Opinião GP: FIA estraga F1 com total falta de critério e, sem desclassificação, encaminha tri de Hamilton

Não tem explicação alguma a FIA não ter desclassificado Lewis Hamilton por um motivo que fez excluir, por exemplo, dois pilotos da GP2 do grid de largada no mesmo fim de semana em Monza. A Federação Internacional de Automobilismo é useira e vezeira de investigar e punir erroneamente, estragando o campeonato. E com a manutenção da vitória na Itália, Lewis Hamilton vai a passos largos para o título

O MOMENTO QUE MAIS EMOÇÃO DEU no domingo não se deu propriamente na pista. Foi a mensagem via rádio da Mercedes a Lewis Hamilton pedindo que ele acelerasse no fim da corrida em ritmo de classificação que agitou o GP da Itália. Seu desfecho — a não punição por um pneu estar abaixo da pressão limite permitida — é só mais uma comprovação de como a FIA não tem critério algum para analisar os casos que investiga e prejudica completamente o espetáculo. 
 
A Mercedes foi informada que a FIA havia verificado de um dos pneus do carro de Hamilton, o esquerdo traseiro, tinha uma calibragem de pneu abaixo da permitida pelas indicações atualizadas pela Pirelli e pela entidade. Cônscia do erro, a equipe imaginava que, se houvesse, a punição poderia ser de 25s, então a meta era abrir tal distância a Sebastian Vettel. Conseguiu raspando, por 0s042. O mesmo problema foi averiguado no carro de Rosberg, que pouco importava até então por seu abandono a duas voltas do fim pelo estouro do motor.
 
Enquanto a Mercedes dava suas explicações aos comissários, levando a tiracolo seus pilotos, todos os engenheiros das demais equipes apontaram que se tratava de um caso não de apenas acréscimo de tempo de corrida, mas de exclusão da prova. A Pirelli e a FIA, segundo eles, haviam sido enfáticos em relação ao caso da baixa pressão dos pneus em todas as reuniões do fim de semana. Questionado, Paul Hembery, diretor da fabricante italiana, cutucou para então confirmar que, sim, havia ocorrido um ganho de performance. E aí não importa o quanto.
 
Assim, não deixa de ser surpreendente que Hamilton tenha saído sem qualquer pena, mantendo sua vitória no GP da Itália.
Hamilton e Vettel no pódio de Monza (Foto: AP)
Por quê? Nem precisa ir tão longe: classificação da primeira prova da GP2 na sexta-feira. Mitch Evans e Sergio Canamasas foram excluídos de suas posições no grid, respectivamente segundo e nono, porque seus pneus estavam com a pressão mais baixa do que o estabelecido. As determinações da entidade e da Pirelli se deram a todas as categorias. E isso basta para a única e grande questão: por que outro peso para a mesma medida?
 
Não fez diferença alguma para Hamilton no passeio dominical em Monza? Provavelmente não. 25s em 53s voltas são quase meio segundo por volta. Não é o pneu mais frio ou com menor pressão que fez dele o vencedor — e, na verdade, o pneu averiguado foi o do primeiro stint, o que o livra teoricamente de qualquer irregularidade no segundo trecho de corrida. Mudar de vencedor assim, depois da corrida, sem que Vettel tivesse sequer liderado uma voltinha, é ruim e chato? Muito. Hamilton é merecedor da glória. Mas regra é regra, ainda mais quando houve um precedente similar que resultou numa desclassificação.
 
Tem mais: o comunicado que os comissários soltaram acaba sendo um puxão de orelha à Pirelli porque indica “protocolos mais claros da medição” da pressão. É realmente necessário um protocolo mais claro para medir a calibragem do pneu? A F1 está tão cretina assim que tem de estabelecer em tópicos como foi calibrada uma borracha redonda? E além: do que adianta reunir Pirelli, pilotos e equipes, determinar uma normativa e depois não segui-la? Também desmerece todo o trabalho e todas as recomendações feitas pela Pirelli. É uma perda de tempo e um desgaste que se cria com a fabricante. Se ela saiu por baixo desde os episódios dos estouros dos pneus em Spa, fica ainda mais para baixo do tapete, mas agora sem razão. Como e por que seguir uma sugestão da Pirelli se ela simplesmente pode não ser obedecida?
Williams comete erro histórico: colocou pneus diferentes no carro de Bottas (Foto: Reprodução TV)
Na Bélgica, teve o caso de Valtteri Bottas andando com três pneus de uma cor/especificação e um com outra. Que é um caso clássico também para desclassificação — e só deram um drive-through. Corrida a corrida, sempre há uma interferência ou decisão que mina o esporte. Qualquer toque é passível do crivo dos comissários e de decisões discutíveis. A FIA é uma grande CBA, no fim das contas. É uma várzea de rodas com caráter mundial.
 
Sem culpa no episódio, Hamilton merece os parabéns. Foi em Monza que garantiu de vez o título de 2015. Nunca que este Nico Rosberg, sem ação e moribundo, que com pneu mais frio no começo da prova só ameaçou uma vez Bottas, vai reverter uma situação de 53 pontos num Mundial em que Lewis sobra.
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.