Opinião GP: Vettel iguala marca de Senna e Hamilton se aproxima. Ambos estão no mesmo nível de Ayrton na F1

O GP da Hungria foi, de certa forma, histórico para a F1. Contrariando as expectativas, foi Sebastian Vettel, e não Lewis Hamilton, o cara que chegou antes à mística marca de 41 vitórias na carreira. Mas ambos, consagrados por seus títulos e glórias no esporte, podem se equiparar ao nível do brasileiro? Ao menos no que tange aos números, a resposta é sim

Ayrton Senna sempre foi e sempre será lembrado como um dos melhores pilotos da F1 em todos os tempos. E o brasileiro tricampeão mundial voltou a ter seu nome citado em verso e prosa no último fim de semana, no domingo do GP da Hungria de F1. Sebastian Vettel, graças à surpreendente conquista em Hungaroring, tornou-se o segundo piloto a alcançar Senna em número de vitórias, chegando a 41 triunfos na carreira. Uma marca das mais significativas para a gloriosa carreira do tetracampeão mundial. O primeiro a fazê-lo foi Michael Schumacher, no GP da Itália de 2000. À época, o piloto, então bicampeão mundial, chorou copiosamente na entrevista coletiva promovida pela FIA por ter igualado seu ídolo no esporte. Desde então, levou quase 15 anos para que outro piloto alcançasse tal feito.
A marca histórica de 41 vitórias de Senna foi alcançada por Vettel no domingo (Foto: F1/Twitter)
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A expectativa era que, devido à sequência acachapante de vitórias em 2015, que a marca seria quebrada por Lewis Hamilton. Com 38 triunfos em sua igualmente laureada carreira na F1, o britânico despontou como franco favorito ao topo do pódio na Hungria depois de ter dominado o fim de semana, mas um ‘apagão’ a partir da largada abriu espaço para que Vettel alcançasse a mística marca de 41 vitórias na F1.

Claro que Hamilton deve voltar à doce rotina de vitórias na segunda metade da temporada. O bicampeão do mundo tem tudo para não somente igualar Ayrton Senna, mas superá-lo nas próximas nove corridas que faltam. Independente do quanto leve para que Lewis chegue às 41 conquistas e as supere, é inegável que tanto o britânico quanto Vettel estão ao mesmo nível do brasileiro. Os números dizem isso.

Obviamente, as estatísticas são frias, alguém vai dizer. De fato, é verdade. Senna teve grandes rivais à sua altura no tempo em que brilhou ‘nas manhãs de domingo’. Seu adversário mais forte foi Alain Prost (apenas o ‘Professor’, com 51, e Michael Schumacher, com 91, estão acima de Senna quanto ao número de vitórias, ao menos por enquanto), mas dá para citar entre os grandes nomes Nigel Mansell, Nelson Piquet e o próprio Schumacher, quando ambos estavam em momentos opostos nas respectivas carreiras.

Lewis Hamilton será o próximo a igualar a marca de 41 vitórias de Senna. Ele também é um dos maiores da F1 (Foto: AP)

Vettel e Hamilton são contemporâneos de uma F1 que, a exemplo do que aconteceu na época de Senna, é reinada pelas dinastias. Ayrton brilhou nos tempos em que a McLaren Honda — que hoje tenta se reerguer e voltar ao topo do esporte — mandou na categoria, sobretudo entre 1988 e 1991. A Red Bull teve sua era de ouro no começo desta década, entre 2010 e 2013, enquanto é a Mercedes hoje quem colore a F1 com seu prateado vencedor.

Fernando Alonso surge como grande adversário para Seb e também para Hamilton. Mais velho que ambos, o asturiano despontou como grande nome da geração pós-Schumacher na F1, mas suas escolhas, muitas vezes equivocadas, fizeram-no estacionar com dois títulos mundiais. Um pecado para quem sempre mostrou ter potencial para ser um dos melhores da história. Assim, Vettel e Lewis vão ocupando o espaço que Fernando também deveria figurar. Mas outros nomes de destaque são relevantes neste período, como Kimi Räikkönen, principalmente, mas dá pra citar também Nico Rosberg e Jenson Button como nomes relevantes neste período de brilho da dupla anglo-germânica na F1.

Partindo para a análise nua, crua e fria dos números, Ayrton Senna conquistou três títulos mundiais, 41 vitórias, 65 poles e 80 pódios em 161 GPs disputados. Ao menos nos números, Vettel já é superior ao brasileiro: o tetracampeão chegou às mesmas 41 vitórias em 149 GPs, faturando também 45 poles e 73 pódios. Hamilton também tem estatísticas bem relevantes com 38 vitórias, 47 poles e 79 pódios em 158 GPs na carreira.

Senna teve inúmeros rivais à sua altura no tempo em que brilhou na F1 (Foto: Getty Images)

Portanto, os números indicam que Vettel é o melhor dos três. Mas seria pretensão demais bater o pé e afirmar que um piloto é melhor que o outro. Não é o caso. Mas o que dá para afirmar, e não apenas baseado nos números, mas principalmente pela forma com que cada um dos citados se porta na pista em comparação com outros pilotos de suas respectivas épocas é que sim, o tridente Senna-Vettel-Hamilton partilha do mesmo nível de excelência.

É certo que a igualdade numérica, como a conquistada por Vettel no domingo na Hungria, traz à baila a discussão sobre quem é melhor, e os aspectos do esporte ao longo da sua história e/ou mesmo a nacionalidade, a paixão e o ‘clubismo’ fazem com que a opinião de cada um siga para um ou outro lado.

Mais uma vez, não se trata de colocar em questão sobre quem é melhor. Até porque é uma discussão que jamais terá fim, uma vez que as variáveis de cada época são muito distintas entre si: não apenas sobre a questão do domínio das equipes, mas também do regulamento, da característica de pilotagem dos carros, dos desafios impostos pelos circuitos e aspectos técnicos que diferenciam a F1 ao longo dos tempos. Mas não dá para negar que, assim como Ayrton Senna, seguramente Vettel e Hamilton já têm seus lugares na história como dois dos melhores da F1 em todos os tempos.
 

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