Opinião GP: Lotus fez vida de Räikkönen fácil na Austrália porque foi quem melhor entendeu pneus

Kimi Räikkönen e a Lotus foram responsáveis pelo grande ‘nó tático’ do fim de semana deste início de temporada que se desenha como imprevisível. “Tem bastante coisa para acontecer neste campeonato. Não há favoritismo claro de ninguém”

Kimi Räikkönen e a Lotus entenderam perfeitamente os pneus”. Assim, Paul Hembery, diretor esportivo da Pirelli, definiu o fator-chave da surpreendente vitória do finlandês na primeira corrida da temporada 2013 do Mundial de F1, o GP da Austrália, no último domingo (17). Sim, surpreendente, já que Kimi não figurava na lista dos favoritos — lista, aliás, que só tinha o nome de Sebastian Vettel. Entretanto, o Lotus E21 de Kimi tornou sua vida tranquila e fez do triunfo em Melbourne “uma das corridas mais fáceis” que já ganhou porque foi o carro melhor sucedido no trato com os compostos, tanto os supermacios quanto os médios.

 

Kimi e a Lotus foram responsáveis pelo grande ‘nó tático’ do fim de semana. Depois de ter largado com pneus supermacios, com os outros nove pilotos do grid, o campeão mundial de 2007, que partiu da sétima posição, pegou todo mundo de surpresa ao esticar sua permanência na pista após o primeiro pit-stop com os pneus médios.

Enquanto Fernando Alonso cumpriu apenas 11 voltas com os compostos ‘brancos’ e Vettel, 15, Kimi andou nada menos que 25 voltas antes de fazer sua derradeira parada. Não só a parada a menos influenciou no triunfo de Räikkönen, mas principalmente porque o belo carro aurinegro manteve um ritmo de corrida bastante aceitável ao longo de toda a prova, pegando as rivais Red Bull, Ferrari e Mercedes de calças curtas.

A estratégia de pneus usada por cada piloto no GP da Austrália

Falando em Vettel e da Red Bull, o conjunto tricampeão do mundo decepcionou. Pintando desde sexta-feira como o grande candidato à vitória em Albert Park, Sebastian não conseguiu traduzir seu domínio nos treinos em uma prova eficiente. E aí os pneus voltam à baila, já que determinaram o pífio rendimento do RB9 em ritmo de corrida. Vettel se arrastou para chegar em terceiro. Terceiro, porque, além de ter sido superado por Räikkönen foi batido por um feroz Alonso, que abriu 2013 com ‘sangue nos olhos’ e com muita determinação para, enfim, dar um título à Ferrari e ser tricampeão do mundo.

O estrategista Räikkönen foi o grande nome do GP da Austrália (Foto: Getty Images)

Depois de quase quatro meses, o Opinião GP volta nesta segunda-feira (18) com a avaliação do empolgante GP da Austrália na visão dos jornalistas do Grande Prêmio. “Gostei da prova. A dúvida sobre a quantidade de pit-stops será permanente ao longo do ano. O desenvolvimento dos carros terá de ser feito no sentido de gastar menos borracha. Equilíbrio é a palavra-chave”, definiu Flavio Gomes, diretor do GP e da Agência Warm Up. “Tem bastante coisa para acontecer neste campeonato. Não há favoritismo claro de ninguém”, analisou.

De fato, o começo da temporada acabou sendo equilibrado muito por conta do rendimento dos novos pneus desenvolvidos pela Pirelli. A situação lembra muito o que aconteceu no começo do ano passado. É muito difícil que haja novamente sete vencedores distintos nas sete primeiras corridas de 2013, como aconteceu na temporada anterior, mas acaba sendo um alento para o fã da F1, que começou um tanto desanimado ao ver Vettel novamente dominando tudo desde o início. Os pneus, sempre eles, vieram com tudo para embaralhar esse jogo de forças, pelo menos neste princípio de temporada.
 

Aí, mesmo sem ter o carro mais rápido do grid, mas sim o que melhor entendeu os pneus, Kimi nadou de braçada. “A Lotus fez a vida de Räikkönen fácil porque foi aquela que melhor entendeu os pneus Pirelli, e é assim que as equipes vão tirar vantagem nestas primeiras provas do ano”, opinou Victor Martins, editor-executivo do Grande Prêmio e da Revista Warm Up.

“Se não é o carro mais rápido em volta de classificação, naquela condição, em temperatura baixa, Kimi se mostrou soberano — um termo que até então estava atrelado à Red Bull, que não se achou na corrida. Aliás, se o problema realmente foi pneu, a resposta vai vir nos próximos dias, onde as temperaturas vão passar dos 30ºC facilmente. Porque o desempenho de Vettel deixou muito a desejar”, acrescentou o jornalista.

Será que Alonso vai destronar Vettel para reassumir a coroa da F1? (Foto: Ferrari)

Alonso acabou terminando em segundo, sendo outro piloto a se beneficiar da estratégia em Melbourne. Estratégia que acabou proporcionando ao espanhol a chance de ultrapassar Felipe Massa após a segunda janela de pit-stops. Martins comentou a tática definida pela Ferrari em Albert Park. “É impossível não desconfiar que a Ferrari tenha beneficiado Alonso, mas se Massa tem uma equipe dele concentrada na estratégia e tem a liberdade de arriscar, falhou.”

“E é importante lembrar que a Ferrari pôs Felipe para trocar os pneus antes que o companheiro na primeira volta, o que demonstra que não havia ali inclinação alguma. E Vettel estava mais lento desde o começo da corrida e era necessário o bote para voltar à frente. Foi o que o engenheiro do espanhol fez. De notório, só este Massa cuja chavinha voltou a funcionar”, analisou.

Massa ficou bem perto de beliscar um pódio já na primeira corrida do ano. Independente de sua tática não ter sido bem-sucedida na Austrália, sua atitude combativa do início ao fim da corrida — inclusive lutando por posição com Alonso e se impondo na pista — mostra que a confiança está cada vez maior. Isso se traduz em desempenho e resultados. Em comparação ao ano passado, Felipe é mesmo outro piloto. Sua atitude lhe dá a perspectiva de um 2013 muito melhor.

“O saldo do GP da Austrália é muito positivo para o brasileiro”, escreveu Ivan Capelli, blogueiro e colaborador do Grande Prêmio e da Revista Warm Up. “Fez uma excepcional largada, saltando de quarto para segundo, segurou o forte assédio de Alonso com personalidade, atacou o então líder Sebastian Vettel e só perdeu posições no pit stop, quando o engenheiro de seu companheiro de equipe deu o pulo do gato antecipando seu segundo pit-stop.”

“Levando em consideração que Massa normalmente não vai bem em Albert Park, seu desempenho na corrida foi um indicativo que vem aí uma bela temporada. Junto a Kimi, Adrian Sutil e Alonso, foi um dos melhores da prova”, opinou.

Massa homenageou o lendário 'Barão' Wilson Fittipaldi neste fim de semana (Foto: Ferrari)

Realmente, Sutil foi uma das boas surpresas deste início de temporada, chegando a liderar a corrida por 11 voltas e pintar, em um certo momento, como postulante à vitória na Austrália, algo que seria um feito incrível. “Andou bem durante praticamente toda a corrida e só perdeu terreno no fim da prova porque o bom carro da Force India não teve bom rendimento com os supermacios”, disse Fernando Silva, editor do Grande Prêmio e da Revista Warm Up, indo além. “A performance de Adrian em Melbourne mostra que a Force India acertou em cheio ao promover seu retorno à F1. Sutil é bem melhor que Paul di Resta e tem muita lenha para queimar.”

Martins também opinou sobre um dos grandes nomes do GP da Austrália. “O destaque foi Sutil e sua Force India, que por instantes fizeram pensar que era possível abrir um ano com a maior zebra dos últimos tempos. Mas ainda falta algo mais ao carro dálit, sem contar o trato com os pneus supermacios, que são horríveis.”

A Mercedes realmente indicou que está mais forte neste ano. Entretanto, assim como em 2012, a Flecha de Prata indica ser melhor em ritmo de classificação. Na corrida do último domingo, Hamilton chegou a liderar por algumas voltas, mas não chegou a ser um postulante à vitória. Nico Rosberg não conseguiu completar a prova porque seu carro deu zebra de novo, assim como já havia ocorrido na sexta-feira. O W04 tem potencial, mas sua falta de confiabilidade é algo preocupante neste princípio de Mundial.

E a McLaren? Essa mudou do vinho para água, definitivamente. Deixou de ter o melhor carro da F1 e passou a brigar pelo nono lugar, posição conquistada por Jenson Button ontem. A coisa anda tão feia pelos lados de Woking que estão considerando seriamente a possibilidade de trazer de volta ao grid o ótimo MP4-27, que começou e terminou vencendo na temporada 2012. Mas é fato que a McLaren perdeu demais com a saída de Lewis Hamilton e Sergio Pérez não parece mesmo ser um substituto à altura e, ainda por cima, agora tem um carro ruim.

A Force India acertou em cheio ao promover o retorno de Sutil à F1 (Foto: Force India)

“A McLaren é uma Marussia prata, e a Marussia original tem um piloto, Jules Bianchi, capaz de brigar com essa Williams horrenda e deixar a Caterham pífia longe. A Toro Rosso tem um carrinho bem feito para o ritmo de corrida. A Sauber, com Esteban Gutiérrez, não vai, e é preciso ver o que Nico Hülkenberg vai tirar desse carro. Que não parece tudo que se achava dele”, comentou Martins. “Acrescento também a Williams, que foi pífia e, como bem disse Pastor Maldonado, ainda de luto, parece que a equipe regrediu e voltou ao nível de 2011, seu pior ano”, afirmou Silva.

A próxima parada da F1 é logo no próximo fim de semana, em Sepang, na tórrida Malásia. Lá pelos lados de Kuala Lumpur, o clima novamente pode ser o grande protagonista, já que chove demais por lá, praticamente todo dia. E o calor, sempre acima dos 34ºC, deve influenciar novamente na performance dos novos pneus. Enfim, tudo pode acontecer nesta F1 que inicia 2013 de maneira surpreendente e mais equilibrada possível.

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