Schumacher, com 91, estão acima de Senna quanto ao número de vitórias, ao menos por enquanto), mas dá para citar entre os grandes nomes Nigel Mansell, Nelson Piquet e o próprio Schumacher, quando ambos estavam em momentos opostos nas respectivas carreiras.
Vettel e Hamilton são contemporâneos de uma F1 que, a exemplo do que aconteceu na época de Senna, é reinada pelas dinastias. Ayrton brilhou nos tempos em que a McLaren Honda — que hoje tenta se reerguer e voltar ao topo do esporte — mandou na categoria, sobretudo entre 1988 e 1991. A Red Bull teve sua era de ouro no começo desta década, entre 2010 e 2013, enquanto é a Mercedes hoje quem colore a F1 com seu prateado vencedor.
Fernando Alonso surge como grande adversário para Seb e também para Hamilton. Mais velho que ambos, o asturiano despontou como grande nome da geração pós-Schumacher na F1, mas suas escolhas, muitas vezes equivocadas, fizeram-no estacionar com dois títulos mundiais. Um pecado para quem sempre mostrou ter potencial para ser um dos melhores da história. Assim, Vettel e Lewis vão ocupando o espaço que Fernando também deveria figurar. Mas outros nomes de destaque são relevantes neste período, como Kimi Räikkönen, principalmente, mas dá pra citar também Nico Rosberg e Jenson Button como nomes relevantes neste período de brilho da dupla anglo-germânica na F1.
Partindo para a análise nua, crua e fria dos números, Ayrton Senna conquistou três títulos mundiais, 41 vitórias, 65 poles e 80 pódios em 161 GPs disputados. Ao menos nos números, Vettel já é superior ao brasileiro: o tetracampeão chegou às mesmas 41 vitórias em 149 GPs, faturando também 45 poles e 73 pódios. Hamilton também tem estatísticas bem relevantes com 38 vitórias, 47 poles e 79 pódios em 158 GPs na carreira.
Portanto, os números indicam que Vettel é o melhor dos três. Mas seria pretensão demais bater o pé e afirmar que um piloto é melhor que o outro. Não é o caso. Mas o que dá para afirmar, e não apenas baseado nos números, mas principalmente pela forma com que cada um dos citados se porta na pista em comparação com outros pilotos de suas respectivas épocas é que sim, o tridente Senna-Vettel-Hamilton partilha do mesmo nível de excelência.
É certo que a igualdade numérica, como a conquistada por Vettel no domingo na Hungria, traz à baila a discussão sobre quem é melhor, e os aspectos do esporte ao longo da sua história e/ou mesmo a nacionalidade, a paixão e o ‘clubismo’ fazem com que a opinião de cada um siga para um ou outro lado.
Mais uma vez, não se trata de colocar em questão sobre quem é melhor. Até porque é uma discussão que jamais terá fim, uma vez que as variáveis de cada época são muito distintas entre si: não apenas sobre a questão do domínio das equipes, mas também do regulamento, da característica de pilotagem dos carros, dos desafios impostos pelos circuitos e aspectos técnicos que diferenciam a F1 ao longo dos tempos. Mas não dá para negar que, assim como Ayrton Senna, seguramente Vettel e Hamilton já têm seus lugares na história como dois dos melhores da F1 em todos os tempos.
O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
Siga o GRANDE PRÊMIO | Curta o GRANDE PRÊMIO |